As pessoas com Deficiência enfrentam enormes desafios ao longo de suas vidas. Em todos os âmbitos. E na prática desportiva não é diferente, especialmente em nosso País, que apesar de avanços importantes na Legislação, ainda está distante de se tornar uma Nação verdadeiramente inclusiva. São muitas as barreiras que ainda impedem que as pessoas tenham acesso a seus Direitos e Garantias Constitucionais. E justamente em virtude da relevância que o esporte tem na vida e na saúde das pessoas, nos mais diversos aspectos, é que a Carta Magna Brasileira de 1988 dedica um capítulo completo às temáticas ligadas à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer, ao longo do Artigo 21. Na questão legal, há ainda a existência da Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência). O Estado Brasileiro tem o dever de investir nestas áreas, com políticas públicas efetivas, pois o desporto é uma poderosa ferramenta inclusiva. Como já abordamos em outras oportunidades, a prática desportiva é defendida de forma expressa na Constituição, tendo a sua aplicabilidade classificada em diferentes tipos, de acordo com a função que exerce na vida e no cotidiano do cidadão. As 3 áreas classificadas são: Educacional; de Lazer e de Alto Rendimento (para a obtenção de resultados e formação de atletas profissionais).
E em cada uma das 3 áreas supracitadas há diversas barreiras enfrentadas pelas Pessoas com Deficiência. Por exemplo, no setor de Educação, os professores, em geral, não recebem a devida preparação e nem o suporte para trabalhar com os alunos que possuem necessidades especiais, além da ausência de ambientes adaptados para as atividades no ambiente escolar, uma vez que na maioria das instituições de ensino (especialmente as públicas) não se têm as condições adequadas para atender este segmento da sociedade. Já no contexto do Lazer (que poderia ser uma alternativa mais plausível para esta parcela da população praticar exercícios físicos com liberdade e possibilidades que atendessem às suas necessidades), as dificuldades existentes também são profundas, uma vez que grande parte das cidades e áreas urbanas (como praças e locais públicos para a prática desportiva) não possui acessibilidade; além de locais, como academias, nem sempre terem em seus quadros profissionais qualificados para atender esta demanda importante da população.
E a falta de estrutura para o exercício do direito de realizar atividades físicas adaptadas nas fases ‘Educacional’ e ‘Recreativa’ se tornam, muitas vezes, um entrave para que as pessoas com deficiência possam entrar para o desporto de alto-rendimento. Contudo, estes guerreiros não se intimidam e não abrem mão de lutar e superar todo e qualquer limite. Tanto é assim que nós podemos contemplar, a cada edição dos Jogos Paralímpicos, que com dedicação e foco quaisquer obstáculos podem ser transpostos.
A competição Paralímpica congrega modalidades desportivas adaptadas para as deficiências (que podem ser tanto de ordem física como mental). E os resultados são os melhores, em todas as áreas da vida dos paratletas, pois com o estímulo da competição esportiva, eles vão avançando em sua saúde a aprimoramento de aptidões. As Paralimpíadas nasceram na Inglaterra, porém, sua primeira edição se realizou em Roma (Itália), no ano de 1960. A motivação que gerou o surgimento deste torneio internacional está nas ações para reabilitar soldados feridos em guerra. Depois, este grande evento do Paradesporto Mundial foi ganhando cada vez mais a adesão de diversas Nações e se expandindo. Além das 27 modalidades que compõem o portfólio da competição, existem outras que são praticadas exclusivamente pelos paradesportistas, como bocha, goalball e ‘futebol de cinco’. Neste ano se dará a realização da XVI Paralimpíada, na cidade de Tóquio, no Japão. O ano original seria 2020 (tanto que as logomarcas oficiais não foram alteradas), porém precisou haver o adiamento em 1 ano (pela primeira vez na história dos Jogos) em virtude da pandemia do novo Coronavírus, causador da Covid – 19. As expectativas para o torneio são as melhores, inclusive para o nosso Brasil, que tem grandes e habilidosos paratletas. O período pandêmico ainda não foi superado e, assim como as Olimpíadas de Verão de Tóquio (finalizadas neste mês de agosto), o Evento Paralímpico atual vai exigir uma série de medidas sanitárias e de prevenção para a realização de uma competição segura para todos os envolvidos, direta ou indiretamente, neste grande acontecimento. Parabéns aos nossos guerreiros, que são exemplos de superação e inspiração para todos nós. Avante, Brasil! Está mais do que na hora de ser dado todo o apoio e valorização merecida aos nossos desportistas e paradesportistas, que tanto nos orgulham.