A pandemia do Covid 19 além de toda a desgraça que vem disseminando pelo mundo afora, vem também expondo uma enfermidade tão perigosa e com a capacidade de contagiar as pessoas, que eu chamaria de “ECONOVIRUS”! É o ser humano desvirtuando o processo econômico utilizando principalmente o sistema político para obter vantagens imediatas, sem dar a mínima importância para o principal elemento que deveria ser levado em consideração tanto pelo sistema econômico quanto político: o ser humano.
A política infelizmente tem sido desvirtuada em nosso país, com parlamentares aproveitando um período de desventuras para colher frutos eleitoreiros. É no mínimo desumano, mas quando o Congresso Nacional desvirtua a proposta feita pelo governo de apoio aos estados, com números que inviabilizam a atitude e torna a ajuda na verdade uma forma de acobertar os desmandos e má gestão acontecidos até agora.
A todo momento assistimos governadores e prefeitos, principalmente, pedindo ajuda e verbas, de ministérios e do Governo Federal, apelando para a situação crítica do povo e a falência em que se encontram suas máquinas públicas. Nenhum deles, no entanto fala em corte de verbas, diminuição dos direitos absurdos distribuídos aos funcionários públicos de todos os níveis. Somente o governador do Rio Grande do Sul até agora, pelo menos foi o que eu vi, cortou 50% do seu próprio salário e desafiou seus pares a fazer o mesmo. Infelizmente não deram a menor importância para o gesto do governador.
Esta semana assistimos a mais uma queda de braço entre o Governo Federal e o Congresso Nacional, para variar prejudicando toda a sociedade brasileira. O governo Federal fez uma proposta de ajuda aos governos estaduais e municipais, no sentido de superar a queda de arrecadação obvia em função dos problemas advindos desta pandemia. Logicamente o Ministério da economia já está com problemas demais em função dos recursos que tem de ser liberados para a saúde e para os programas sociais que inicialmente seria para os informais e o Congresso, para variar o Congresso nacional, estendeu para uma gama extensa de outros cidadãos.
Imediatamente o presidente da Câmara, que não se cansa de buscar ser “o pai da criança” de todos os projetos de alcance nacional que se faz atualmente em nosso país, mudou, ou seja, desfigurou o projeto governamental. A Câmara aproveitou a deixa para dar a governadores e prefeitos a oportunidade de se livrar de dívidas contraídas antes da pandemia. Parece piada de mau gosto, pois não tem como rir de uma atitude desta, mas aproveitar da pandemia para anistiar estados e municípios de dívidas com o BNDES e Caixa Econômica, além de distribuir dinheiro para ser supostamente pago com a recuperação da arrecadação após a pandemia, é no mínimo uma irresponsabilidade criminosa.
O presidente da Câmara Rodrigo Maia deveria entender, se é que apenas não finge que desconhece, a diferença entre suspensão de uma dívida com anistia desta. Precisa entender este parlamentar obscuro que o dinheiro que está sendo utilizado para resolver todos estes problemas, não é do governo, nem do presidente, muito menos do Ministro da economia. O dinheiro é DO POVO! Neste caso a utilização destes recursos precisa ser respeitada no mínimo com a responsabilidade e a honestidade que se espera dos supostos representantes populares enjaulados no Congresso Nacional.
Se continuar neste jogo de queda de braços e na busca de quem tem mais força política, sem pensar no bem maior da população, vamos piorar muito mais a situação de um país que já venceu tantas batalhas e que já se deixou derrotar em tantas outras por promessas da carochinha. Precisamos ter um mínimo de brasilidade e de inteligência, para utilizar a ECONOMIA como um instrumento a nosso favor, como foi feito em um período que insistem em esquecer, quando André Lara Rezende e Pérsio Arida lançaram o Plano Real e mostraram ao mundo que o brasil sabia fazer economia. E olha que naquele momento, ninguém no mundo acreditava que o Brasil seria capaz de sair daquele buraco. E saiu.
*Origenes Martins Jr é professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
Fonte: Orígenes Martins