19 de outubro de 2024

Como se preparar contra as fortes chuvas e tempestades

De acordo com o Metsul Meteorologia, esta semana poderá ocorrer fortes chuvas em várias regiões do Brasil, com maior intensidade no Paraná e em Santa Catarina. Na região Norte, estados como Amazonas, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Pará também podem ser impactados por chuvas intensas. Considerando os riscos climáticos e suas consequências, este artigo apresenta oito recomendações para as famílias se preparem de forma eficaz frente a cenários de fortes chuvas ou tempestades.

Primeira) Não construir residência em áreas de risco

Apesar de ser óbvio, ainda há muitas pessoas em nossas cidades que colocam suas vidas em risco ao construir casas nestas áreas. Um estudo (https://tinyurl.com/nhcurfnr) realizado por uma Secretaria da Casa Civil do Governo Federal, revelou que entre 1991 e 2022 foram registrados 23611 eventos que resultaram em 3890 mortes e 8,2 milhões de desabrigados decorrentes de inundações, deslizamentos de terras e enxurradas. Além disso, há quase 2 mil cidades em risco, as quais concentram 8,9 milhões  de brasileiros (6% da população).

Assim, construir residências em encostas de morros, margens de rios, igarapés ou terrenos com histórico de deslizamentos e alagamentos, é uma das principais causas de tragédias durante fortes chuvas e tempestades.

Por conta disso,  fuja dessas áreas e cobre  do Prefeito, Governador ou Presidente por medidas concretas para reduzir o número de moradores destas áreas.

Segunda) capte e use a água da chuva

A instalação de sistemas de captação de água pluvial é uma prática sustentável que ajuda a reduzir a pressão sobre o sistema de drenagem de sua comunidade, além de reduzir o custo da conta da água ao fornecer esse recurso para uso não potável. Cientificamente, a captação de água da chuva tem sido reconhecida como uma estratégia eficaz de mitigação, especialmente em áreas propensas a enchentes.

Infelizmente, em nossa região não há incentivos eficazes por parte dos governos para que os moradores tenham acesso a modelos simples e baratos de projetos que podem ser adotados em suas residências para captar a água das chuvas para aproveitá-la na limpeza, na descarga dos vasos sanitários, na jardinagem e em outras finalidades. Por exemplo, em nenhuma proposta de governo dos sete candidatos à PMM que concorreram em 2024, foram colocados incentivos para estimular a população a captar e fazer bom uso das águas pluviais.

Por outro lado, lá no Rio de Janeiro, a prefeitura criou em 2016, um aplicativo (https://tinyurl.com/3zv3w9wd) com um mapa digital que orienta e estimula a população a captar e fazer uso da água da chuva, permitindo conhecer a estimativa de quantidade de água que pode ser usada na residência e o quanto é possível economizar com essa solução. Para quem deseja instalar um sistema destes em sua casa, neste link (https://tinyurl.com/2vurt7n4) há o manual do IPT contendo as boas práticas para a captação, armazenamento e utilização doméstica.

Terceira) Reduza o concreto e deixe área permeável

Apesar de o Plano Diretor de Manaus e a Lei 1838, de 16 de janeiro de 2014, estabelecerem normas que exigem um percentual mínimo de áreas permeáveis na ocupação do solo, na prática, vários empreendimentos e domicílios não cumprem essas recomendações. Eu mesmo já testemunhei uma construção em Petrópolis, realizada sem a licença do IMPLURB, destinada a abrigar uma escola da SEMED (Padre Mauro Fancello), onde não foi deixado sequer 1 cm² de área permeável ou para arborização. Se há empresários e até mesmo órgãos públicos desrespeitando a legislação municipal, é de se imaginar que a população siga pelo mesmo caminho, não sendo difícil de encontrar residências em Manaus, cujo solo está completamente coberto de concreto!

É fundamental que haja áreas permeáveis nas residências e em empreendimentos, sem a presença de concreto ou asfalto no chão, para que a água da chuva possa penetrar no solo. Isso é crucial para prevenir alagamentos e evitar prejuízos financeiros.

Quarta) Reforce os telhados

Inspecionar periodicamente o telhado para verificar a existência de madeira apodrecida ou atacada por cupins, de telhas soltas, rachaduras ou infiltrações é fundamental. Um telhado bem amarrado e em boas condições dificulta sua retirada diante de ventos fortes, bem como impede a entrada de água e protege a casa de danos estruturais. Além disso, o uso de materiais impermeáveis em pontos críticos dos telhados pode reduzir significativamente os riscos de infiltração.

Quinta) Plante e faça a poda de árvore

Árvores desempenham um papel importante na absorção de água da chuva e na redução da erosão do solo. Além disso, galhos e árvores bem podados previnem acidentes durante tempestades. Estudos mostram que áreas urbanizadas com cobertura vegetal adequada são menos suscetíveis a enchentes e deslizamentos.

Sexta) Limpe as calhas e os ralos

A obstrução de calhas e ralos pode causar acúmulo de água e inundações, agravando danos à estrutura da casa. A limpeza regular dessas áreas evita doenças, bem como facilita o escoamento adequado da água da chuva. Estudos indicam que sistemas de drenagem adequados podem reduzir significativamente o risco de enchentes urbanas.

Sétima) Prepare Kit de Emergência

Ter um kit é essencial para enfrentar situações de risco, o qual pode incluir lanternas, pilhas, alimentos não perecíveis, água potável, medicamentos, itens de primeiros socorros e documentos importantes em recipientes impermeáveis. Pesquisas de gestão de emergências recomendam que as famílias estejam preparadas para se sustentar por até 72 horas em caso de isolamento.

Oitavo) Monitore as condições meteorológicas

Hoje, há diversas plataformas que oferecem alertas em tempo real (INMET, Metsul, Climatempo etc), permitindo que as famílias se preparem com antecedência.

O artigo apresentou oito recomendações que reduzem significativamente os impactos das fortes chuvas e tempestades, protegendo vidas e bens. E como estamos em eleição, qual a proposta dos candidatos sobre o assunto?

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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