23 de novembro de 2024

Cafarnaum

O mundo passa por momentos difíceis e consequentemente o ser humano também. São tantos os casos desafiadores: terremotos, enchentes, secas extremas…

Várias guerras acontecendo no mundo: Rússia e Ucrânia; Azerbaijão e Armênia; guerra na Síria; guerra civil no Iêmen, ataques terroristas, Israel e Hamas…

São tantos sonhos destruídos, famílias desfeitas; perseguição étnica, politica, religiosa, cultural, sexual, que parece que chegamos ao ápice da desumanização.

Quanta confusão, quanto medo! Onde vamos parar com tudo isso? Quando vamos parar? Se vamos parar? Será que estamos perto da terceira guerra mundial?

Em muitos países aumenta o ódio contra os judeus, contra os mulçumanos, contra os russos, contra os palestinos, contra os negros, contra os pobres, etc. 

Contudo, o que fazer se a outra pessoa não tem apreço pela vida? Infelizmente a raiva, a vingança e o ódio vêm tomando o lugar do amor no coração de muita gente.

Quando será que os seres humanos vão aprender que ser diferente não significa ofensa ou ameaça? Ou melhor, será que vamos aprender algum dia? 

Só existe um caminho para a paz no mundo: o respeito. Quando se cumpre este valor moral as pessoas passam a viver em família, como irmãos, em paz e felizes. 

Ao respeitar o outro em sua particularidade fique seguro de que não estará perdendo seu tempo ao agir assim, mas ganhando qualidade de vida.

O respeito ao outro – não importando a nacionalidade, se é judeu ou palestino, se é ateu ou crente, preto ou branco – derruba as antipatias e preconceitos. 

Quando o ser humano convive em harmonia, em paz, respeitando uns aos outros, surge à vontade de unir esforços para resolver os problemas.

Não é atoa que o ditado popular mais citado no mundo e embora não compreendido seja este: “Juntos somos fortes, separados somos fracos”.

A confiança uns nos outros precisa voltar, mesmo quando o outro só parece ligar para si mesmo. Devemos parar de olhar para o outro e vê-lo como meu inimigo. 

Gosto muito de uma frase de Dom Bosco, o fundador dos Salesianos, que ensinava para os jovens: “Deus colocou-nos no mundo para os outros”.

É isso mesmo! Devemos parar de pensar só em nós, só no nosso umbigo. É preciso expandir amor, sermos agentes da paz, da solidariedade.

Quanta gente morrendo de fome nas guerras e você aí pensando em combinar o sapato com a calça, que prato vai comer hoje, enfim, onde vai passar as férias.

É preciso ter mais amor e empatia com o outro; ser ético, justo e verdadeiro; além, é claro, de deixar de ser hipócrita e viver de aparências.

A solidariedade nos ajuda a encarar a omissão e o pecado do mundo; ela nos faz acreditar no amor e nos livra de sermos arrastados para o lado ruim da vida.

Depois de fazer o que está ao nosso alcance, é preciso confiar em Deus e não ficar se martirizando pelos sofrimentos que não conseguimos impedir.

Por fim, cito o Evangelho de São Mateus (24:6–8) para explicar o tamanho da confusão que estamos vivendo:

“Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 

Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores”. 

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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