Bosco Jackmonth*
Constou firmado no texto imediatamente anterior a este, publicado igualmente nesta mesma estação de escritos semanais, isto em 18.05.23, também da autoria deste redator, a abordagem a respeito do excesso de população brasileira buscado por desonestos políticos profissionais, “bem objetivando contar no futuro com acentuada leva de eleitores como se sabe simplórios, do interesse de partidos alcunhados de populares e defensores dos pobres. Não de olho nos seus votos…Acredite quem quiser!”
Ali também se assegurou o suporte fático de que nos moldes do governo de Fernando Henrique Cardoso, com âncora sobremodo em sua formação de intelectual, eis que sociólogo de renome universal, a busca de promover o controle do excesso de população e evitar as mazelas disso, restou frustrada por conta dos impulsos demagógicos contrários partidos da aludida politicagem bizarra, como bem se observava a todo instante.
Pronto! Quedou-se desiludido o Presidente, como se revelou. Restou que a campanha federal induzindo ao comedimento da natalidade, com amparo na distribuição gratuita de inibidores da gestação, traduziu-se num fragoroso fracasso, visto que, não demorou, as lixeiras por toda parte mostravam nos monturos aqueles produtos descartados. Fazer o quê?… As eleições de sempre mostram os mesmos resultados, com a consagração daqueles populistas.
Ora se não! Mas, afinal, não é bem-vindo o progresso traduzido pelo incremento de milhões de pessoas a ocupar as cidades, usando incontáveis meios de transportes, como aviões, barcos, navios e transatlânticos, além de rodovias, avenidas, metrôs e o mais em geral? Não é assim que, enfim, volumosa população ocupa casas, apartamentos e arranha-céus para moradia ou trabalho, que então se mostram vistosos e bem-sucedidos os arranjos das metrópoles, a merecer admiração inaudita?
Calma! “Nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Pode ser apenas algo cosmético! Quer ver? Olha, só! Há tempos noticiou-se que Portugal por conta da obra de um controle desmedido do excesso de mão-de-obra, mais adiante passou a enfrentar carência de trabalhadores cujas vagas colocaram-se em busca de emigrantes atraídos dos países vizinhos.
Por outra. Compondo-se com o anunciado no senso de procura posto no texto anterior cumpre ressaltar a abordagem que segue à página 113 do livro História da Civilização Mundial, da autoria de Max Savelle, in verbis:: “Thomas Robert Malthus (1766-1884), por exemplo, apresentou em 1798 uma famosa teoria da população que sustentava que, enquanto o suprimento de alimentos do mundo era limitado, não havia limites ao crescimento potencial da população, que sempre tenderia a ultrapassar a quantidade disponível de alimentos”.
Quanto a isso, num dizer crítico, porém mais malthusianos do que Malthus, os industrialistas concluíram que seria inconveniente melhorar as condições de vida e os salários dos operários, pois estes assim produziriam um número de filhos superior ao que os suprimentos alimentícios poderiam sustentar. Sucede, apesar das sombrias predições de Malthus sobre os perigos de uma população crescente, outro fato significativo é que a era industrial foi acompanhada pela mais fenomenal elevação populacional na história da Europa, em que pese no continente se havia mantido relativamente estável durante séculos.
Desse contexto brotou a chamada “lei de ferro dos salários”, uma ideia popular oferecida por David Ricardo (1772-1823), onde argumentava que os salários deveriam permanecer justamente na altura do necessário à subsistência, pois uma elevação estimularia a taxa de nascimento e provocaria, por certo, um excesso insuportável de operários. Assim, esse excedente, por sua vez, alteraria o equilíbrio das forças econômicas e voltaria a fazer os salários descerem até o nível da subsistência. Em torno disso, o aparecimento do movimento dos sindicatos trabalhistas em todos os países industriais deu aos operários uma arme contra os abusos do liberalismo irrestrito, assim nominado. (Conclusão).
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Advogado (OAB/Am 436). Ex-func.B.Brasil.Desig.c/Fiscal Cambial, p/Boc. Central. Cursou Jornalismo. Lecionou História Geral. Contacto: [email protected].