Nesses encontros com a Alemanha, ou outro país da Europa preocupados corretamente com a floresta em pé, não pode somente ter representante da área ambiental acompanhando o governador Wilson Lima. Certamente a articulação foi feita pela área ambiental, mas num encontro onde tem a presença do conselheiro para Temas Agrícolas da Alemanha, Ansgar Aschfalk, é inaceitável que nesse encontro não tenha tido a presença de um técnico do Sistema SEPROR (tem vários no Sistema Sepror). Na matéria divulgada na mídia, o próprio secretário da SEMA afirmou aos alemães que “97% da floresta no estado segue preservada”, mas em pauta o que mais li foi sobre combate ao desmatamento e queimada.
O “desenvolvimento sustentável” que vem se falando nas últimas décadas não saiu do papel. Tem deixado míseros centavos na conta de quem verdadeiramente protegeu a floresta. É só rever os números da extrema pobreza e da pobreza ditos pela secretária Alessandra Campelo durante lançamento do necessário “auxílio estadual” do governo Wilson Lima. Se tivesse algum técnico do Sistema Sepror nesse encontro certamente seria dito que os manejadores do pirarucu venderam a produção abaixo do preço mínimo e deixaram de receber mais de um milhão em subvenção federal. A Conab tem o nome, CPF, endereço e quantidade vendida por cada um desses manejadores. É só solicitar ou acessar o site da Companhia. Aí sim caberia um Termo de Cooperação Técnica entre Alemanha e Brasil (Conab) para pagar esses pescadores/manejadores que mantém a floresta em pé para a Alemanha, Noruega, Dinamarca e por aí vai. Pagar direto na conta deles, sem intermediário seja público ou privado. Parte desses R$ 11,3 milhões da Alemanha bem que poderia ser direcionado a esses manejadores que levaram calote do governo federal, pois tenho certeza que o estômago desses manejadores está “queimando” de fome. E não só deles, mas também dos 1,5 milhão de amazonenses que não tem o que comer diariamente. Se tivesse algum técnico do Sistema SEPROR nesse encontro certamente seria dito que o Amazonas não finalizou o ZEE, e nem os Pronaf´s agroecológicos chegam aos defensores da floresta. Acredito que uns 10 anos atrás, ainda pela Conab, no Rio, em Workshop, no Hotel Windsor, acompanhado das colegas Ianelli e Kelma mostramos a membros de uma das Universidades de Berlim a realidade dos manejadores do pirarucu, ficaram impressionados, mas até hoje nada mudou em termos de renda.
Conseguimos incluir na PGPMBio, mas o governo federal não teve dinheiro pra pagar. Falar em bioeconomia sem resolver esse problema do extrativista que faz parte da PGPMBio é brincar com a vida desse povo. Sou amazonense, vivo nos 3% desmatado, 97% preservado, mas com metade da população sem tem o que comer, e só entra na pauta com esses países ricos, que não fizeram a parte deles no passado, a preocupação com o desmatamento e queimadas. Isso não é justo! Com os números da pobreza que o governo Wilson assumiu o governo em 2019 fica fácil concluir que esses “projetos sustentáveis” do passado que foram aplicados com recursos internacionais não mudou a realidade do interior, nem poderia mudar, em razão do valor que chegou no bolso dessa população. Seria bom informar pra Alemanha quanto ganha um manejador por ano, informar pra Alemanha que até hoje o IBAMA não liberou a quota de pesca de algumas comunidades. É na geração de renda que esses países devem atuar fortemente.
O governador Wilson Lima foi feliz quando disse a seguinte frase nesse encontro “…no momento em que eu tenho mais geração de emprego, mais geração de renda, a pressão sob a floresta diminui”, destacou Wilson Lima. Fica minha sugestão para que algum técnico do sistema SEPROR participe dos próximos encontros para auxiliar o governador Wilson Lima mostrando aos alemães a realidade do produtor rural do Amazonas. Dei o exemplo do manejo do pirarucu, mas poderia dar outros. Um estado com 97% preservado a pauta principal, o investimento principal deve ser na renda, e não desmatamento e queimadas. Repito, seria bom pegar parte desses 11 milhões da Alemanha e pagar o manejador que vendeu sua produção abaixo do custo de produção pra manter a floresta em pé, fazer o ZEE, agilizar o licenciamento ambiental ao produtor rural e acabar com a novela do CAR. Faço essa sugestão ao governador Wilson Lima por estar sendo o melhor gestor para o setor primário das últimas duas décadas, o mais próximo, e o que tem feito resgate histórico de pendências de anos, e a mais recente foi a adesão ao Garantia Safra que vai beneficiar os ribeirinhos atingidos nas próximas enchentes.