6 de outubro de 2024

Ecos da Copa do Mundo realizada no Catar e outros

                                                                                             Bosco Jackmonth*

Muito já se comentou durante e após esse evento mundial, sobretudo os extraordinários desempenhos de dois jogadores, o Messi pela Argentina e Mbappé pela França, ao lado da contagiante manifestação da torcida francesa, durante a partida no estádio, além da efusiva postura dos torcedores argentinos que se consagrou mais adiante num ruidoso festivo em Buenos Aires, por conta da conquista do campeonato mundial, o terceiro seguido, a propósito.

Já o time costumeiro a alcançar a consagração, desta vez quedou-se decepcionantemente, sendo logo eliminado da disputa, o Brasil, sabe-se, tido como o país do futebol pentacampeão que buscava o sexto título. No ensejo, irresistível não levar em conta o que já escreveu Nelson Rodrigues, deixando de lado o reflexo negativo porque jogadores atualmente se voltam para o uso de trancinhas, cabelos coloridos e o mais, desviando a aplicação no jogo e a busca do desempenho pessoal isso sim que é o que consagra e não macula os uniformes que vestem. Comentaristas sem conta já se manifestaram a respeito, com destaque paro o gesto do goleiro argentino que em seguida a receber o troféu em forma de bola que lhe dizia respeito, colocou-o junto à região dos testículos e sacudi-o, esquecido de que mais uma bola alí o tornava herniado…    

Lembremos quando se contempla a classificação do Brasil perante o quadro de medalhas e o mais, em, por exemplo, comparação com os outros países nos Jogos Olímpicos de Tókyo, vem à memória o decreto de Nelson Rodrigues, ao inverso, festejando a conquista da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, verbis “Já ninguém tem vergonha de sua condição nacional” visto o fim de nosso complexo de vira-latas.

Dizia que as pessoas em geral ostentavam um incontido orgulho. Que nas ruas, todos, os datilógrafos, os comerciários, e as colegiais passaram a andar pelas calçadas ostentando um charme de Joana d’Arc. A imprensa nas suas mais variadas manifestações estampava orgulhosamente o acontecido. As palavras escritas e verbalizadas criaram matizes verde-amarelas, tudo diferente.de agora. Foi uma festa inesquecível! Até os políticos se apresentaram para colher vantagens. Sim, os políticos que linhas a seguir serão aqui cobrados pela lendária omissão, diante do quadro atual.  

Ao lado de outros pensadores, Nelson esclarecia a dedução lembrando que antes voltado para o nutrido laboratório de análise do futebol, já diagnosticara o tal complexo de vira-latas traduzido pela inferioridade em que o brasileiro se colocava forçadamente em face do resto do mundo. Então aquele extraordinário evento teria operado o milagre da reversão do país de analfabetos que éramos para um país de letrados. E que se analfabetos existiam se foram na vertigem daquele triunfo.

Lembrava que a partir do momento em que o rei Gustavo da Suécia veio apertar as mãos dos Pelés, dos Didis, deu-se uma alfabetização súbita no nosso país. Caras que não sabiam como se escreve chave com C, ou com X, incontinente passaram a ler o noticiário dos jornais esmiuçando a vitória. A propósito, duvida-se que aquele político regional, mandatário até, que vociferou certa vez, tal como aqui foi criticado em artigo dessa estação de escritos semanais que alguma coisa era “costumais”, em lugar de contumaz, se na altura daquela pandemia de alfabetização não ficaria em pé… 

Sucede, os fatos que nos dias correntes caberia levar ao inesquecível cronista e dramaturgo, lá no assento etéreo em que repousa, é que passados mais de meio século depois daquela revolucionária vitória em terras suecas, reconheça-se que a condição de vira-lata abateu-se de volta, implacável e sinistra sobre nossa pátria, basta ver nosso desempenho quase todo pífio nos jogos da disputa mundial há pouco concluída. Continua, 

é certo, que o futebol ainda nos mantém um tanto quanto de pé, e tudo porque tem natureza inata e conta com seus próprios recursos da venda de ingressos, antes do fechamento dos estádios ao público, mas quando não, é verdade que o nosso time feminino foi eliminado, além de outras modalidades. Os nossos craques que brotam às pampas, desde crianças, não recebem nenhum apoio oficial, surgem porque surgem, aqui e ali, ao lado de outros poucos esportes, que, aliás, raros, mas nos tem surpreenderam em Tókyo.

Cabe então que os senhores políticos dos níveis federal, estadual e municipal que deveriam cuidar dos destinos do país, do estado ou do município, antes de voltarem a repousar os traseiros nos assentos que lhes servem como se tronos fossem, se no exercício de mando consultassem suas consciências, feito o circuito vital  orgânico entre o norte, nordeste, e centro oeste do próprio corpo e mesmo lá no sul (se disse sul…), tomassem alguma providência, já que a pátria por  vezes se veste de uniforme esportivo em busca de  glorificar-se. 

Não sei, não… sei, sim! Pelo futebol, desde 1958, esse suposto rótulo acima, da verve de Nelson Rodrigues, esfumaçou-se nas dobras do tempo, eis que somos mesmo o país do futebol a partir de então, de modo que se não temos o mesmo renome em algumas outras disputas modais, muito disso se prende à falta de apoio de quem deveria considerar que a reputação esportiva eleva um país perante o concerto mundial. Falta investimento, mas antes disso falta mesmo patriotismo, pra se dizer apenas isso, já que o fiel leitor desta estação de escritos semanais bem sabe o que queremos proferir. Não?

Consultados os registros oficiais, resta que o programa Bolsa Atleta do extinto Ministério dos Esportes, registrou entre 2017 e 2021 o menor orçamento em comparação ao ciclo olímpico anterior, numa queda de 17%. Para as mulheres atletas, o cenário foi pior: 34,8% das garotas desistiram de seguir carreira em alguma modalidade esportiva por falta de incentivos, de acordo com uma pesquisa feita pelo Ministério dos Esportes.

Nesse cenário a especialista Katia Rublo explica que com o Governo de Jair Bolsonaro que extinguiu o Ministério do Esporte, há o temor do que está por vir, assim: “Me preocupa como chegaremos às Olimpíadas de Paris em 2024”. Talento, já sabemos que há de sobra, mas… Agora futebol, remarque-se. Pois é… somos Penta Campeões Mundiais consagrados em 1958; 1961; 1962; 1970; 1994; e 2002?. Tetra nas copas das Confederações em 1977; 2005; 2009; 2013. E temos 8 títulos da copa América em 1919; 1922; 1949; 1989; 1997; 1999; 2004; e 2007. Mesmo agora nas olimpíadas alcançamos o ouro no futebol masculino! Tudo nato!          

De outra ponta, tem-se em verdade da necessidade de buscar as potencialidades, como mais adiante repousam alguns fatos. Pode-se, no entanto, desde já acreditar, sem exagero, que muitos atletas que seriam do remo, da canoagem, dos saltos acrobáticos, da natação, (haja imensidão de rios e lagos à perder de vista) e mesmo os comuns saltos corajosos com a maior naturalidade atirando-se de árvores altíssimas, quem sabe mais outras opções natas estão dispersas pelo nosso interior, presentes em todos os municípios.

Calha de lembrar adicionalmente agora dos moleques citadinos saltando artisticamente das grades das pontes da cidade, quer dizer a Primeira, a Segunda, a Terceira Ponte e outras sobrepostas nos igarapés, por sinal poluídos, causadores de doenças tropicais , o que já foi objeto de outro texto aqui mesmo nesse reduto redacional, recorde-se sob o título Modus Vivendi x Conto à Causa Mortis, muito disso porque não se atraía a molecada para práticas aquáticas sadias, inclusive este que vos escreve…

A propósito, em certa altura, pós-igarapés, este escriba praticou remo, no Clube Náutico Portugal, instituição já desativada juntamente com rivais, lembre-se o Clube do Remo e outros, um assunto que já mereceu comentário aqui mesmo nesta estação de escritos semanais.

Comentou-se aqui mesmo, de um forte destaque quanto a prática desse esporte, mas de forma desassistida a ponto do Iole, uma embarcação pesada e larga servir para as competições locais, com o uniforme do Clube Náutico Portugal, no início da Av. 7 de Setembro, nem se compare com as que foram mostradas nas disputas das olimpíadas: Skiff, Skiff duplo, Skiff quádruplo. Uma beleza visual e de flutuação! (Conclusão)

É advogado empresarial (OAB/AM 436), Contato @boscojackmonthadvogado.com.br. 

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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