23 de novembro de 2024

Eu, murista, quase sempre

Carlos Silva

A Humanidade e o mundo mudaram, e muito, e isso é óbvio e natural. Na minha infância, todo moleque sabia, de cor e salteado, todos os nomes dos jogadores da Seleção Brasileira de Futebol. E nunca havíamos ouvido falar de nada sobre política. Atualmente, a molecada sabe, de cor, o nome dos ministros integrantes do Supremo Tribunal Federal e quase ninguém sabe, aos menos, o nome de cinco jogadores da Seleção, que, aliás, já temos definida?  Enfim, o fantástico poder da mídia televisiva muda até os princípios e valores de alguns milhões de brasileiros. Naqueles tempos, maravilhosos por sinal, nunca vi ou ouvi discussões sobre cor da pele, lixo em lugar errado, preferências ideológicas e outras coisas do gênero, além de preferências religiosas. Hodiernamente, é só o que discute nas mesas de bar por aí.  Bem, eu me julgo e me policio para não ser um “influenciado pelas ideias de outrem”. E tenho conseguido. Nas minhas aulas, em determinada ocasião, ao assumir uma  turma de outro colega, no intervalo os discentes estavam discutindo o candidato A contra o candidato B em eleições passadas. Do nada, perguntaram a minha opinião e o meu voto. Respirei e olhei aqueles semblantes de curiosidade me olhando, fixos e em silêncio. Iniciei minha abordagem dizendo que, em lugar nenhum, principalmente em sala de aula, eu não abordo temas voltados a meio ambiente, opção sexual, religião, futebol e ideologia política e além de tudo, o voto é secreto. Então, me posicionei totalmente em cima do muro. Os alunos insistiram e me cobraram posicionamento. Então eu me posicionei, radicalmente, de novo, em cima do muro. E encerrou a discussão.  Muitos concordam com esta minha visão. Muitos discordam. Que bom. Mas, como as minhas contas quem paga sou eu, e não estou candidato a cargo eletivo, as opiniões de outrem, favoráveis ou não, encontram vácuo na minha consciência. Nada mais inútil que entrar na neura de defender, na sociedade, o que você pensa sobre orientação sexual, se é de direita ou de esquerda, se é cristão, judeu ou muçulmano, se é flamenguista ou vascaíno, se mico leão dourado é bom com arroz ou é crime almoçá-los e se não se deve abrir estrada na selva. Com relação à ideologia, simplesmente vou lá e voto! E em quem eu quero, e pouco importa a campanha dele ou dela. Com relação à orientação sexual, eu tenho a minha, bem definida. Time de futebol? Sim, eu tenho um time pelo qual eu torço. Mas, você precisa saber disso? Concordo em proteger o meio ambiente, mas, sem terrorismo. Mas, em outras ocasiões, eu tenho que fazer e o faço: decidir, se posicionar. Existem milhões de oportunidades para você escolher um lado, além desses aspectos citados neste artigo. Você concorda ou não? Ótimo. Fique com o seu voto e eu com o meu. Somos livres para isso. E a vida segue ! Com cervejas! Geladas ! 

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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