*Augusto Bernardo Cecílio
O que vemos em filmes americanos, que com muita frequência mostram em escolas perseguições, ameaças, agressões, isolamentos ou humilhações, é muito mais comum do que imaginamos. Isso é antigo. Quem não se lembra de crianças fragilizadas sendo ameaçadas ou agredidas pelos fortões ou “mais influentes” da escola?
Nesse contexto surgem alguns, às vezes mais poderosos economicamente ou até politicamente, que principalmente pela ajuda de um grupinho ou “panelinha” acabam praticando crimes contra os mais fracos, muitas vezes com a complacência dos pais e até por funcionários do estabelecimento de ensino, que fecham os olhos para os acontecimentos, e também os ouvidos para não escutar depoimentos ou denúncias.
Para a pedagoga Fabiana Falcone, se não tratada quando criança, a vítima de bullying pode se transformar em um praticante quando adulto. E o praticante de bullying, se não tratado quando criança ou adolescente, pode continuar agredindo outras crianças, criando uma cadeia cada vez maior e pior.
Segundo ela, existem diferentes tipos de bullying: os principais são o verbal (que é manifestado através de apelidos, xingamentos, insultos); o físico (quando há empurrões, socos, chutes, beliscões, tapas); o moral (quando ocorrem difamações, calúnias ou disseminação de rumore); o psicológico (que é a exclusão, isolamento, perseguição, intimidação, chantagem, manipulação, ameaças e discriminação). E ainda existem o familiar (prática que começa desde cedo, muitas vezes em casa, na família), o patrimonial (onde ocorre furto ou danos a pertences da vítima), e o virtual (por violência verbal e psicológica via internet).
E como saber se o seu filho está sem vítima? Timidez e choro excessivo podem ser alguns dos sinais de que a criança está sofrendo algum tipo de violência, como relata reportagem da revista eletrônica Minha Vida, ao abordar o que aconteceu com Carlinhos, um menino de 13 anos, morto recentemente após ser espancado por colegas. Aliás, assassinado por delinquentes.
A psicóloga Deborah Moss, explica a importância de dar a devida atenção às mudanças de comportamento dos filhos. Ela conta que introspecção e postura mais agressiva podem ser alguns indicativos de que a criança está sofrendo.
Dentre os principais sinais de uma criança que está sofrendo bullying, destacam-se mudanças de comportamentos (introspecção, agressividade ou timidez); choro frequente; lesões frequentes; mudanças alimentares; dificuldade de fazer amizades; tentativas de automutilação, e medo ou ansiedade para ir à escola.
O bullying pode gerar problemas de saúde que vão além do momento do ato de violência. A depender da intensidade e/ou frequência, a criança pode desenvolver baixa autoestima, ansiedade, depressão, síndrome de pânico e até problemas físicos graves. E até morrer.
Ao notar os sinais de que a criança está sofrendo algum tipo de violência no ambiente escolar, é primordial que os pais tenham atitudes imediatas, como conversar e ouvir a criança, entrar em contato com a escola, estimular atividades positivas em casa, buscar ajuda de um psicólogo para a criança, e procurar a polícia e os órgãos de defesa da criança e do adolescente.
Por fim, segundo a psicóloga, o agressor também precisa de tratamento. Os sinais de que a criança pode estar praticando bullying com algum colega envolve mudanças bruscas de comportamento e baixo rendimento escolar. Muitas vezes a criança agressora está em uma situação de conflito, inseguranças, aflições e acaba projetando no outro aquilo que o frustra em si mesmo.
*Auditor fiscal e professor.