Earthshot Prize, o Oscar Ambiental – parte 1

Em: 19 de julho de 2024

O Earthshot Prize é uma iniciativa global, com uma premiação anual de mais de R$ 50 milhões, lançado em 2020 pelo Príncipe William para buscar, premiar e alavancar soluções inovadoras para os maiores desafios ambientais do planeta. Então te convido a embarcar nesta série de artigos para conhecer o conceito, as áreas prioritárias, o processo de seleção e as inovações apoiadas por este prêmio que é conhecido como o “Oscar Ambiental”.

O Earthshot <https://earthshotprize.org/> vem da junção dos termos “Earth” (Terra) e “Shot” (Disparo ou Tentativa),  usado para descrever objetivos grandiosos e ambiciosos. Foi inspirado pelo Programa Moon Shot lançado pelo Presidente John Kennedy nos inícios dos anos 60, o qual continha objetivos ambiciosos que permitiram desenvolver diversas tecnologias e chegar a Lua. Da mesma forma, o Earthshot Prize foi pensado para criar um sentimento de urgência e possibilitar ações ambiciosas até 2030 para corrigir os maiores problemas ambientais.

O prêmio seleciona 15 finalistas, dos quais cinco são anunciados vencedores em uma cerimônia parecida com o Oscar, cujo tapete verde dá passagem não apenas aos organizadores e pessoas famosas, mas também a organizações com ou sem fins econômicos, governos, redes de parceiros, times ou pessoas físicas que desenvolveram uma solução ambiental que pode ganhar escalabilidade em uma das cinco áreas abaixo:

A1) Proteger e restaurar a natureza: soluções que protegem ecossistemas naturais, restauram habitats degradados e/ou promovem a biodiversidade, ou aquelas que ajudam a alimentar as pessoas enquanto protege a natureza;

A2) Limpar nosso ar: soluções que melhoram a qualidade do ar urbano e/ou rural. Eles valorizam o processo de engajar os cidadãos para prevenir queimadas nos campos, florestas, prevenir desperdícios e/ou fazer a transição para o uso de transporte limpo para todos;

A3) Reviver nossos oceanos: soluções para proteger e restaurar ecossistemas costeiros, reabastecer populações de peixes, reduzir a demanda por farinha de peixes. Apesar de focar em oceanos, soluções realizadas em rios, lagos ou igarapés também são bem-vindas;

A4) Construir um mundo livre de desperdícios: soluções que reduzam a perda de alimentos da fazenda até a mesa, eliminem plásticos de uso único e não reciclados, que ajudem as organizações ou cidadãos a reutilizar, reciclar materiais de alta qualidade na indústria da moda e eletrônicos. Aqui a economia circular é bastante valorizada;

A5) Consertar nosso clima: soluções que ajudam a criar um futuro baseado em energia limpa e equitativa, que abordam a redução da emissão de gases de efeito estufa, ou que ajudam a descarbonizar setores difíceis de abater o CO2 tais como construção civil e transportes.

O processo deste prêmio envolve cinco etapas:

E1) Buscar: identificar soluções de alto impacto. Elas são indicadas pelos nomeadores oficiais do prêmio, selecionados por sua capacidade de identificar as soluções mais impactantes para uma ou mais áreas consideradas prioritárias. São soluções identificadas em todos os países e setores, desde comunidades de base e indígenas até empresas e governos. Além da viabilidade técnica e financeira, valorizam-se a transparência e ações que promovam a participação e beneficiem a população.

E2) Selecionar: é feita por um painel de conselheiros especialistas que escolhem os 15 finalistas, três em cada uma das cinco áreas prioritárias. Eles prestam atenção se a solução possui os seguintes fatores transversais: uso de dados e tecnologias como a IA, se criam ou aproveitam mercados de natureza e carbono, se usam ou criam mecanismos financeiros inovadores e soluções legais, se as soluções são lideradas e informadas pelos indígenas ou comunidades locais, se promove oportunidade compartilhada, e/ou se permite mudanças nas políticas públicas.

Este ano foram analisadas mais de 3000 soluções vindas de todos os cantos do planeta, destas, apenas 15 foram considerados finalistas e serão anunciados na cerimônia de premiação.

E3) Premiar: aqui os 15 finalistas são julgados por membros do Conselho, que inclui o Príncipe William, o renomado naturalista e apresentador de TV Sir David Attenborough, a atriz Cate Blanchett, dentre outros.

A premiação é dada a cinco vencedores em uma cerimônia transmitida ao mundo inteiro, sendo que cada vencedor receberá £1 milhão (R$ 7.126.992) para investir no seu projeto, além de acesso a uma rede global de suporte técnico e profissional para ajudar a maximizar o impacto de suas soluções.

Após a premiação segue-se com a etapa chamada “Acelerar” por meio de um Programa de Bolsas que dura nove meses e ajuda os 15 finalistas a impulsionar seu crescimento por meio de novas oportunidades financeiras, de networking e parcerias. E por último, há a etapa “Dar escalabilidade” na qual os finalistas têm acesso a uma plataforma digital que os conecta a mais investidores e filantropos de peso, tais como Bill Gates, Bezos, Bloomberg etc.

Por fim, os estrategistas do prêmio têm um RoadMap com visão até 2030 e já celebraram edições na Europa (Londres; 2021), América Central (Boston; 2022), Ásia (Cingapura; 2023). Este ano será na África (Cidade do Cabo), mas esperamos ansiosos que em 2025 seja a vez da América Latina, com o Brasil como país anfitrião, especificamente em Manaus. Essa iniciativa é crucial para chacoalhar e inspirar autoridades, políticos e empresários a adotarem novas abordagens que coloquem a população e práticas sustentáveis no centro de suas agendas, corrigindo os problemas ambientais graves que são persistentes na região.

Prof. do Dep. de Eng. de Produção da UFAM e Pós Doutor em Inovação pela Universidade de Manchester. Site www.jgsilva.org

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].
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