O artigo comenta os resultados dos cenários previstos na semana passada no JCAM, aponta os países modelos e algumas das soluções adotadas para enfrentar a pandemia.
Na semana passada apontamos os seguintes cenários para o próximo salto da covid19:
Cenário Pedro Álvares Cabral: com 4515 (4418 – 4564) novos casos no dia do descobrimento do Brasil (22/04-4ª), com a Lua quase Nova, 0,9% iluminada, se isso acontecer, os números apontam que o país segue tendência próxima dos Americanos; Cenário da Caserna: com 4368 (4318 – 4417) novos casos no dia do Exército (19/4-Dom), quando a Lua estiver 13,7% iluminada. Neste caso, o país segue a tendência Germânica; Cenário dos Lions: com 4220 (4171 – 4317) novos casos, acontecerá em 16/4 (5ª), no dia dos Lions, quando a Lua estiver 38,5% iluminada. Neste caso as evidências apontam que o Brasil segue tendência Espanhola. A margem de erro é de + ou – um dia para cada cenário.
Oficialmente, o Governo Federal divulgou nos dias 15, 16, 17, 18, 19 e 20/4 os seguintes valores de número de novos casos respectivamente 3348, 2073, 2999, 3040,1932 e 2089, por conta disso os cenários da Caserna e dos Lions não se confirmaram, o que aponta que o país tem apresentado oficialmente crescimento diferente dos ritmos registrados nos mesmos períodos da Alemanha e da Espanha.
Hoje, 22/04/20, comemoramos oficialmente o dia do “descobrimento” do Brasil, caso ontem, hoje ou amanhã seja confirmado o cenário Pedro Álvares Cabral, com o salto da covid19 perto de 4515 novos casos (tolerância 4418 – 4564), estamos em uma encrenca muito braba, pois o país segue o ritmo Americano em relação a evolução dos novos casos oficialmente divulgados. Esses e outros cenários foram produzidos a partir de uma ampla pesquisa realizada pelo autor na Universidade de Manchester e publicada recentemente neste jornal <https://ijier.net/ijier/article/view/2314 >.
O tamanho da encrenca pode ser visto quando analisa-se o impacto do salto da covid19 sobre o número de 1600 leitos públicos existentes no SUS para adultos, público principal (premissa usada: 15% do total de novos casos) que apresenta mais severidade e necessita de UTI.
Por exemplo, se ontem, hoje ou amanhã, o número de casos ficar perto de 4515 novos casos/dia, os 15% do total de novos casos demandariam até 2628 leitos de UTI, ou seja, o SUS teria que arrumar junto aos hospitais privados mais 1028 leitos para tentar atender essa demanda pois já teria colapsado em várias regiões. Aqui vale a pena ressaltar que na pesquisa considerou-se 15% do total de novos casos de covid19 que seriam alocados nas UTIs, se os gestores públicos adotarem entre 5% a 10% do total de casos para ocupar as UTIs nos hospitais públicos, o SUS teria fôlego para suportar a demanda nas próximas semanas. Além disso, não há apenas esse cenário, há outros, também não se desejou perfeição, exatidão, por conta disso, mesmo que o cenário Pedro Álvares Cabral não tenha se confirmado no prazo estipulado (ontem, hoje ou amanhã), em qualquer momento até o final do mês de abril, o SUS provavelmente já terá colapsado em várias regiões, especialmente em estados mais críticos da Região Norte e Nordeste, pois são os que possuem menor quantidade de leitos de UTI para cada 10 mil habitantes.
Ao final, a pesquisa apontou que mesmo que nenhum país esteja preparado para enfrentar epidemias e pandemias, entre os 16 países investigados, a Tailândia, a Finlândia, a Austrália, a Coreia do Sul, a Dinamarca e a Suíça são países que o Brasil deveria estudar para não repetir os cenários da China, dos EUA, da Itália e da Espanha.
Apesar de não terem sido investigados, outros países que deveriam entrar na lista de nosso portifólio de benchmark são Taiwan, Cingapura, Estônia, Noruega e Japão, pois são países considerados com boa pontuação em ranking globais que avaliam o Sistema Nacional de Saúde (<https://www.ghsindex.org/> e <https://www.numbeo.com/health-care/rankings_by_country.jsp >) e com número de novos casos e de mortes bem inferior aos países mais críticos e ao Brasil.
Uma nova pesquisa focará nas boas práticas de gestão implementadas nesses países modelos, bem como nas soluções inovadoras adotadas por lá para enfrentar a pandemia, a fim de servir de reflexão para os gestores do Brasil e de outros países.
E quais seriam elas? Ainda não é possível responder completamente por conta do estágio inicial dessa investigação, mas pode-se elencar algumas agora e nos artigos vindouros.
Por exemplo, o caso de Taiwan é um dos mais inspiradores do planeta.
O primeiro caso oficial da covid19 em Taiwan foi em 21/01/20, e segundo o worldometers, em 20/04, em 89 dias, foram registrados apenas um total de 422 novos casos, dos quais 217 (51,4%) foram recuperados e apenas 6 (1,4%) foram fatais, um dos melhores desempenhos em relação a outros países, ainda mais pelo fato de estar bem próximo do epicentro inicial da pandemia, a China.
Entre os fatos e as boas práticas já identificados estão:
1) O país tem cerca de 99,9% de cobertura nacional de seguro-saúde;
2) é considerado pela NUMBEO, o melhor país em termos de Sistema Nacional de Cuidado da Saúde;
3) Implementação de ações rápidas desde o dia 31/12/20;
4) Liderança do governo com formação eficaz de parceria público-privada;
5) Integração de meios de comunicação de massa;
6) Comando central com forte uso de Big Data;
7) Transparência;
8) Conscientização da população com disseminação de novos hábitos e regras de etiquetas;
9) Criação do Taiwan FactCheck Center para combater fake news e orientar corretamente a população;
10) Aumento da capacidade laboratorial para realização dos testes, etc;
O próximo artigo será dedicado exclusivamente para detalhar essas boas práticas e apresentar algumas soluções inovadoras executadas em Taiwan para proteger seu povo, até lá stay at home e para quem for trabalhar fora de casa, use os EPIs e que Deus nos proteja.
*Jonas Gomes é PhD em engenharia de produção no Japão pela Universidade de Gunma, vice-chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Ufam, é articulista há 8 anos Jornal do Commercio
Fonte: Jonas Gomes