22 de novembro de 2024

A amazônia está queimando e secando – II

A calamidade climática se abate sobre a colossal Bacia Hidrográfica Amazônica, todos os Municípios do estado do Amazonas já decretaram estado de calamidade. O grande Rio Madeira nesta segunda-feira (16/9) atingiu seu nível mais baixo, de acordo com informações do jornalista Marcus Vinicius Danin de Porto Velho. Aqui em Manaus o Rio Negro, que banha a capital, atinge seu nível mínimo até esta data, 15,99cm e, a Prefeitura de Manaus já anunciou que a praia do Balneário da Ponta Negra será interditada para banho, a partir de amanhã (17/9), assim como as comunidades de ribeirinhos e pescadores nas proximidades da capital, na margem esquerda do Rio Negro e do rio Amazonas, já sofrem os impactos da severa estiagem, sem possibilidades de escoar a produção de agricultura familiar que abastecem a cidade de Manaus e de pescados de pesca artesanal.  No mercado da cidade de Manaus já se constata o aumento de preços em diversas mercadorias e produtos nas feiras e mercados, principalmente no Mercadão central da “Manaus Moderna” e Feira da Banana.

Conforme os cientistas e especialistas em climatologia o mundo passa por um período de piroceno e também acusam o desmatamento como a principal causa dos incêndios nos biomas no Brasil, assim como, a ocorrência do fenômeno natural El Niño contribui para a redução nas chuvas, como há muitas outras causas para períodos naturais de secas e cheias no bioma da floresta amazônica. Ocorre que nesse ecossistema as árvores são essências para a ocorrência das chuvas e com menos árvores, a umidade cai drasticamente, afetando esse ciclo e aumentando os riscos de seca e estiagem.

Também, àqueles concordam que a ocorrência de queimadas por diversas formas, o fogo se espraia em grandes proporções nos diversos biomas, como atualmente está acontecendo, com intensa liberação de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), que afeta regime de chuvas nessa área e contribuem para seca e estiagem.

Todos esses problemas climatológicos agravam o ciclo da seca e aumenta a estiagem, pois com a diminuição das chuvas, os rios da bacia amazônica dificilmente se recuperam aos seus níveis anteriores, o que contribuem para diminuir a umidade do ar e com isso diminuindo a formação das chuvas. Isto é um ciclo. Os habitantes da Amazônia conhecem e sabem, entendendo desse complexo ciclo, notadamente os povos primitivos e seus conhecimentos tradicionais.

Como o Brasil perdeu o protagonismo nas questões ambientais e climáticas no mundo, com o país queimando em todas as regiões e a Amazônia secando e queimando, assim como o Pantanal, coloca o país em situação de pressão frente ao restante do mundo nessas questões sem que o governo federal esboce nenhum plano estratégico para combater e controlar esses fenômenos climáticos-ambientais. Colocando em risco a realização em Belém, do Pará, a COP-30 em 2025.

São fenômenos climáticos ambientais que se sobrepõem ano após ano, desmatamento e queimadas por ações humanas, seca e vazante dos rios por estações climáticas, principalmente na Bacia Hidrográfica da Amazônia, em conjunto com estiagem e baixa umidade do ar, provocados por fenômeno climático El Niño e com a aproximação da chegada do La Niña, as consequências deverão serem agravadas.

Os impactos dessas ocorrências nas populações são desgraçantes, como acontece na Amazônia e no estado do Amazonas, escassez de água potável, alimentos, preços elevados em todos os produtos e mercadorias, dificuldades para pegar peixes para alimentação, principalmente para alimentação básica familiar, graves dificuldades de escoamento das parcas produções da agricultura familiar, sem falar das imensas dificuldades de transportes até para chegar às cidades próximas.

Vale informar que o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) realizou em parceria como governo do Amazonas, evento sobre Planejamento de Comunicação frente às emergências da estiagem, com participação de diversa Instituições públicas, da sociedade civil e organizações sociais não governamentais no mês de agosto passado, com financiamento da União Europeia, através do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO, na sigla em inglês), teve como objetivo fortalecer a rede de comunicação em resposta às emergências climáticas no Amazonas, que tem enfrentado diversos desafios relacionados à estiagem e seus impactos nas populações atingidas.

No evento foram discutidas diversas questões sobre a estiagem, seca, desmatamento e queimadas e seus impactos na saúde das comunidades, e as vulnerabilidades específicas das populações indígenas e ribeirinhas, notadamente em crianças e adolescentes. Com foco no desenvolvimento de mensagens-chave e estratégias de comunicação e que possam ser adaptadas ao contexto regional local.

E, de acordo com o UNICEF em Manaus em parcerias público e privadas em cenários de emergências: “O UNICEF tem trabalhado incansavelmente para apoiar a implementação de medidas preventivas e de resposta às mudanças climáticas, com um foco especial nas crianças e adolescentes, comunidades ribeirinhas e indígenas. Este evento é mais uma etapa desse esforço contínuo para mitigar os impactos da seca e estiagem, na saúde, nutrição e acesso à água potável, além de proteger os mais vulneráveis contra a violência e garantir o acesso à educação”.

Também, nos foi informado que a utilização de canais adequados de comunicação e a importância da educação e sensibilização comunitária foram temas centrais, com exemplos práticos de campanhas de sucesso para líderes comunitários, tendo como meta o de desenvolver planos de ação que sejam realistas e que possam ser implementados rapidamente em situações dessa crise climática no Amazonas.

Com a proximidade do escrutínio para cargos eletivos no Município de Manaus, ainda não se constatou nos discursos dos diversos candidatos, nada que trate sobre os atuais fenômenos climáticos (seca, estiagem, principalmente) e seus impactos nas populações atingidas, como em Manaus e regiões de arrabaldes da capital e suas comunidades.

Nesse contexto, independente de cor partidária ideológica, no qual os efeitos das mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes, a escolha consciente dos candidatos nas eleições de 6 de 0utubro/2024 é uma responsabilidade crucial para o futuro do meio ambiente e para as próximas gerações.

O eleitor de Manaus, onde se tem todos os igarapés poluídos que cortam a cidade, torna-se imperioso que seja uma escolha consciente, madura e responsável.

São urgentes as ações concretas voltadas para a mitigação das atuais catástrofes ambientais, tão premente, que suas escolhas políticas, eleitor, desempenham papel importantíssimo na direção que serão tomadas pelos eleitos e seus representantes para o próximo mandato.

Manaus precisa de lideranças comprometidas com as questões ambientais-climáticas, uma crise que agrava desigualdades (sociais e econômicas) estruturais e históricas. Acordem eleitores! Chega de tudo isso que vem ocorrendo no Amazonas, vocês sabem disso!

 (*) Economista (UFAM), Engenheiro (UFAM), Administrador (UFAM), Mestre em Economia (FGV), Doutor em Economia (UNINI-Mx), Pesquisador Sênior (CEA) Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

Nilson Pimentel

Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

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