Historicamente, o que as empresas mais buscam é uma liderança eficaz. Todavia, o que vemos é algo muito difícil de controlar e, muitas vezes, de uma dificuldade sem precedentes de se administrar, pois, tudo nos leva a crer que o ser humano ainda precisa desenvolver muito o modo de pensar em sociedade de forma sistêmica e coletiva. Infelizmente o egoísmo profissional acaba prevalecendo, muitas vezes, dentro das organizações. Os responsáveis pelo processo estratégico acreditam nos subordinados que farão a parte tática e quase sempre, neste momento, é que as empresas mais perdem dinheiro. Por que perdem dinheiro? Porque contratamos chefes que não possuem características de líderes ou ainda contratamos líderes sem características de chefes e esquecemos quase sempre que o processo tático deve estar em sintonia com a parte estratégica e operacional do projeto. Para fazermos a diferença no administrar atual, devemos pensar e agir como chefe e como líder. O momento é que dirá quando devemos ser chefes e quando devemos ser líderes e aqui para saber discernir o momento precisamos de um alto grau de sensibilidade pessoal e profissional, isto sim fará a maior diferença para o progresso de nossas organizações.
O chefe normalmente possui uma visão voltada inicialmente para o processo que necessita ser realizado. Esta visão é de extrema importância para se atingir os objetivos e metas. Ele pensa racionalmente e age de modo planejado buscando a eficácia, eficiência e efetividade do processo a fim de poder concretizar aquilo inicialmente idealizado para o futuro da organização. Todavia, o pensamento racional não quer dizer sinônimo de sucesso em todo o caminho percorrido. A organização e o controle também são fundamentais para o bom andamento do trabalho. Dependendo do momento em que a organização atravessa podemos observar que o excesso de controle pode prejudicar a criatividade dos participantes da empresa. Se tolhermos a imaginação de bons funcionários teremos dificuldades em conseguir resolver até mesmo pequenos problemas do dia a dia. Não podemos esquecer que trabalhamos com pessoas e estas vivem em sociedade atravessando dificuldades não só na empresa em que trabalha, mas, também, em todo o seu dia. Não podemos esquecer e ser egoístas ao ponto de tentarmos manipular situações em benefício próprio para podermos simplesmente demonstrar poder sobre os demais participantes da organização. Precisamos lembrar que sempre precisamos viver em coletividade.
Os líderes possuem habilidades no que diz respeito a administrar pessoas. O foco inicial de um líder são as pessoas. Ele sabe que todo o trabalho que a empresa desenvolve, necessariamente será feito ou controlado por pessoas que quase sempre ele mesmo gerencia e controla. O líder consegue observar que a melhor equipe que ele pode montar (criar) e desenvolver é aquela que ele consegue pessoas de diferentes habilidades técnicas e consegue com que eles se completem formando assim uma equipe. É muito claro para um líder que as pessoas inicialmente possuem necessidades e objetivos individuais, em seguida criam os grupos e aqui já possuem objetivos em comum iniciando um processo de busca para atingir metas coletivas, todavia, os grupos já trazem resultados positivos para as organizações, mas, mesmo assim, o líder sabe que o ideal não é só o resultado positivo, o que interessa é o resultado extraordinário, aquele que é melhor que o bom, é o ótimo que faz a diferença, e isso ele sabe que consegue atingir a partir do momento que o grupo além de possuir o mesmo objetivo passa a compartilhá-lo com os demais participantes do grupo e assim se transformam em equipe de sucesso. A liderança é uma conquista, não é um cargo. Ser chefe sim é um cargo.
Portanto as empresas precisam e buscam profissionais que tenham a visão voltada para os processos, mas, nunca devemos esquecer de também ser voltado a pessoas motivadas, pois as pessoas motivadas são que trazem os melhores resultados para a organização. Precisamos notar que não existe pessoa que possui as duas habilidades (chefiar e liderar) extremamente desenvolvidas, portanto, devemos ter cuidado para não querermos contratar super-homens ou super-mulheres para administrarem nossas organizações, pois, se tentarmos buscar este tipo de profissional certamente teremos problemas e muitas frustrações sem contar no desperdício de tempo e dinheiro. Os gestores dos níveis táticos e operacionais das organizações já percebem que para ser um bom chefe necessitam ser um bom líder e para ser um bom líder precisa ser um bom chefe. Todavia, o que falta é pôr em prática o que teoricamente eles já sabem, e isto sendo uma rotina pelo menos na maioria das organizações não teremos funcionários ansiosos e insatisfeitos.
Vamos refletir sobre isto?
Flávio Guimarães é Mestre em Engenharia de Processos pela UFPA, Diretor da Guimarães Consultoria e Treinamento Empresarial Ltda., Diretor de Educação da ABRH, Administrador de Empresas, Especialista em Empresas Públicas e Privadas, Pós Graduado em Gestão Estratégica de Negócios, Consultor Empresarial, Pós Graduado MBA Gestão e Docência do Ensino Superior, Professor Universitário (Estácio Amazonas), articulista do Jornal do Commercio e da Amazon Play TV digital e Coordenador de MBA Executivo e dos Cursos de Logística, Qualidade e Recursos Humanos e do LPG – Laboratório de Práticas em Gestão da Faculdade Estácio do Amazonas.
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Jornal do Commercio de 07.11.2023.