23 de novembro de 2024

Balanço do C20: as contribuições da sociedade civil à discussão global para um mundo melhor

Na semana passada, no Rio de Janeiro, o C20 reuniu-se para concluir o processo de contribuições técnicas da sociedade civil ao G20. Foram mais de 130 especialistas, de 90 países que fizeram parte do C20. Civil-20, ou C20, é a instância de inclusão e participação qualificada da sociedade civil global no G20: organizações da sociedade civil, coletivos, universidades, centros de pesquisa, empresas, entre outros.
Relembrando, o G20 é o conjunto das 20 maiores economias do mundo – e alguns convidados – que este ano é presidido pelo Brasil.
Mais de 60 organizações do mundo todo foram convidadas para liderar dez grupos de trabalho do C20, que envolveram temas como justiça climática, equidade racial, empoderamento feminino, segurança e conflitos, resiliência climática e saúde. A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) foi convidada para co-facilitar o grupo trabalho que tratou de comunidades resilientes e riscos de desastres.
O compêndio das recomendações foi lançado no dia 13 de novembro com a presença de ministros do Governo Brasileiro, autoridades do G20 e especialistas.
As recomendações apontam para algumas necessidades básicas de convivência global: diminuição das desigualdades, apoio aos países e regiões mais pobres, combate à fome e promoção da segurança alimentar, reforma do sistema financeiro e de governança globais, e combate efetivo às mudanças do clima.
Dentro do trilho diplomático global, essas recomendações têm um peso relevante. Após serem aceitas pelos presidentes dos países membros do G20, podem se tornar acordos internacionais e políticas públicas. E esta discussão acontece nesta semana, também no Rio de Janeiro sob coordenação do Brasil.
A presidência do Brasil e a participação da sociedade civil brasileira trouxeram mais cores ao processo diplomático do G20. Foi no Brasil que se incluiu o termo antirracista no grupo de trabalho sobre sistemas econômicos. Foi no Brasil em que se criou um grupo de trabalho específico sobre filantropia e novos mecanismos de financiamento. É o Brasil quem tem liderado a construção de um texto sobre paz e solidariedade humana. Foi no Brasil que tivemos a discussão efetiva de mecanismos financeiros de resposta a desastres climáticos e ambientais. Foi no Brasil que o C20 conseguiu furar a bolha das discussões diplomáticas, “a portas fechadas”, e oferecer perspectivas do mundo real – vindas da sociedade civil.
O Brasil, portanto, entrega um G20 mais contemporâneo; em que as discussões dialogam devidamente com a realidade e os desafios humanos globais. O Brasil demonstrou que é possível um processo formal de discussão global em formatos modernos de interações, em tempo hábil e com robustez técnica.
A próxima sede do G20 será a África do Sul. Um país, assim como o Brasil, que teve líderes que lutaram contra regimes autoritários e a favor da democracia. A proximidade histórica dos dois países cria um momento importante de fortalecimento do combate à fome, diminuição de desigualdades e a discussão estruturada contra racismo e outras formas de discriminação e preconceito dentro do G20 – sem perder a perspectiva que a presidência do grupo, em 2026, será dos Estados Unidos.
Apesar dos enormes desafios e da sensação que “não se anda”, compartilho a felicidade de todas as pessoas envolvidas no C20 na contribuição qualificada e inclusiva na construção de um mundo justo, equitativo, em paz e próspero.
Espero, e torço, para que a decisão dos líderes globais, nesta semana, possa refletir e reforçar essa felicidade com um acordo exequível e ambicioso o suficiente para nós!

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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