23 de novembro de 2024

Esperança

Na primeira vez que o professor Caraíba se viu fora da sala de aula, após tantos anos de trabalho escolar, ele disse a si mesmo: “Eu ainda estou vivo! Agora, vou aproveitar o tempo que me resta para fazer somente coisas que me dão prazer”, e o seu coração se encheu de esperança.

O professor Caraíba sorria ainda num relaxamento doce, quando entrou na academia. “E como vai esse moço?”, perguntou o instrutor. “Agora vai muito bem!”, ele exclamou. E baixando a voz, respondeu baixinho: “Quero recuperar o tempo perdido”. “A vida moderna obriga o ser humano a levar uma vida sedentária e o uso diário de meios de transportes mecanizados acelera o envelhecimento do aparelho locomotor. Ou seja, a necessidade de ganhar tempo, a distância entre o domicílio e o local de trabalho, obriga o ser humano a andar cada vez menos, com grandes prejuízos para a sua saúde”, disse o instrutor.

“Eu era…”. “Não precisa se explicar mestre! Por vários motivos, poucas são as pessoas que se dedicam com afinco nos exercícios físicos, até nas caminhadas, por exemplo. Muitas vezes, a preguiça fala mais alto! Na verdade, a maioria das pessoas prefere ficar em casa, assistindo filmes e conectadas as redes sociais”, disse o instrutor.

O professor Caraíba fez um gesto com a cabeça concordando com o instrutor e em seguida disse-lhe: “O que eu quero, de verdade, é que as pessoas ao meu redor, os meus amigos sejam felizes, afinal, não é para isso que existimos? O fim último do ser humano não é ser feliz?”. “A pergunta que não quer calar é a seguinte professor: O que é a felicidade? Como ser feliz?”, indagava o instrutor.

O professor Caraíba refletiu um pouco e em seguida continuou: “É verdade que os especialistas da área dos esportes afirmam que a vida sedentária não contribui em nada com a felicidade?”. “É verdade sim, professor! Para sermos felizes precisamos nos movimentar. Além de melhorar a circulação, praticar exercícios físicos, como, por exemplo, uma caminhada moderada, aumenta a sensação de bem-estar, alegria e disposição”. 

“Já quero!”, exclamou o professor Caraíba. “O segredo é movimentar-se, não ficar parado! Mais atenção, quando for praticar alguma atividade física, alguns cuidados são necessários: 1) respeite os limites físicos do seu corpo; 2) busque um ambiente mais fresco; 3) consuma alimentos ricos em água; 4) utilize protetor solar; 5) atente-se aos horários; 6) crie uma rotina; 7) aumente a intensidade do treino gradativamente; 8) tenha um acompanhamento profissional”, disse o instrutor.

Depois de uma breve pausa na respiração, o instrutor continuou: “Ao se fazer algum tipo de exercício físico, uma caminhada, por exemplo, não é aconselhável carregar objetos eletrônicos, pacotes, chaves, óculos escuros, que atrapalhem os sentidos, principalmente a visão e audição. Infelizmente a maioria dos acidentes e até de mortes são ocasionados pela falta de atenção e\ou pela perda do equilíbrio quando estes objetos caem e a pessoa se abaixa para apanhá-los”.

“E o que devemos fazer?”, perguntou todo preocupado o professor Caraíba. “Para evitar esse tipo de risco, ou seja, para fazer uma boa atividade física basta estar com a saúde em dia, beber bastante água e escolher um tênis e roupas confortáveis. Acessórios demais acabam atrapalhando e sendo prejudicial à saúde!”, disse. 

“E para pessoas sedentárias que nem eu, o que o senhor recomenda?”, perguntou todo interessado o professor Caraíba. “Com o avanço das ciências médicas, a atividade física é recomendada para todas as pessoas, não importando a idade, desde que ela esteja com a saúde em dia e com o devido acompanhamento de um profissional. Meu caro professor, já foi comprovado que a prática de atividade física gera uma grande quantidade de benefícios para o nosso corpo e também para nossa mente”, concluiu o instrutor.

Após as primeiras atividades físicas, o professor Caraíba disse ao instrutor, com o coração cheio das mais sinceras emoções: “É importante educar as crianças para a prática da atividade física. Elas, como ente em evolução, necessitam-se movimentar-se continuamente e são infatigáveis. Assim, quando elas se tornam adultas colocarão as atividades físicas em suas listas de prioridades”. 

E o professor Caraíba concluiu dizendo: “Como eu seria outra pessoa se eu tivesse iniciando cedo na prática dos exercícios físicos!”. “Certamente!”, concordou o instrutor, para em seguida reforçar: “Mas lembre-se de uma coisa: nunca é tarde para começar a praticar alguma atividade física. O senhor é exemplo disso!”, e ambos caíram na gargalhada!

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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