A maior reserva de água do planeta é o Aquífero Alter do Chão, com 86 mil km³ de água distribuídos em 400 mil km².
Atualmente ele já abastece parte da água de Manaus através de poços artesianos.
Com a crise hídrica da região amazônica, o aquífero talvez não esteja sendo explorado adequadamente dado ao contexto que o problema está colocado.
O Brasil, com a Petrobrás, foi capaz de instalar gasodutos para transporte do gás dos poços de petróleo da província de Urucú para Manaus, com monitoramento remoto ao longo de seu percurso, inclusive com tubulação subterrânea ou submersa em trechos específicos, revelando que detém tecnologia de ponta para este e para outros empreendimentos semelhantes.
Economicamente o gás tem um valor agregado muitas vezes superior ao valor econômico da água na análise dos preços relativos da economia, o que justificou o investimento de Urucú, porém diante da atual conjuntura climática ainda não compreendida em sua plenitude, o valor relativo dos bens ganha contornos não tradicionais, e água, por óbvio, nas condições de estiagem que se encontra a Amazônia, passa para uma categoria diferente se comparada à época das enchentes dos rios da região.
Com a tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas dos oceanos a mais de 7.000 metros, associada à tecnologia de gasodutos, seria necessário um plano institucional com áreas técnicas a serem envolvidas para criar o Aqueduto Amazônico aproveitando inclusive por exemplo o declive do Rio Amazonas de Tabatinga a Marajó de 65 metros.
Nas águas de superfície, Óbidos, no Pará, na chamada Garganta de Óbidos, onde está uma das áreas mais estreitas do curso do Rio Amazonas, e por estar na etapa mais baixa da planície amazônica, acumula água suficiente para se criar meios de captação e distribuição por recalque.
Ainda nas águas superficiais, o Rio Negro em Manaus está em seu ponto mais baixo em relação às nascentes de S. Gabriel da Cachoeira, e o nível de suas águas na capital em relação ao nível do mar é baixo na época da estiagem não por falta d’água, mas porque sua barreira de contenção natural é o Rio Solimões, na área do Careiro da Várzea, no Encontro das Águas; quando o Solimões baixa, o Negro o acompanha, e vice e versa.
Por isto, a bacia do Rio Negro em Manaus também poderia ser objeto de estudo para captar água e estrategicamente vir a suprir regiões adjacentes, conforme a nova era climática se apresente.
Não é aceitável morrer de sede estando em cima do aquífero de Alter do Chão ou ao lado da Bacia do Rio Negro ou do Estreito de Óbidos. É uma questão de decisão politico- estratégica que a gestão brasileira pode tomar.
(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Contabilista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.