Estamos no mês 12 de 2024, que pode ser conhecido pela campanha do Dezembro Vermelho (combate ao vírus HIV, à Aids e a outras IST – infecções sexualmente transmissíveis) ou também pelo Dezembro Laranja (contra o câncer de pele). A prevenção e o combate a doenças dos mais variados tipos são intensificados através de campanhas temáticas não só neste período, mas em todos os meses do ano, com o uso de cores específicas para simbolizar as orientações, os exames e a conscientização acerca de determinadas doenças, ressaltando quais os públicos mais suscetíveis a estas e as medidas para se evitar ou atenuar estes males. Temos, por exemplo, o mês de campanha do ‘Outubro Rosa’ (mês de prevenção ao câncer de mama, que incide majoritariamente em mulheres, mas também pode acometer homens, mesmo que em menor escala) e o ‘Novembro Azul’ (que foca na questão do câncer de próstata, uma luta que enfrenta ainda um grande tabu e resistência por parte de muitos homens que se recusam a fazer o exame preventivo).
Os outros meses também têm campanhas atreladas ao combate a diversas enfermidades, como por exemplo: Janeiro Branco (Saúde Mental); Fevereiro Roxo e Fevereiro Laranja (Alzheimer, Fibromialgia e Leucemia), Abril Azul (Autismo), Junho Vermelho (doação de sangue), Agosto Laranja (Conscientização e Prevenção à Esclerose Múltipla), Setembro Amarelo (contra o suicídio), entre outros; inclusive tendo mais de uma doença-tema por mês. E estas iniciativas não iniciaram agora, mas têm origem na década de 1990, quando uma organização de combate ao câncer de mama, chamada Fundação Susan G. Komen for the Cure, iniciou um processo em que laços na cor rosa foram dados aos participantes da ‘Corrida pela Cura’, em Nova Iorque (EUA).
Todavia, antes disso, mais especificamente no ano de 1988, foi criado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidades (ONU) em conjunto com a Organização Mundial de Saúde, o Dia Mundial de Luta contra a Aids, tendo como simbologia o laço vermelho, com o mês de dezembro como o período escolhido para representar esta causa. É necessário que façamos uma profunda reflexão sobre a importância da prevenção, que é o melhor caminho.
Nossa Nação ainda precisa de uma amplitude para que o direito de acesso aos serviços de assistência em saúde, especialmente de média e alta complexidade, sejam acessíveis e alcancem a todos os cidadãos. Da mesma forma, o atendimento em saúde básica também é sobrecarregada e não consegue atender as demandas da população em geral. É imperativo que o Estado Brasileiro inverta a lógica de investimento, priorizando as políticas públicas de saúde preventiva, uma vez que grande parte das patologias podem ser evitadas ou ter os seus efeitos minorados por meio de ações como: cuidados com a higiene; prática de exercícios físicos, alimentação saudável; correto e completo processo de imunização nas faixas etárias adequadas (vale ressaltar que o Plano Nacional de Imunização do Brasil é um dos maiores projetos do mundo nesta área), além de outras medidas sanadoras.
Fica explicitado o quanto as despesas com a chamada “saúde curativa” ainda são muito maiores do que o investimento em qualidade de vida e prevenção de doenças. O Brasil tem todas as condições de ter, na prática, um modelo de assistência médica de excelência, pois, o Sistema Único de Saúde (SUS) é, comprovadamente, um dos programas de saúde pública mais exitosos do mundo, sendo referência para diversas outras nações. Ele foi instituído por meio da Constituição Federal de 1988, em virtude da compreensão de que o bem-estar do cidadão é um direito de toda a sociedade, sem distinção. Mesmo assim, ele não é aplicado conforme está descrito e o resultado é que temos um sistema deficitário e desagregador. Para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é a única pátria com mais de 100 milhões de habitantes que tem um sistema público (financiado pelo Estado), universal (que contempla a todos) e gratuito. O Artigo 196 da nossa Constituição expressa claramente que a Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Está mais do que na hora do poder público puxar para si a responsabilidade que tem e estabelecer junto com a sociedade uma nova visão e um novo padrão no atendimento médico no Brasil, por meio do maciço investimento na promoção de esporte e lazer e da conscientização de que investir no bem-estar de todos é investir também em saúde pública.
Iniciativas como aquelas que fomentem uma alimentação mais saudável e combatem, por exemplo, a desnutrição infantil, precisam ser encabeçadas pelas autoridades constituídas. Há também que se promover o diagnóstico precoce de doenças, o acompanhamento constante e assistência à saúde bucal, por exemplo (uma vez que muitas doenças se instalam a partir de contaminações pela boca). Ou seja, mais do que nunca se faz imprescindível um grande e constante investimento para que sejam implementados programas verdadeiramente eficazes, efetivos e abrangentes na saúde em geral e especialidades.
