23 de novembro de 2024

Das técnicas da gestão da emoção (Parte 2)

Bosco Jackmonth*

Como anunciado, são técnicas de coaching emocional para gerenciar a ansiedade, melhorar o desempenho pessoal e profissional além de conquistar uma mente livre e criativa, enumeradas a seguir. Na verdade, a prática do placebo que é gerado no pensamento posto no cérebro.

TGE 1 – Veja-se que renunciar a ser perfeito é esta, a primeira Técnica de Gestão Emocional para desenvolver qualidade de vida vinda de uma importantíssima abdicação: a renúncia a necessidade de ser perfeito. Note-se se você quer viver dias tranquilos, seu compromisso não é evitar todos os erros, e sim não se punir quando eles aparecerem; não é ter um comportamento dosado em todas as situações, mas relaxar quando for incoerente; não é se declarar herói, e sim brincar com suas fragilidades.

Tenha-se que uma pessoa cartesiana, excessivamente lógica, que não admite falhas e erros, torna-se um entrave para o seu próprio cérebro, um carrasco de sua saúde emocional e um franco-atirador que retira a tranquilidade das pessoas próximas, seu cônjuge, seus filhos, seus amigos, seus colegas de trabalho. A propósito, diz o autor que conheceu franco-atiradores ao longo de sua jornada como psiquiatra, psicoterapeuta e instrutor da gestão da emoção. Mesmo que fossem cultos e capazes para dirigir empresas, eram péssimos líderes de si mesmos, fonte de estresse ambulante; eram rapidíssimos em criticar e lentíssimos em elogiar, levando todos com quem conviviam a pisar em ovos, permita-se o lugar comum…

Sucede, se somos perfeccionistas, é tempo de fazermos uma cirurgia em nosso estilo de vida. Pois quem não renuncia à necessidade ansiosa de ser perfeito não aplaude a própria humanidade, perde a essência e esgota a energia vital. A gestão da emoção grita alto e em bom som que nossa qualidade de vida ganha musculatura quando aceitamos ser seres humanos imperfeitos e passamos a sorrir de nossa estupidez, debochar de nossos medos, ironizar nossas falhas, brincar com os erros dos outros.  Sim, a saúde emocional ganha fôlego quando passamos a abraçar mais e cobrar menos, a encorajar mais a punir menos, a dar sempre uma nova chance para nós e para quem amamos. Sim, é assim!

Sendo um perfeccionista você é, portanto, uma fonte de estresse, ou é um ser humano que assume suas imperfeições e, então, se torna uma fonte de tranquilidade para si e para os outros? Inúmeros executivos não se reinventam quando falham e não cumprem suas metas porque cobram demais de si mesmos. Líderes não libertam o imaginário e a criatividade de seus colaboradores porque são implacáveis quando tropeçam.

Apreciável número de maridos e mulheres exigem perfeição um do outro e vivem se digladiando. Não se divertem nem relaxam quando falha um dos dois.  Deixam de se apoiar mutuamente, ao contrário, cobram cada detalhe do comportamento que desaprovam. Seriam ótimos para trabalhar numa repartição pública, mas não para construir um romance sustentável, agradável, que se retroalimente. Tem-se que a melhor maneira de destruir um romance, mesmo que começou no céu da afetividade, é diminuir os níveis de tolerância e aumentar os de cobrança.

TGE 2 – Segue-se esta que é a segunda Técnica de Gestão Emocional voltada para a autoconsciência. Depois de renunciar à necessidade neurótica de sermos perfeitos, estaremos aptos a avançar para esta Técnica que conquista os patamares mais nobres da qualidade de vida: a autoconsciência, já se disse acima. É insuficiente que nos coloquemos como seres humanos imperfeitos; é necessário que sejamos autoconscientes, nos interiorizemos, entremos em camadas mais profundas de nosso próprio ser, encontremos o mais importante de todos os endereços, que fica dentro de nós mesmos.

Tem-se, ao não exercitar a autoconsciência vive-se a pior de todas as solidões, a solidão a qual o alguém ele mesmo se abandona. Segue sem metas, fadiga-se sem propósito, navega sem direção no oceano da existência. Desconhece minimamente aonde quer chegar como profissional, parceiro, educador, nem como ser humano. Sucede, quem não treina a autoconsciência não se questiona, não desenvolve consciência crítica nem dá sentido à sua existência; torna-se um zumbi social, facilmente manipulável, adestrável ou encarcerado por seus fantasmas mentais ou por ideologias radicais, principalmente.

Um fenômeno vital para encorpar o processo de gestão da emoção é a citada autoconsciência. Ao contrário, todo treinamento se torna uma ilusão, como técnica de motivação que não resiste ao rolo compressor da segunda-feira. E gestão da emoção não é um conjunto de técnicas de motivação, mas sim um conjunto de ferramentas revolucionárias e complexas de aplicação psicológica. A práxis da autoconsciência exige coragem para nos bombardearmos com questionamentos transparentes e profundos nas mais diversas áreas de nossa existência. (Continua).

É advogado há 57 anos (OAB/AM 436). Ex-Ger.BEA, Func.Bco.Brasil, Man/Rio, Fisc.Bcos.p/cta.Bco.Central, p/visar oper.Zona Franca. Cursou Direito, Com.Soc. (Jornalismo), Oratória, Taquigrafia, Inglês, Lecionou Histórial Geral. Articulista. 

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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