22 de novembro de 2024

De Amor, árvores e presépios

Chegamos ao Natal e daqui a pouco devemos fazer a passagem para 2024. Foi um percurso difícil, o deste ano, para uns mais difícil do que para outros. E neste final de 2023, acredito que a gratidão seja um significado especial, mesmo para aqueles que enfrentaram –ou ainda estão enfrentando –grandes aflições. Talvez seja relativamente fácil para mim olhar para o presente e o passado recentes e exclamar, além de meu alívio com as dores mitigadas, da minha satisfação com as vitórias, dos momentos afetuosos e felizes, também o sentimento de me sentir grato pelos aprendizados dos instantes de sofrimento físico ou emocional. Ainda mais do que isto, a gratidão profunda por ter amado e sido amado, por minha família e amigos verdadeiros. Mas para quem está agora enfrentando uma doença grave e dolorosa, ou passando por uma separação traumática, ou ainda sofrendo uma injustiça aviltante, dentre outras situações dramáticas, sentir gratidão no Natal pode ser somente pelo fato de saber e sentir que ainda subsiste a força do sentido mais valioso da vida: o Amor. O Amor de Deus que permanece vivo em cada coração, mesmo que não o percebamos. Sem este Amor, com “A” maiúsculo mesmo, de que servirão as árvores de Natal, as peripécias de Papai Noel? Até mesmo as ceias e almoços, a troca de presentes, serão somente reflexos pálidos de uma comemoração hedonista e materialista. E os presépios tão significativos do nascimento de Jesus serão apenas enfeites deslocados do contexto em que deveriam estar.]

Penso que não seja primordial uma atitude religiosa dogmática para usufruir as bênçãos natalinas. Mas é essencial que haja respeito com os valores espirituais e humanos, da alegria compartilhada, da fraternidade, do perdão, da misericórdia e da caridade. Aprendi com o tempo e as experiências, que só existe Natal Feliz se o cerne dos festejos seja o Amor entre nós, a começar dos familiares e amigos, mais ainda, a solidariedade com os que mais necessitam, os mais vulneráveis. Assim, nada contra as árvores de Natal, as comidas saborosas, a troca de presentes e até mesmo a figura folclórica e europeia do Papai Noel das neves, que no nosso clima tropical deve estar suando às bicas para cumprir com sua performance bonachona. Estes símbolos natalinos podem adornar nosso Natal, mas se no centro desta festividade, o Amor estiver ausente, serão apenas enfeites sem significado. Assim, acredito que os presépios, belíssima criação de São Francisco de Assis, representam melhor o sentido maior da confraternização:  a celebração pelo (re)nascimento de Jesus em nossas existências. Ele, que encarnou Deus Amor e ilumina as vidas de quem ama, de quem o Ama.

Feliz Natal!

Luiz Castro

Advogado, professor e consultor

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