Aristóteles Drummond
Quem acompanha de longe o noticiário nacional pode achar que vivemos um momento de pleno emprego, baixos problemas sociais e acelerado crescimento econômico. Na verdade, só estes fatos poderiam justificar a pauta que ocupa governantes, políticos, entidades da sociedade civil.
Nenhuma medida para estimular a geração de empregos, mas leis românticas e inócuas, como a igualdade de salários entre homens e mulheres, o que já existe no que toca a igualdade salarial para quem exerce as mesmas funções e no mesmo grau de produtividade. Independentemente de ser homem ou mulher, igualar salário sem avaliar o desempenho é combater o mérito como critério de ascensão profissional. Quando se precisa de aumentar a oferta e garantir a manutenção dos empregos existentes, a proposta tributária embute retirar condições para a sobrevivência de setores que, por algum motivo, pediram no passado benefícios fiscais. Não existe igualdade de desempenho pessoal e de ambiente para atividade empresarial. Aliás, Roberto Campos já observava que Deus não era socialista, pois fez o homem profundamente desigual. Iguais devem ser as oportunidades para acessar conhecimento, o que vem sendo feito com sucesso nas últimas décadas.
No que toca a presença da mulher em postos relevantes, o Brasil tem evoluído muito, com grandes empresárias e executivas. Na política, a mulher está presente desde a Constituinte de 46; no Senado; nos anos 1970, quando o Amazonas elegeu pela Arena Eunice Michiles; e nos ministérios, com João Figueiredo, a excelente ministra da Educação Esther de Figueiredo Ferraz.
Ocupa ainda lugar prioritário na pauta governamental o controle das mídias digitais, as investigações sobre a baderna de 8 de janeiro, a vacina e as joias do ex-presidente – mais para casos de polícia do que de Estado –, o desmonte de contratos vigentes, como a privatização da Eletrobras, tema com reflexos internacionais negativos para o Brasil.
Como se os estados e municípios não estivessem endividados e angustiados, o governo cogita financiar ou avalizar negócios com países bolivarianos em crise decorrente de políticas equivocadas. A Argentina, sem tradição de pagar contas, deve conseguir algo no curto prazo. Lula fica falando dos juros altos da mesma forma equivocada com que Bolsonaro opinava sobre vacinas e remédios. E destaque-se: o ridículo de um não justifica o de outro.
Precisamos de um projeto realista que estimule o crescimento econômico e não de tolerância com invasões de propriedades rurais, setor que hoje sustenta as contas nacionais. O risco de empregar ou investir no Brasil é cada vez maior.
Num mundo globalizado, as viagens de Lula têm sido um desastre para a nossa política externa e perigosa para nossa economia. Não perdeu uma chance de gerar polêmicas desnecessárias. Está perdendo os créditos de suas intenções de corrigir o isolamento e a agressividade do infeliz antecessor nas relações externas.
Percebe-se que a crise entre poderes vai recrudescer. Não mais tendo por base um presidente primário, despreparado, que construiu uma inviável derrota com dedicação. A crise é estimulada por um presidente experiente, que sabe que, em nenhum lugar do mundo, políticas demagógicas e populistas deram certo e, em muitos casos, não terminaram bem, inclusive no Brasil de Jango e de Dilma.
O povo está em outra, quer resultados e não palavreado vazio, balofo, de políticos e militantes com o pão garantido. Ideologia não garante emprego, salário e qualidade de vida. Competência sim.