Por Juarez Baldoino da Costa (*)
Há quem imagine que a valsa Eurídice do poetinha tenha sido composta para algum de seus vários amores femininos. Entretanto, ela foi feita para os amigos, dele e também para os nossos.
A letra
“…
Não há nada que conforte
A falta dos olhos teus
Pensa que a saudade
(Mais do que a própria morte)
Pode matar-me
Adeus.”,
alude à separação dos amigos pela morte.
Vinícius escolheu o nome da canção a partir de uma das versões da mitologia grega, na qual Eurídice, esposa de Orfeu, foi resgatada por ele do vale da morte, por pedido que fez a Hades, deus do submundo, para ter de volta o seu amor. Hades o atendeu, mas ela desaparece pela segunda vez e agora para sempre, porque Orfeu se descuidou e não cumpriu a promessa de não olhar para a amada no caminho do resgate.
Os amigos quando morrem provavelmente se reencontram no Céu, segundo Vinícius, embora seja um local que, também segundo o poetinha, ninguém voltou ainda prá dizer como é.
Na declamação de apresentação da composição, há ainda a confissão de Vinícius de que amigo é escolha que se faz sem consulta, e às vezes até sem comunicar; é-se amigo.
Por isto, diz o poeta, o choro pela amada que parte é quase insuportável, mas a partida de um amigo, “…pode matar-me, Adeus”.
Tens amigos? Cuida deles.
(querendo, segue link da canção com Baden Powel e Mariana de Moraes aos 1:35 minutos)
(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.