21 de setembro de 2024

Caixão não tem gaveta e mortalha não tem bolso 

Carlos Silva

Essa expressão eu uso no dia a dia, no contexto dos meus 64 anos bem vividos. Isso representa todo o resumo final da nossa viagem pelo maravilhoso caminho chamado Vida! Bem, cada um de nós, no planeta, tem a própria visão ao tentar definir o conceito de vida. Eu apenas vivo e aproveito. Não me importo em saber por que vivemos, de onde viemos e para onde vamos. Não enlouqueço em procurar saber quem nasceu primeiro, se foi o ovo ou a galinha. E nunca na vida fiz poupança e nem investi dinheiro em nada. Ah, o que vou deixar para filhos e netos? As mesmas graças que recebi dos meus maravilhosos, abençoados e perfeitos pais: princípios e educação! Os filhos e netos que vivam suas vidas, com as coisas boas e as coisas excelentes que a vida nos proporciona. Não levo nos “bolsos” da mortalha os dinheiros que ganhei com meu trabalho suado e nem deixo como “herança”. Apenas, e tão somente, eu gasto. E as minhas visões de religião e religiosidade? Será que tenho mesmo que difundir, divulgar, brigar pelo que eu acredito, ou basta apenas eu acreditar e pronto? Nessa questão, eu sou mais eu mesmo. Tenho a minha fé, sigo o que eu acredito e a vida segue e ninguém tem nada a ver com isso. Eu não digo qual é a minha fé religiosa, pois isso é uma escolha minha, e pronto. E toda vez que vi pessoas discutirem sobre suas escolhas religiosas, conflitantes, terminou em brigas. Brigar por fé é pura perda de tempo, desprovida de inteligência mínima. Logo, não levo para as “gavetas” do meu caixão as raivas das brigas por religião. E quanto ao time de futebol que tem a minha torcida? Isso, também, é escolha minha. Assisto aos jogos do meu time, em casa, sem a camisa do time, sem fogos de artifício, apenas as minhas amigas de diversão: as cervejas ! Qual é o meu time? Não digo, pois é outra decisão minha e pronto. Já pensou, discutir futebol, na minha idade? E não vou levar camisa de clube nas “gavetas” do caixão. Então, atualmente, vejo muita discussão por aí entre pessoas que sentem prazer sexual de forma diferente, entre elas. E daí? O que eu tenho a ver com o prazer dos outros? Isso é um problema individual, ou seja, é de cada um. E isso não os torna melhores e nem piores que os outros. Também é uma “ata” que não guardarei nas gavetas do meu caixão. E, finamente, hoje, estamos em plena guerra de ideologia política, onde, tem-se, de um lado, a turma A e do outro lado, a turma B. Nisso, também, tenho o meu lado. Mas, não vou entrar em discussões acaloradas e inúteis sobre isso. Não alimento quem pensa igual a mim e nem tento mudar os diferentes. Isso, também, não cabe nas “gavetas” do meu caixão. E vou abrir outra cerveja, pois a vida segue !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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