7 de setembro de 2024

Dói, mas a gente segue em frente

Recentemente um amigo me falou sobre pessoas que ainda acreditam numa série de inverdades que foram ditas a meu respeito na época em que estive à frente da Secretaria de Estado de Educação. Observei novamente, com tristeza, que uma narrativa inverídica pode prevalecer sobre os fatos, quando os fazem parecer mais reais do que a própria realidade… E comprovo que uma calúnia espalhada dificilmente será rebatida com precisão e abrangência para alcançar grande parte das pessoas que recebeu as notícias falaciosas.

Sei que não sou o único que já foi injustiçado no campo político, difamado sem conseguir me defender a contento, apesar dos vários vídeos explicativos que publiquei nas minhas redes sociais. Muitas outras pessoas sofreram o mesmo, diversas delas com maior intensidade e ofensividade do que eu. Se não fosse uma pessoa de trajetória pública preferiria não abordar mais este assunto, que representa para mim uma ferida cicatrizada, mas que ainda dói quando tocam nela. Decidiria, como se diz religiosamente no provérbio popular, “entregar para Deus” e deixar que aqueles que acreditam nas aleivosias continuassem a acreditar nelas por se recusarem a fazer uma análise congruente dos fatos.

Para mim, o mais importante é a prova dos nove: não enriqueci na política, mesmo tendo exercido 2 mandatos de prefeito, cinco de deputado estadual e por duas vezes ocupado cargos de Secretário de Estado. Não existe um único empresário de quem eu, em alguma ocasião de minha trajetória pública, tenha recebido qualquer benefício material em troca de “favores” e “facilidades” em seus negócios privados. Posso simplesmente afirmar que nunca aceitei subornos para “auxiliar” empreendimentos particulares. Também não montei nem me associei a nenhuma empresa com o objetivo de auferir lucros por conta da influência de exercer mandatos ou ocupar cargos. Posso afirmar com tranquilidade que, neste campo, Deus me livrou dessas tentações, apesar das minhas fraquezas e imperfeições, dos erros políticos e administrativos que cometi, acredito que na maioria absoluta das vezes de boa fé. E não fiz mais do que minha obrigação. Ter honestidade de propósitos não se trata de mérito, mas de dever de consciência ética. E isto abrange – ou deveria abranger – a política.

Aqueles que realmente conhecem a minha trajetória e a tragédia política pessoal que representou para mim minha “passagem” pela SEDUC, sabem que não aceitei ir além dos meus vencimentos legais ao exercer minhas funções. E sabem que fui vítima de um complô, que aliou forças de fora e de dentro do governo contra minha pessoa. Provavelmente porque supusessem que eu representaria então uma ameaça política, por conta da expressiva votação obtida para o Senado em 2018 . A ponto de eu quase ter sido eleito. Pessoas influentes se sentiram ameaçadas por alguém que almejava somente trabalhar duro e de modo sério e eficaz para melhorar a Educação no nosso estado. Este foi meu único objetivo à frente da SEDUC, não o de me promover ou utilizá-la como trampolim político, menos ainda fazer negociatas em meu próprio benefício.

Pouquíssima gente falou das iniciativas que tomei no curto período em que estive à frente da Secretaria. A criação da coordenação das escolas em tempo integral, a criação do núcleo psicossocial, com assistentes sociais e psicólogos, a estruturação do núcleo de saúde do escolar, antes sob a responsabilidade de uma única e heroica profissional, a saudosa Delta, o diálogo e a garantia de direitos aos servidores da área administrativa das escolas, antes relegados ao esquecimento e descaso. Aliás, provavelmente fui o secretário que mais dialogou com os movimentos de representantes de professores, de administrativos e outros profissionais da Educação, inclusive os concursados que pretendiam ser chamados, por quem me esforcei bastante junto ao Governo. Iniciamos também a estruturação do núcleo de planejamento e a estruturação de um programa de ensino integral em contra turno, um projeto de grande alcance para apoiar as crianças e jovens de famílias mais vulneráveis.

Na mesma direção, resolvemos em pouco tempo as deficiências na alimentação escolar. E nas unidades de tempo integral, a melhor alimentação já oferecida para os alunos, que agradeciam e reconheciam o avanço. Isto sem falar no redimensionamento do setor de engenharia da Secretaria, a dinamização dos reparos e da manutenção das escolas e diversas outras ações efetivadas em pouco tempo de gestão. Dentre estas, a orientação de evitar nomeações para a gestão das escolas que não priorizassem o reconhecimento de mérito e de competência, evitando o mero “apadrinhamento” político. Mas estas e diversas outras ações foram simplesmente ignoradas ou relegadas ao esquecimento… Só restaram acusações. E o interessante é que passadas algumas semanas de minha saída da SEDUC, os mesmos veículos de mídia que repercutiram com enorme intensidade as acusações contra minha pessoa, se calaram com os gestores que me substituíram e que mantiveram e até ampliaram contratos antes considerados superfaturados. Ficou claro que eu era um alvo, alguém a ser dinamitado, repelido, excluído do “sistema”.

Recordo que naquela época chegaram a montar e editar uma gravação com acusações de um empresário contra a Secretaria, que passava a impressão de que eu seria o chefe de um esquema, o que nunca fui, aliás combati. Mas, felizmente a análise cuidadosa do próprio tribunal de contas me inocentou das acusações. No entanto, tudo isso me adoeceu física e emocionalmente. Somente eu e minha esposa e alguns amigos próximos sabemos da intensidade da dor de ser difamado e caluniado por meio, principalmente, das redes sociais, e não conseguir me defender. Ter a própria honra atacada desta maneira foi algo para o qual eu não estava preparado. Profundamente desgastado física e emocionalmente, sem suporte político, precisei me afastar das funções públicas e cuidar da minha saúde. E reconheço que, pela primeira vez na vida cheguei muito próximo de uma depressão. Mas, Graças a Deus, a minha família e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo me socorreram nestes momentos tão difíceis. Como também alguns amigos que não me abandonaram

Não desejo me vitimizar, porque sei que cometi erros dos quais me arrependo. Devia ter sido menos otimista e mais atento com o contexto político. Se imaginasse que seria alvo de ataques tão soezes, provavelmente teria ficado fora do Governo, ou, pelo menos, num cargo de menor expressão. Também não consegui me defender a contento dos ataques difamatórios. Além de outras falhas – de boa fé – frutos da minha inexperiência associada ao meu idealismo e da minha própria ingenuidade. Hoje reconheço que todos esses episódios de humilhantes infâmias, me propiciaram um crescimento espiritual. Ou seja, aprender pela dor é difícil, mas eficaz.

Quem preferir continuar acreditando que fui corrupto à frente da SEDUC, é um direito que lhe assiste. Aqueles que quiserem dialogar pessoalmente comigo, para se inteirar de mais detalhes, fico à disposição. Não pretendo voltar publicamente a este assunto. Penso que o mais importante é honrar as pessoas que acreditam em mim, a começar por minha esposa, filhos e netos, a família em geral e os amigos verdadeiros, que também ficaram abalados com a torrente de acusações falsas que me fizeram. Sou imensamente grato a todos (as) que me defenderam ou me defenderam das mentiras e insinuações maliciosas que alguns ainda fazem contra mim.

E aproveito para esclarecer que como pré-candidato a vereador em Manaus  decidi suspender minha participação como articulista neste prestigioso jornal, até pelo menos o final do pleito. Desde já agradeço à direção e à equipe de redação do Jornal do Comércio pelo generoso espaço que me foi concedido nestes últimos anos. E também agradeço de coração a todos que me honraram com a leitura de meus artigos.

Vamos em frente! Um abraço fraterno, que se estende aos demais articulistas deste Jornal.

 

 

Luiz Castro

Advogado, professor e consultor

Veja também

Pesquisar