Entre a cruz e a espada

Em: 7 de abril de 2020
Divulgação

Lutar pela vida ou manter a economia viva e evitar a quebra do país? Parece uma pergunta simples com uma resposta fácil, respondida atualmente pela maioria da população brasileira, que faz a opção pela primeira alternativa. Afinal, como eu já afirmei em um comentário, “a economia pode ser ressuscitada, mas vidas humanas jamais!”.

Quando o nosso presidente vai à tribuna do palácio do planalto e declara que uma parte dos brasileiros deveria trabalhar para manter pelo menos a comida em casa e que ele se preocupa com os quarenta milhões de brasileiros que estão sem perspectiva de vida, a confusão é generalizada e as pedras são atiradas de todos os lados. Absurdo o chefe da nação falar em volta ao trabalho logo após seu próprio ministro da saúde ter aconselhado o isolamento social. Os Estados unidos, ponto de referência para a maioria, estão se debatendo com a crescente onda de infectados e um número de mortos que saltou em duas semanas de 22 para mais de 3.000.

Eu estou na faixa de risco, acima dos sessenta anos e estou em isolamento social, sem poder sair de casa, sem contato com minha mãe e meus filhos e trabalhando “on line”, com meus alunos reagindo comigo através da tela do computador. Eu estou produzindo, mesmo em quarentena, ajudando a manter uma parte da sociedade em atividade e movendo parte desta máquina econômica. Ao mesmo tempo em que cuido da minha saúde e dos meus entes queridos, mantenho minha atividade de trabalho, executo meu trabalho normalmente e logicamente faço com que a renda da minha empresa e a minha, seja mantida durante o período em que durar toda esta pandemia.

No entanto, assistindo a uma reportagem com uma família que está completamente parada e cuja renda depende da atividade nas ruas, comecei a pensar um pouco e fazer algumas elucubrações: deixando a emoção de lado e pensando de maneira lógica, me colocando no lugar de um pai de família, com um filho pedindo leite e pão pelo menos e o coitado não podendo comprar. O governo dizendo para ele que o melhor é ficar em casa, que esta atitude garante o sistema de saúde e a própria saúde dele e dos filhos; mas o filho, quando não são bem uns seis filhos, pedindo comida e ele não tendo absolutamente NADA para oferecer. Qual seria a minha atitude no lugar deste pai? Eu ficaria em casa? Eu iria obedecer ao isolamento, mesmo sabendo que sair para trabalhar me colocaria em risco de morte?

Voltei a pensar no pronunciamento do presidente, mesmo com seu jeito debochado de falar e nas explicações que deu, quando falou que pensava nos quarenta milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja: miséria. Este turbilhão de pessoas certamente devem estar entre a CRUZ E A ESPADA, sem saber se obedecem as autoridades e ficam em casa esperando uma ajuda governamental que foi prometida, mas ainda não chegou; ou se vão trabalhar para proporcionar um mínimo que seja para manter suas famílias. 

Vivemos em um sistema econômico e social mais que desigual, beirando o desumano, por conta de lutas políticas entre grupos de pensamentos ideológicos de esquerda e direita que há muito buscam dominar nosso país. Tivemos a oportunidade de melhorar muita coisa, quando estabilizamos uma situação de caos através do Plano Real, uma criação de economistas brasileiros com a chancela de um presidente que teve coragem: Itamar Franco.

No entanto, a partir do momento em que o Brasil voltou a ter riquezas, ter reservas internacionais e crédito mundial, passou a ser novamente alvo da cobiça política e ideológica daqueles que já tinham tentado implantar seu reinado por aqui na década de 60. E a tática foi a mesma que está sendo utilizada atualmente: desmoralizar o governante atual e fazer o povo sentir a necessidade de um salvador para a desgraça. O Coronavírus, ou COVID 19, como queiram chamar, veio de bandeja para esta corja, que tem elementos que chegam a elogiar esta pandemia como uma seleção natural. Realmente são capazes de qualquer coisa para voltar ao poder, para quebrar novamente nosso país que ainda nem se recuperou do Rombo que foi deixado.

Será que os brasileiros não vão conseguir enxergar nesta pandemia a falta que está fazendo os investimentos que foram desviados para outros países ou mesmo para obras indevidas? Os portos em Cuba, A Hidrelétrica na Argentina, o metrô no Panamá e a refinaria na Bolívia, entre outros roubos, quantos hospitais e escolas poderiam ter sido geradas em nosso território? Quantos empregos teriam sido garantidos, gerando riqueza e nos ajudando a enfrentar de maneira mais garbosa esta desgraça? Agora é só escolher.

*Origenes Martins Junior é economista

Fonte: Orígenes Martins

Orígenes Martins

É professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
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