Para as pessoas que estudaram há mais de 30 anos, era impossível imaginar recursos como a Internet, ou pesquisas fora de livros, revistas e entrevistas. Computador era algo destinado a empresas, principalmente bancos, que os usavam quase que exclusivamente para o controle de contas de clientes e a própria contabilidade. As pessoas comuns tinham receio de computador. Imaginavam que ele tivesse inteligência própria e que poderia fiscalizar alguma coisa sem que fosse alimentado com dados. Era conhecido por “Cérebro Eletrônico”. Usando dessa desinformação, o governo do estado de São Paulo, nas décadas de 1970/80 usava um slogan para inibir sonegadores: “O Computador Está de Olho em Você”.
Poucas coisas evoluíram com tanta rapidez como a cibernética. Utilizada na indústria automobilística, fonográfica, cinematográfica, na medicina e em milhares de atividades mais. Akio Morita, inventor japonês e fundador da Sony afirmava em 1976: “Se a indústria automobilística tivesse evoluído tanto quanto a indústria eletrônica, um Rolls Royce deveria custar dez dólares e fazer dez mil quilômetros com um litro de gasolina”. Isso ocorreu anos antes da vinda do telefone celular que daria novo impulso à indústria eletrônica.
O telefone celular surgiu e revolucionou a indústria do setor. Como todo o invento, surgiu sem os recursos que foi adquirindo com o passar do tempo. Era simplesmente um aparelho telefônico móvel que servia exclusivamente para falar. O custo de aparelho com duas baterias era de cerca de dois mil dólares, que 20 anos depois representaria o dobro. Os proprietários dos primeiros aparelhos tinham que dosar o tempo, inclusive das chamadas recebidas, que tinham custo altíssimo. A bateria tinha duração de duas horas, por isso a necessidade de duas, enquanto usava uma, carregava outra.
O aparelho celular, no Brasil, surgiu quando a telefonia fixa (única) atravessava uma grande crise e necessitava de investimentos enormes. O ministro das comunicações do Brasil da época, o senhor Sérgio Motta, um entusiasta do telefone celular afirmava: “Em pouco anos poderemos comprar telefone até em posto de gasolina.” A população cética via esta declaração como cinismo. Hoje sabemos que a previsão foi profética.
O identificador de chamadas, invenção brasileira, foi incorporado ao celular na virada do milênio, sem autorização do inventor Nélio Nicolai, que só teve seu invento reconhecido em 2012. Época aproximada que iniciava a popularização de mensagens escritas. Mais tarde vieram mais e mais aplicativos, bem como mandar uma mensagem em áudio e até mandar mensagem em áudio que aparece escrita já é comum.
O aparelho celular, no inicio era até uma ferramenta de exibição. Com a popularização em muitos locais de trabalho começou a ser proibido e a medida continua. Devido aos inúmeros recursos que hoje possui, é proibido nas escolas, principalmente no período de provas.
Interessante observar que o uso do celular é totalmente proibido para quem está dirigindo. No entanto suportes de celulares para carro são vendidos abertamente. Aplicativos, como Uber, 99 e outros só funcionam por causa dele. Os celulares que eram vedados aos garçons em restaurantes, hoje são exigidos porque o sistema de pedidos dos clientes está atrelado a eles. Plantões hospitalares alteram seus modus operandi pela ajuda do celular.
Por um lado, se aos estudantes é vedado o uso do celular em sala de aula, por outro lado, ele é permitido para pesquisas que evitam os rumorosos deslocamentos para bibliotecas. Alguns professores defendem a ideia que o celular causa preguiça mental e até inibe o desenvolvimento do raciocínio. Outros acreditam que ele apenas acelera o processo de aprendizagem.
O importante é que pais e professores ensinam aos alunos que o celular não é um brinquedo, mas uma importante ferramenta de aprendizado. Impedir seu uso realmente fecharia a porta de acesso ao mundo.