20 de setembro de 2024

Artigo: COP-27: Poucos avanços e muita pavulagem 

*Augusto Bernardo Cecílio

Por mais incrível que pareça, a cada ano a Cúpula do Clima das Nações Unidas reacende a esperança de que, sim, este ano teremos um desfecho significativo e decisivo, por parte dos chefes das grandes nações poluidoras,  quanto à redução da emissão de gases de efeito estufa, comprovadamente causadoras da maioria dos fenômenos climatológicos extremos que assistimos atônitos hoje em dia. Mas à medida que o evento vai transcorrendo, as esperanças vão se desfazendo. Já são 27 edições, com muito palco e luzes, para esses chefes de nações, governos, prefeituras e ONGs coadjuvantes e nenhum avanço na prática.

A COP se transformou em balcão de negócios. Desde a primeira conferência mundial do clima, a Rio 92, até hoje o aquecimento global só se agravou e causou cada vez mais transtornos para as populações sobretudo dos países pobres. A nações ricas e poluidoras também sofrem os efeitos de enchentes, nevascas, ventanias e incêndios. Mas o diferencial é que eles têm dinheiro para se recompor e retomar a vida pós-catástrofes. Agora, na COP, já se aventa a possibilidade de ajuda financeira dos países ricos aos mais pobres, quase um pedido de desculpas por ter contribuído para o desastre, mas compromisso para evitá-lo que é bom nada. Uma espécie de cala-boca que eu te ajudo.

A COP tem outra finalidade. Chamar a atenção do mundo e dos “grandes” líderes para a gravidade do problema. A Amazônia, pela primeira vez, participa da Conferência como protagonista do seu destino. É uma das maiores fontes brasileiras de emissão de dióxido de Carbono, proveniente da queima de suas florestas, a despeito dos esforços dos governos dos estados da Amazônia em tentar evitar. Frear o desmatamento é o maior desafio. A missão dos governantes da Amazônia, que estão reunidos no Egito para finalmente reivindicar o seu quinhão, é buscar alternativas viáveis para isso. Como? Comercializando créditos de Carbono, ou seja, os serviços ambientais prestados ao Mundo pela floresta. 

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve participando da Cúpula do Clima das Nações Unidas e lançou o que se pretendem ser as bases para isso. A agenda de Lula na conferência incluiu encontro com governadores da Amazônia e participação no evento “Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática”. Finalmente uma atitude prática e que pode mudar uma realidade tão difícil de ser enfrentada. Desmatamento zero com a devida compensação ambiental paga pelo resto do Mundo. Que esta ideia vingue e transforme o destino do Brasil e das populações ribeirinhas, indígenas, quilombolas, que vivem nas florestas e nos seus entornos. Que não seja só pavulagem. As COPs têm uma finalidade única: lembrar ao mundo (nações e populações) que estamos caminhando lenta e gradativamente para o fim. Que em 2025 possamos anunciar boas notícias para o Mundo na COP 30, acontecendo na Amazônia.

*Auditor fiscal e professor

Augusto Bernardo

é auditor fiscal de tributos estaduais da Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas e educador. Foi um dos fundadores do Programa Nacional de Educação Tributária (atualmente nomeado de Educação Fiscal).

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