O Polo Industrial de Manaus (PIM/ZFM) é essencial para a economia do Amazonas. Isso é fato, ninguém pode negar. Ele gera atualmente cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos. Contudo, discordo da recente declaração do senador Eduardo Braga quando afirmou que esse modelo econômico é o principal responsável por manter a floresta amazônica preservada. Tal argumento ignora a situação dos 2.279.686 milhões de habitantes do interior do estado, que vivem fora do alcance dos empregos disponibilizados pelo PIM/ZFM. Em condições de pobreza e vulnerabilidade, essas comunidades mantêm a floresta em pé não por influência direta do modelo industrial, mas pelo profundo respeito que têm pela natureza, aliado à falta de recursos que inviabiliza grandes impactos ambientais. É importante ressaltar que o agronegócio no Amazonas sempre foi um aliado do PIM/ZFM, reconhecendo seu valor para a economia do estado. No entanto, o argumento de que o modelo industrial é o principal guardião da floresta tem sido usado estrategicamente por alguns políticos e setores ambientalistas para reforçar a ideia de uma floresta “engessada” — intocada e sem possibilidade de desenvolvimento econômico sustentável — desconsiderando a ciência avançada da EMBRAPA. Essa abordagem ignora que a EMBRAPA já desenvolveu tecnologias que permitem a produção agrícola sustentável, respeitando integralmente o Código Florestal e o meio ambiente. Essas soluções permitem o cultivo de alimentos sem prejudicar a floresta, viabilizando o desenvolvimento econômico do interior de forma ambientalmente responsável. Além disso, segundo o ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, o desmatamento no estado é impulsionado majoritariamente por organizações criminosas com grande influência no Brasil, e não pelas comunidades locais ou produtores rurais. Portanto, ao invés de restringir o desenvolvimento sustentável dessas comunidades, o verdadeiro combate ao desmatamento deve focar no enfrentamento de atividades criminosas que exploram a floresta de forma ilegal. A preservação da Amazônia depende, assim, não apenas do PIM/ZFM, mas de políticas públicas (que já existem) que incluam o interior do estado em um desenvolvimento econômico sustentável, valorizando o papel do agronegócio e das comunidades locais, e integrando a ciência da EMBRAPA como uma aliada poderosa para a conservação e o progresso do Amazonas. Ademais, essa afirmação de que o PIM/ZFM foi o principal agente de preservação foi contestada pelo jornal O Globo, que já publicou nota afirmando que tal argumento não está correto. Já tive uma oportunidade de trabalhar próximo ao senador, foi durante a eleição que ele disputou com o professor José Melo. Tem uma visão privilegiada, grande inteligência, memória espetacular e raciocínio rápido. O Brasil e o Amazonas reconhecem sua inteligência. Tenho certeza de que saberá avaliar o meu posicionamento, quem sabe rever e passar a defender o modelo PIM/ZFM com os fartos argumentos técnicos que existem. Só alguns políticos e ONGs com “aqueles interesses” usam a floresta em pé como moeda de troca para manter os incentivos do PIM/ZFM. Nunca vi um técnico da área usar esse o argumento.
05.11.2024 – Thomaz Meirelles, administrador, servidor público federal, especialista na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected] ou [email protected]