Essa é a razão de sermos invisíveis ao mundo, amigo governador Wilson Lima

Em: 22 de março de 2022

Esse pronunciamento do governador Wilson Lima durante evento que contou com a presença de lideranças ambientais do Brasil e do mundo é o que tenho defendido há 35 anos de vida pública, 20 anos na minha coluna do JC e 10 anos no BLOG THOMAZ RURAL. Em todo esse período a floresta sempre esteve preservada, e quando o governador fala a verdade de que “….aos olhos do mundo somos 38 milhões de pessoas invisíveis...” fica evidente a falha de comunicação e de atitude das nossas lideranças ambientais que vem desde o governo Eduardo Braga e que ainda estão no governo. É o caso do secretário Eduardo Taveira, que tem origem na FAS, fundação que, no passado, no governo Eduardo, também já teve secretário de meio ambiente no comando. O recado dado por essas lideranças ambientais ao Brasil e ao mundo ao longo dessas décadas foi equivocado, só pensaram na floresta, esqueceram do homem da floresta, é por isso que, de fato, somos invisíveis. 

Os discursos dessas lideranças se limitaram a floresta em pé, consultorias, viagens, seminários, simpósios, congressos, estudos, reuniões e mais reuniões etc. Participei de vários FAS, mas nada evoluiu em termos de programas de geração de renda até hoje. Nunca foi o foco deles.  Se fosse diferente, se as ações feitas até hoje fossem sucesso, jamais teríamos “38 milhões de pessoas invisíveis“, jamais o governador Wilson teria recebido o governo com metade da população na pobreza (48% segundo do IBGE/2021). É por isso que o mundo pensa assim, a mensagem passada por essas lideranças ambientais é colocada totalmente diferente do exemplar discurso do atual governador, diferente da realidade que aqui vivemos. Por exemplo, fiquei muito triste quando vi no site da Sema uma foto com a floresta em fogo destacada na propaganda do programa de combate às queimadas. Essa imagem roda o mundo, e não é isso que temos aqui. Penso que deva ter sido colocada de forma estratégica.

Essa é minha agonia, essa é minha pressa, essa é minha preocupação. Essas lideranças não têm compromisso com renda digna compatível com o valor da nossa floresta. 

Quando eu disse que não recomendaria o evento aqui em nosso Estado, é porque podem usar que o encontro foi aqui realizado por ter muito desmatamento e queimadas, o que não é verdade, e, com isso, mais restrições a gente pode receber do mundo que não nos conhece, mais travados poderemos ficar para levar dias melhores ao interior. Aqui temos 98% preservados. Esse encontro era para ter sido realizado em cidade ou país com alto nível de desmatamento e queimada, presidido pelo nosso governador, que levaria nosso belo exemplo de preservação, mas também a dificuldade que temos para melhorar a vida dessas pessoas que defenderam e defendem esse patrimônio. 

Temos que mudar de interlocutores, ou que verdadeiramente sigam as recomendações dadas desde o primeiro dia de governo, foco no cidadão, pelo governador Wilson Lima.

Tenho 35 anos de vida pública e mais quatro de espectador, já vi vários eventos dessa natureza e nosso caboclo, como dito no discurso, não sentiram esses investimentos no bolso. O atual secretário de meio ambiente diz que é “estória” o meu relato, eu digo que é “história” a realização de eventos que não deram em nada e por esse motivo temos metade do Estado invisível, na pobreza. Tá na hora de mudar, de ouvir amazonenses formados na UEA e Ufam sobre nossa floresta e o homem que nela vive. O paulista e o carioca já deram sua contribuição, tem 98% preservados, agora é a vez da verdadeira geração de renda e não faz de conta, de centavos ao nosso caboclo.

Como disse acima, está na hora das nossas lideranças ambientais que estão na UEA e na Ufam aparecerem, assumirem esse desafio, o comando da nossa floresta e também do homem que nela habita. Esse silêncio, essa submissão dessas lideranças ambientais que existem na UEA e Ufam eu não entendo.  

Defendo essa posição há bastante tempo, inclusive o nome que sugeri para a Sema antes do governador Wilson assumir era da Ufam. Essa minha posição não é de hoje, vem de décadas no JC e no BLOG. O governador Wilson já marcou história no setor primário do Amazonas pelos resgates que já fez no setor primário, mas a área ambiental não fez o ZEE, o crédito de carbono não chegou no interior, o REDD+ nem se fala, concessão florestal é utopia e o licenciamento ambiental anda a passos de tartaruga.

Ajudei o governador Wilson na eleição, e vou caminhar junto caso ele queira na eleição de outubro (independente de pesquisa, pode estar em primeiro ou em último lugar nas pesquisas, não sou e nunca fui oportunista, muito menos puxa-saco de parlamentar para ficar no poder de órgão federal como fazem alguns gestores) por tudo que já fez nesses três anos pelo setor primário, mas deixar de dar minha opinião, minha sugestão, não faz parte do meu jeito de ser, mas respeito a decisão. Minha crítica é exclusiva quanto à gestão dessas lideranças ambientais que deixaram o Amazonas preservado, mas pobre.

Thomaz Meirelles

Servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]
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