8 de setembro de 2024

Empresa parceira na luta ao enfrentamento à violência doméstica

A violência está em todo lugar. Nas ruas, nas praças, nos conjuntos residenciais, e principalmente, dentro da própria casa. Hoje em dia, é raro ter um lar saudável, sem o incentivo à violência ou risco de perigo constante. Não é difícil dizer quem são as principais vítimas desses abusos, pois o histórico da sociedade patriarcal resume a situação das mulheres até os dias de hoje.

Segundo a pesquisa Data Senado sobre ‘’Violência Doméstica e Familiar’’ publicada em 2015, uma a cada cinco mulheres já foram espancadas pelo marido, companheiro, namorado ou ex-namorado no Brasil. Imagine cinco parentes suas, são pessoas próximas que você provavelmente conhece a bastante tempo, sabe o seu jeito e sua personalidade. Agora imagine saber que pelo menos uma delas sofre constante ameaça e violência dentro de sua própria casa e que muitas vezes, ela não tem coragem de pedir ajuda, pois é ameaçada ou tem vergonha.

Situações como essas nos fazem refletir o rumo que a nossa sociedade está levando, onde jovens e mulheres sofrem risco o tempo todo e precisam viver desse jeito, pois ainda não existe uma fórmula para livrar todas as mulheres de possíveis agressões, infelizmente. Ao abrir um jornal ou ligar a televisão, sempre há um caso de violência que chame a atenção pela crueldade, quando você percebe, a vítima geralmente é uma mulher.

Um caso que chamou muita atenção nos noticiários essa semana foi quando um ex-namorado sequestrou sua ex-companheira, a manteve em cárcere privado e tatuou seu nome em seu rosto, como se a mesma fosse uma propriedade privada. O mais revoltante é saber que a jovem já possuía mais duas outras tatuagens com o nome do indivíduo em seu corpo, e que terminou o relacionamento pelo comportamento abusivo que passou com o homem.

Mesmo livre da situação, a moça ainda foi submetida a momentos de tortura, onde não tinha voz para se defender e o abuso chegou ao caso extremo, deixando marcas psicológicas que precisarão de ajuda médica para conseguir seguir a diante. Foi noticiado durante essa semana que a jovem receberá ajuda para remover a tatuagem com o nome do indivíduo, mas me pergunto: apagar o nome irá fazer esquecê-la de tudo o que passou?

É claro que retirar a tatuagem é o mínimo que deverá ser feito, mas é preciso que existam políticas públicas que funcionem e levem assistência antes, durante e depois de casos de violência contra a mulher. O caso dessa moça que foi marcada pelo ex-namorado é apenas um dos casos de surgem diariamente, debaixo dos panos ainda existe muitos casos que são abafados e os números de feminicídios ainda assustam.

Pensando em aumentar e fortalecer a rede de assistência às mulheres vítimas de violência, foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados um projeto de lei que cria o selo ‘’ Empresa parceira na luta ao enfrentamento à violência doméstica’’, onde instituições que contratarem mulheres vítimas de agressão, receberão incentivo fiscal, além de deduções do imposto de renda.

Prestes a passar pelas comissões de Finanças e Tributação; de Constituição e Justiça, e de Cidadania antes de chegar à Câmara dos Deputados, o PL tem como relatora a deputada federal por Goiás Flávia Morais (PDT). Segundo Flávia, a União deverá ser responsável pela contratação dessas mulheres pela plataforma que será criada, intermediando o acesso entre empregador e empregado, devendo assim, preservar a intimidade da mulher que procura se encaixar no mercado de trabalho.

Após o estresse e situação de violência, muitas mulheres querem voltar ao trabalho para tentar ganhar uma independência financeira e recomeçar suas vidas. Ser inserida no mercado como profissional em formação é garantir direitos básicos que antes foram retirados de suas mãos, mas que ainda podem ser recuperados se houver assistência digna e de qualidade. Esse trabalho social amparado através de políticas públicas irá auxiliar as milhares de vítimas que desejam superar traumas e passar para uma nova fase de suas vidas.

 *é Professor Dr. e reitor dá Universidade do Estado do Amazonas

André Zogahib

Presidente da Fundação Amazonprev Professor Dr. da Universidade do Estado do Amazonas

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