Se você é usuário de transporte coletivo ou conhece alguém que costuma utilizar o serviço público diariamente, em algum momento você soube de algum caso de roubo dentro desses veículos. Eles ocorrem em qualquer turno, independente se o ônibus está lotado, ou se faz pouco tempo que ele foi assaltado.
Os criminosos responsáveis pelos roubos se infiltram no meio da população e escolhem o melhor momento para anunciar a ação. Muitas vezes, o trabalhador está voltando para casa, cansado após um dia de trabalho, e ainda assim, precisa passar por esse tipo de situação, pois não há segurança dentro dos coletivos.
De acordo com o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas), aproximadamente 30 mil passageiros utilizam o transporte coletivo na capital amazonense todos os dias. Dentro desse quantitativo, a população se arrisca diariamente, sem saber se irá voltar vivo ou com os seus pertences para casa, pois em alguns casos, mesmo a pessoa entregando seus objetos pessoais aos criminosos, essa vítima ainda passa por episódio de violência.
A SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas) revelou que de 2021 a 2022, foram registrados 85 casos de latrocínio, o roubo seguido de morte dentro do transporte público. Os assaltantes intimidam, roubam e debocham das vítimas, que revoltadas, tentam proteger seus bens; mas, essa ação irrita os criminosos, e neste conflito, quem perde é a população.
É perceptível o aumento da violência usada nos assaltos aos coletivos de Manaus. Em abril deste ano, por exemplo, um jovem de 20 anos foi baleado no tórax durante um assalto na linha 640. Mesmo sem reagir, um dos três assaltantes acabou atirando na vítima antes de fugir do veículo.
Outro caso bem parecido, mas que teve um fim trágico foi o latrocínio do jovem indígena Melquisedeque Santos, que também tinha 20 anos, quando faleceu dentro da linha 444 no ano de 2021. Jovem aprendiz de uma empresa de eletrodomésticos, o indígena teve a vida interrompida após um assaltante atirar contra sua cabeça mesmo ele entregando seus pertences aos criminosos que faziam um arrastão dentro do coletivo.
Muitos casos poderiam ser citados neste espaço, pois os assaltos são recorrentes em Manaus, não é um caso isolado. A ousadia, a violência e a organização desses grupos criminosos nos fazem refletir o que poderá ser feito para coibir e diminuir a frequência desses assaltos.
A Semseg (Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social) informou que atualmente guardas municipais fazem rondas em alguns terminais de integração, já que esses espaços concentram grande parte da população usuária do transporte coletivo; os que não possuem presença constante recebem visitas diárias.
Outra medida que a Prefeitura de Manaus aplicou na cidade foi a instalação de câmeras de segurança nos ônibus para reduzir o número de assaltos. Até o momento, 66% da frota possuem câmeras de monitoramento. Apesar de não acabar com todas as ações de criminalidade, ela inibe, pois o rosto da pessoa ficará gravado no sistema, ajudando na identificação e localização do assaltante em tempo real.
As medidas atuais se mostram ineficientes diante da quantidade de crimes que ainda ocorrem na cidade e da forte violência que está sendo utilizada durante esses roubos. Não queremos mais vítimas fatais, não queremos ser alvos fáceis desses crimes que prejudicam tanto fisicamente quanto mentalmente a população usuária de transporte coletivo.
Apesar da guarda municipal realizar o trabalho nos terminais de integração, é necessário ampliar o quantitativo de agentes de segurança dentro dos coletivos durante as rotas entre os bairros. A presença da guarda municipal, a revista de suspeitos com frequência antes de embarque e desembarque, além da ampliação das câmeras de reconhecimento fácil ajudará, primordialmente, na viagem diária da população manauara.
A sociedade está à mercê da criminalidade e o município não possui coeficiente de profissionais para resguardar a segurança do cidadão. Precisamos alinhar estratégias para coibir cada vez mais a ação de grupos criminosos que se aproveitam da deficiência da cidade para cometer crimes diariamente.
*é deputado federal do Amazonas, eleito pela 2ª vez