18 de outubro de 2024

+ de 601K: negacionismo tem matado a ciência & vida

O negacionismo não tem tirado apenas vidas, mas vem matando aos poucos a Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI).

Ao celebrar os 1000 dias de entregas para o povo, em evento na Suframa (Manaus), no dia 27/09, o ilustríssimo Ministro Marcos Pontes, afirmou que “Essa é uma das regiões mais especiais do Planeta. Tem que se aproveitar as possibilidades de desenvolvimento econômico, social e sustentável. E tudo isso vai ser desenvolvido através da CTI”. 

No entanto, o Ministro Austronauta finge que vive no mundo da lua, uma vez que seu governo tem adotado cortes bilionários no orçamento da pasta de C&T&I&C: LOAs de 2019 (R$ 15,339 bi), 2020 (R$ 11,810 bi), e 2021 (R$ 8,57 bi), valendo lembrar que recentemente o Ministério da Economia deu outra tesourada (87%) <https://bit.ly/3Bsrsgr>, asfixiando ainda mais as capengas áreas de ciência, tecnologia e inovação do Brasil. 

Além disso, o negacionismo tem sido adotado como forma de governar, contribuindo não apenas para a morte de milhares de seres vivos na Amazônia e Pantanal, como também para o falecimento de mais de 601 mil vidas durante a pandemia. 

Para o dicionário Aurélio, há três significados para o negacionismo, destacando-se: 1) comportamento que nega ou não aceita um fato cientificamente comprovado; 2) do ponto de vista histórico, é uma ideologia que nega ou não aceita um fato comprovado e documentado. 

O negacionismo não é um fenômeno novo, valendo destacar: 

a) que na idade moderna, as autoridades religiosas de Roma negavam as descobertas científicas e puniam os que ousassem quebrar paradigmas dogmáticos, valendo lembrar a execução em 1600 do filósofo Giordano Bruno, queimado vivo pela Igreja Católica, acusado de heresia e blasfêmia, sem contar que Galileu Galilei quase teve o mesmo destino em 1633, porém morreu cego, após viver em prisão domiciliar até seu último suspiro em 08/01/1642;

b) o negacionismo do Holocausto, envolvendo crimes contra a humanidade, praticados pelos Nazistas na 2a guerra mundial, mesmo com fartas provas científicas a respeito;

c) o negacionismo climático, defendido por aqueles que negam o aquecimento global do planeta, como efeito da atuação do homem ao longo do tempo;

d) negacionismo da ditadura militar brasileira, presente em círculos militares que buscam “suavisar” as atrocidades que ocorreram no país, dando o nome de Revolução, tese fora da realidade dos fatos.

E quem apostou que a partir de 2019, o país teria uma melhora significativa com a eleição do capitão Jair Bolsonaro, errou feio, simplesmente por desconhecer o histórico negacionista do Mito e de sua tropa. Então vejamos então alguns fatos que apontam a adoção do negacionismo quase inquisitivo como forma de governo em pleno Deus Acima de Tudo:

1o) Negacionismo climático

Enquanto há países adotando planos de longo prazo para atender as metas do Protocolo de Paris, o Brasil tem seguido na direção oposta, e sem plano sustentável este governo: 

a) nega ou minimiza o aumento recorde de queimadas e desmatamento na Amazônia e Pantanal, bem como descapitaliza órgãos de controle e persegue funcionários que atuam contra criminosos ambientais, valendo lembrar as retaliações contra: 

a1) Sr. José Olímpio, funcionário de carreira demitido de cargo no IBAMA, uma vez que em 2012 multou Bolsonaro após flagrá-lo praticando pesca ilícita em área protegida no RJ. Outros demitidos após atuar contra criminosos ambientais foram Renê Oliveira e Hugo Loss <https://bit.ly/3lplkQj; https://bit.ly/2WYtwOj>.

a2) Dr. Ricardo Galvão, demitido do INPE após revelar o avanço da destruição na floresta Amazônia, valendo recordar que a.1.1) ele foi demitido em 02/08/19 <https://bit.ly/3Buwhpo> com a anuência do mesmo Ministro Austronauta que esteve em Manaus para exaltar o desenvolvimento sustentável na região; a.1.2 a demissão causou revolta na comunidade científica; 1.1.3 as previsões do Dr. Galvão se concretizaram; 1.1.4 a Revista Nature elegeu Dr. Galvão um dos dez cientistas mais importantes para a ciência em 2019 <https://go.nature.com/3lplWp5>;

a3) delegado da PF Alexandre Saraiva, ex-superintendente da PF do Amazonas, retirado do cargo de chefia e colocado em uma pequena sala em Volta Redonda (RJ), após liderar Operação Handroanthus GLO, com apreensão recorde de madeira ilegal (200 mil m3; R$ 130 milhões), bem como enviar para o STF notícia-crime denunciando bolsonaristas (então Ministro Salles, o Presidente do Ibama Eduardo Bin, Senador Telmário Mota) em parceria com 11 grandes desmatadores da Região Norte <https://bit.ly/3y64wlY e https://bit.ly/3aYGuzn>.

O negacionismo climático no país vem acompanhado de diversas medidas <https://bit.ly/3Fx1x9D> que desmontam políticas ambientais, bem como distrações que usam pautas polêmicas, mas sem relevância ao país, tais como a realização de motociatas e desfiles de tanques velhos poluidores, como forma de pressionar a volta do voto impresso, cujo banimento desde 1996 já poupou 168.800 árvores, economizou 8440 toneladas de papel, eliminou o uso de 844 milhões de litros de água e 160 gigawatt-hora <https://bit.ly/3apUktH>. 

2o) Negacionismo durante a pandemia

No dia 08/10/21, o Brasil registrou 600493 casos fatais de Covid19, sendo que no dia 13/09/21, juristas liderados pelo Doutor Reale entregaram para a CPI da Covid, um parecer com 226 páginas <https://bit.ly/3oUMWPo>, apontando sete crimes de responsabilidade, cinco crimes contra a saúde pública, dois crimes contra a paz pública, quatro crimes contra a administração pública e três crimes contra a humanidade.

Finalmente, diante do exposto, como professor e cientista, não posso ficar passivo, calado. E já que o volume de fatos é colossal, por questão de síntese, publiquei um vídeo <https://youtu.be/Go9mwLTcfX4>, contendo uma retrospectiva sobre como o negacionismo se tornou forma de governar o país, asfixiando a C&T&I, bem como levando para o cemitério milhares de vidas preciosas. Oxalá possamos refletir com sabedoria sobre o assunto.

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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