O Brasil é um país que tem um grande potencial empreendedor. Prova disso é que, segundo o levantamento da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2019 o país atingiu o número de 52 milhões de brasileiros que tem o próprio negócio. E em 2020 a tendência é que o Brasil atinja a sua marca histórica de empreendedorismo dos últimos 20 anos, com 25% da população adulta envolvida na abertura de um novo negócio, de acordo com a pesquisa realizada com o apoio do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). A pandemia do novo Coronavírus foi um fator que impulsionou o número de pessoas que vão buscar o empreendedorismo como uma alternativa de renda.
É mais do que evidente a vocação empreendedora da nossa população. E os jovens têm tido um papel protagonista neste cenário. Só no ano de 2017 cresceu de 50 para 57% a participação de pessoas da faixa etária de 18 a 34 anos em novos empreendimentos (GEM 2017 – SEBRAE/IBQP). E segundo os dados dos últimos levantamentos, a realização pessoal tem sido a maior motivação para a abertura de um negócio entre os jovens empreendedores.
Foram feitas pelo SEBRAE 2.132 entrevistas com empreendedores no País e, a partir disso, procurou-se traçar o perfil do jovem empreendedor brasileiro. E o que se pode observar diante dos resultados obtidos é que o anseio por montar o próprio negócio teve início muito cedo para 32% deste público, ainda na adolescência, antes dos 18 anos completos.
Mesmo diante da disposição e talento inegáveis para empreender da população em geral e do público jovem, a burocracia no processo de abertura das empresas e a alta carga tributária também foram lembrados como grandes desafios para quem deseja trabalhar nesta vertente de atuação, seguidos pela dificuldade em inovar e também de se investir em marketing, vendas e na gestão de pessoas. E no caso do Amazonas, a tendência empreendedora não é diferente.
Por exemplo, no quesito Jovem Empreendedor, os índices não são destoantes da média nacional. Com idade entre 25 a 34 anos, a juventude amazonense compõe 22% do total deste público dentro do Estado. As mulheres também têm tido uma expressão relevante, sendo 44% da totalidade estadual formada por empreendedoras no ano de 2018, ante 25% em 2011, revelando um aumento de quase o dobro do número de mulheres entre 2011 e 2018.
Porém, as adversidades tornam-se ainda maiores para quem empreende no Amazonas, uma vez que, além das dificuldades enfrentadas pelos novos empresários já mencionadas neste texto, nossa região enfrenta ainda grande dificuldade na área logística e na ausência de um sinal de internet com qualidade e acessível a todos em nosso território. De 2017 para 2018, por exemplo, o número de empreendimentos amazonenses encolheu 5%. De acordo com informações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, a soma de todos estes fatores contribui para que o nosso estado tenha o maior índice de mortalidade empresarial do País (33%), com 10 pontos percentuais acima da média nacional (dados de 2018).
Diante de todo este contexto e levando em conta o fato do potencial incontestável que o Brasil tem para a área empreendedora, é necessário o estabelecimento de políticas públicas sérias, coesas e estruturantes, como Política de Estado e não apenas de governos, envolvendo todas as esferas do Poder para que, aqueles que desejam empreender possam ter as condições estruturais, legais, administrativas e de investimentos necessárias para que possam concretizar seus projetos; uma vez que novos negócios geram também mais empregos, maior circulação financeira na sociedade, aquecimento do comércio e, consequentemente, aumento da receita pública e crescimento da Nação em diversos aspectos.