Bosco Jackmonth*
É tido como real, que no campo da mente humana, cuja unidade básica é o pensamento, nisso o Eu requer dar um choque de lucidez nesse campo, ou seja na área dos pensamentos que são, em geral, de natureza débeis, autopunitivos, radicais, e por vezes pessimistas, para liberar a emoção aprisionada.
Tudo certo, mas em que empresa ou universidade se ensina o Eu a deixar a condição de mero expectador de natureza passiva e a confrontar e duvidar dos pensares que se localizam e atuam na mente de todos? É assim, não?
Sucede, pensa-se primeiro, para depois se sentir, salvo quando ocorre uma inesperada alteração metabólica cerebral, inspirada, por exemplo, por drogas psicotrópicas, como um ansiolítico ou cocaína, caso em que a princípio a droga excita o campo da emoção para, em fração de segundo, estimular a produção de pensamentos. Contudo, estes, uma vez gerados continuam a exercitar sua função vital de nutrir emoções.
Suponha-se no caso de um usuário de drogas que acabou de experimentar cocaína. Começa, que sua emoção é estimulada, abrindo em seguida diversas janelas da própria memória, algumas que amparam pensamentos paranoicos. Estes, por seu turno, excitam imediatamente a emoção, interferindo no comportamento do usuário e levando-o a se angustiar com ideias trágicas, como, por exemplo, perseguição.
Igualmente, o pensamento está na base das motivações. Crises de imaginação, como ânimo e retração, desejo e asco, inspiração e bloqueio, ousadia e covardia, determinação e instabilidade que dependem da qualidade do imaginar. Assim, na hipótese de se dar alguém agredido por covardia, falta de garra e desânimo, não cabe condenar-se tal motivação fragmentada; é de se observar que o Eu da figura tem sido estéril para qualificar sua análise, ou seja seus pensamentos.
Posta-se o momento também como a sustentação da consciência existencial, certamente. É que ao se pensar, a consciência vem à luz da existência; contudo se deixar de pensar a luz se apaga. Além disso, no dormir intelectual é cortada, mas no caso dos sonhos ela volta a iluminar a mente, ainda que com filmes de terror, se for o caso. Na verdade, nada é tão misterioso como a consciência humana. Tem-se que os computadores jamais existirão por si mesmos, ainda que simulem comportamentos que lembrem os humanos.
Um alguém é único no mundo, um ator social inigualável, dono de uma personalidade complexa com características particulares, detentor de uma identidade exclusiva, visto que tem consciência existencial, de modo que quando sofre, todo o Universo sofre, ou pelo menos sua consciência sente como se assim o fosse, pois é uma dor única capaz de vivenciar.
E, quando se sente a dor alheia, na verdade a dor é sua e nunca do outro. Quando se ama, todo o Universo está repleto de prazer. Na verdade, ao menos para sua consciência, ainda que seja humilde e altruísta, figura-se como o centro do Universo.
Assegura o autor desta sustentação que há três décadas vem estudando sistematicamente o pensamento – não como impulsos nervosos, mas sua abstração — seus tipos, seus processos construtivos, seu alcance, sua validade, sua natureza e sua práxis, enfim, seus fundamentos cognitivos.
Resta um convencimento de que o pensamento representa a última e mais importante fronteira da ciência. A afirmação se situa não porque é o seu campo de estudo, ou campo de estudo do autor, mas porque, como visto, é o alicerce de todos os tipos de conhecimento: da ciência, das religiões, da psicologia, da engenharia, das artes e das guerras.
A seguir, em posterior oportunidade, cabe postarmo-nos a estudar sinteticamente os tipos de pensamentos e suas implicações para a gestão da emoção e o desenvolvimento do raciocínio e do desempenho pessoal e profissional. (Continua).
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É advogado (OAB/AM 436), ex-funcionáro do BEA e do Banco do Brasil, Manaus e Rio. Cursou Direito, Contabilidade, Comunicação Social (Jornalismo). Lecionou História Geral. Articulista.