19 de setembro de 2024

Amazônia – dos fenômenos climáticos à fumaça

A atualidade (o cenário atual) nos traz preocupações, guerras, farsas em ditaduras latinas, críticas inadequadas da autoridade maior do país (principalmente ao Banco Central e ao seu presidente), campanhas eleitorais aqui e ali nos Estados Unidos da América, migrações forçadas, miséria, fome, mudanças climáticas graves em todo o mundo, a vazante e a estiagem na grande bacia hidrográfica da Amazônia. E assim leitores, podemos deixar de lado as farsantes atuações dos personagens politicas que atuam nos poderes da republica do Brasil. Para o Amazonas a vazante dos rios da bacia hidrográfica juntamente com a estiagem já se tornou realidade nesse segundo semestre de 2024 e com isso agravou-se as queimadas, principalmente na região sudeste do estado, o arco do desmatamento, trazendo a fumaça que impregna o ar em diversas regiões da Amazônia, chegando a capital Manaus, transformando o ar quase irrespirável. Certo que algumas ações de governo, na tentativa de minorar as consequências desses fenômenos já foram tomadas. Haja vista a ocorrência do Evento T20-BRASIL no Rio de janeiro, no qual se discutiu as implicações da crise climática para os países em desenvolvimento possibilitou ampliar conhecimentos das intersecções entre dívida pública e mudanças climáticas nos países em desenvolvimento, em que especialistas discutiram as abordagens para a construção de um futuro mais sustentável, com destaque para a importância da equidade social e a necessidade de ações concretas contra a desigualdade e as mudanças climáticas. Aqui se destaca as palavras da economista indiana Jayati Ghosh, professora da Universidade de Massachusetts/USA e uma das vozes mais influentes na discussão sobre desigualdade global, não poupou críticas ao cenário atual ”abordando a intrínseca relação entre desigualdade e emissões de carbono, apontando que as maiores emissões de carbono vêm dos países centrais e das elites globais, que historicamente têm sido os maiores beneficiários do sistema econômico mundial”. Também para a economista “a crise climática é um reflexo direto dessas desigualdades, pois enquanto os países desenvolvidos e as elites acumulam riqueza, os países em desenvolvimento e as populações vulneráveis enfrentam as piores consequências”. Vale registrar que o Dia do Economista foi 13 de agosto, profissão da mais alta importância para as sociedades, implicando em suas vidas no cotidiano, em todos os aspectos. No Amazonas alguns municípios já apresentam estado de calamidade, como falta de água potável, os alimentos encarecem, os transportes fluviais ficam em situação precária, etc. Contudo, no final de fevereiro de 2024, cientistas da tríplice fronteira Madre de Dios, Peru – Acre, Brasil – Pando e Bolívia (MAP) emitiram um alerta sobre seca severa, ondas de calor, queimadas e fumaça na Amazônia, prevendo o que poderia acontecer: uma seca mais intensa poderia acontecer, iniciando-se entre maio e/ou julho de 2024, baseado nas previsões emitidas pelo International Research Institute for Climate and Society (IRI) e pelo Centro Europeu para as Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF), para Amazônia. “As previsões indicam ocorrência de chuvas abaixo do normal e temperaturas acima do normal para os próximos seis meses. Caso o clima se comporte de acordo com estas previsões, antecipamos problemas agudos de abastecimento de água, ondas de calor e queimadas acidentais em áreas agrícolas e incêndios florestais, com estes repercutindo em altos níveis de fumaça com implicações sérias para a saúde humana e ambiental”, “As previsões foram dados do IRI da Universidade de Columbia, como de probabilidades de chuvas ou de temperatura estando acima ou abaixo do normal, são previsões seguem as tendências previstas”, adiantou Foster Brown, pesquisador da Universidade Federal do Acre e membro do Grupo Trinacional MAP. Como explicou o hidrólogo e pesquisador Ayan Fleischmann, “se houver uma nova seca extrema, o cenário que se projeta é que o auge dela ocorra entre setembro e outubro no Médio Solimões, por exemplo e até lá, o nível dos rios seguirá baixando. Também,  lembrou que não é comum se ter uma seca seguida da outra. Mas, por exemplo, por aqui no Médio Solimões houve secas muito fortes em 1998, depois 2010 e em 2023. No entanto, se está navegando em águas desconhecidas que são as mudanças climáticas. O clima já não opera mais como se conhecia e por isso é tão difícil a gente realizar previsões acuradas”. ”Na Amazônia ainda enfrenta outro desafio na estiagem deste ano associado às mudanças climáticas, o Oceano Atlântico Tropical, que é bastante associado às secas amazônicas, está ainda muito quente, em um nível nunca antes visto,  em uma anomalia muito positiva no Oceano Atlântico Tropical Norte pode já estar por trás de uma estiagem severa nos próximos meses, então isso é um fator de preocupação.”  Sem embargo de outras observações segundo professor Jhan-Carlo Espinoza, especialista em clima e hidrologia da Amazônia e diretor de Pesquisa do Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), baseado no Peru, “afirmou que há várias décadas está sendo observado um prolongamento da seca no sul da Amazônia quando se compara o atual cenário com o clima da década de 1970, sendo muito importante lembrar que a Amazônia é a maior bacia do planeta e que as condições hídricas dos principais rios dependem de chuvas que ocorrem vários meses antes da seca. O déficit de precipitação que ocorreu na Amazônia transfronteiriça deve ter como resultado um impacto em 2024, semelhante ao de 2023 somado à continuidade do El Niño durante o verão. Ressaltando, também, que a região de precipitação máxima em toda a bacia amazônica é a região de transição andino-amazônica do Peru, Bolívia, Equador e Colômbia. Sendo que essas características deixam clara a importância de monitorar a Amazônia e do continente sul-americano depende fortemente do papel da floresta amazônica, que é a maior floresta tropical do planeta. Os estudos citados mostram que o desmatamento na Amazônia, não só reduz a disponibilidade de água na atmosfera (devido à diminuição da evapotranspiração florestal), também, como regiões fora do Brasil para propor melhores cenários de emergência climática na região central da Amazônia”. Conforme se manifesta o pesquisador Ayan Fleischmann, “ainda se tem tempo para se prevenir, para se preparar para tomar ações, cobrar o poder público as suas responsabilidades, das Defesas Civis para melhorar por exemplo, o acesso à água, soluções preventivas para esse período, a captação da água da chuva, implementação de mais poços artesianos fundos e o acesso à recursos para tratar a água de rio, etc”. Como a sociedade do Amazonas tomou conhecimento pela imprensa local, o governo do Amazonas já instalou 42 estações do sistema simplificado de tratamento de água “Água Boa” e deve instalar mais 20 até o fim de setembro. Também está distribuindo equipamentos de armazenamento e tratamento de água, e medicamentos, assim como, está iniciando a implementação dos projetos “Aula em Casa” e “Merenda em casa”. Outras ações estaduais são o lançamento do Programa Estadual de Incentivo à Irrigação de Baixo Custo, por meio da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) e a contratação das dragagens de trechos dos rios Amazonas e Solimões.

 

 

 (*) Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador Sênior, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

Nilson Pimentel

Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

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