No último dia 13 de fevereiro foi comemorado o Dia Mundial do Rádio. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) instituiu esta data alusiva a partir de 2011. Neste âmbito, é fato notório e comprovado o quanto esse sistema de difusão faz parte da história da nossa Nação, especificamente a partir da década de 1920. Com capacidade de se reinventar e se adaptar, esta categoria de transmissão centenária tem atravessado gerações, mantendo a sua importância na comunicação em massa e contrariando o prognóstico de muitos que advogavam a tese de que o rádio não ia sobreviver ao advento de novos sistemas de mídia, como a televisão e, posteriormente, a internet.
O Sistema de Radiodifusão é um meio de comunicação poderoso, que tem a capacidade de alcançar diferentes públicos, inclusive nas regiões mais longínquas. O nosso país é um grande exemplo disso; inclusive o nosso Amazonas, que possui diversas comunidades no interior onde o rádio acaba sendo a única fonte de informações e entretenimento. O fato deste sistema não demandar grandes investimentos na questão de infraestrutura para o seu funcionamento também influencia no grande alcance geográfico que possui. Até mesmo em outras localidades do Brasil, onde nem sempre o serviço de energia elétrica é uma realidade, é possível estar conectado com o mundo através de um aparelho de rádio, com pilhas.
Sem qualquer exagero, a disseminação cultural, esportiva e comunicacional contou, por muito tempo, com o sistema de radiodifusão como único meio de divulgação. Como exemplo citamos as transmissões das clássicas radionovelas, das Olimpíadas e de outros eventos esportivos, a MPB (Música Popular Brasileira), a Jovem Guarda, os pronunciamentos governamentais e muitas notícias de relevância geral. Ou seja, o rádio foi um fator importante também na construção da nossa própria identidade nacional.
Como falamos anteriormente, este meio de comunicação tem se renovado das mais diversas formas, agregando suas características à era tecnológica em que vivemos, mas sem abandonar sua essência, que tem nas “vozes” o seu elemento principal, ainda que em alguns casos já esteja havendo a interação audiovisual, como nas chamadas web-rádios (expressão que denota a transmissão pela internet de programas de rádio ou de produções realizadas para este fim). Ou seja, do mesmo modo que a evolução técnica foi avançando, nosso meio radiofônico tem acompanhado as tendências.
Apesar das vertentes consagradas, como rádios comerciais, públicas e educativas (todas com a sua indiscutível importância e papel significativo até hoje), têm surgido também outras configurações de estações, como as rádios comunitárias, por exemplo, criadas a partir da lei 9.612, de 1998 e regulamentadas pelo Decreto 2.615/1998. O Serviço de Radiodifusão Comunitária tem como característica principal o fato das suas estações estarem inseridas nas comunidades, como o próprio nome diz; ou seja, tem como premissa o foco em conteúdo popular e peculiar ao público de determinada localidade, onde a emissora esteja situada. São várias as possibilidades de comunicação com a população em geral. Atualmente, um claro exemplo de adequação da áudio-difusão aos novos tempos são os Podcasts (conteúdos em áudio sob demanda, cuja principal diferença para o serviço de rádio tradicional é o fato de poder ser acessado pelo consumidor no momento em que desejar, além de poder ser organizado por temas de interesse).
Fica claro que, independente do lugar, do modelo e da característica, o serviço de Rádio tem o seu papel consolidado na história geral e do Brasil, tendo uma relação direta com a trajetória e modo de vida do nosso povo, uma vez que a comunicação, o direito à informação, a liberdade de expressão e a pluralidade de ideias são princípios basilares dos cidadãos, ligados diretamente ao conceito de Estado Democrático de Direito. Nesta data simbólica para a área da comunicação e história, quero dedicar minha homenagem primeiramente ao meu amado pai, Plínio Teixeira, que contribuiu de forma propositiva em sua trajetória como radialista, locutor noticiarista e esportivo por vários anos em nosso Estado, junto a outros tantos guerreiros que, assim como ele, ajudaram a construir parte importante da trajetória da radiodifusão amazonense. Na pessoa dele, estendo minhas congratulações à nossa competente equipe do Jornal do Commercio, veículo este que presta um serviço centenário de relevância conhecida e reconhecida à sociedade como um todo.