20 de setembro de 2024

Falar de amor é preciso – Parte 4

Renato Russo, na canção “Pais e Filhos”, já dizia: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. E ele tinha razão. Ame as pessoas e se importe com elas enquanto estão vivas. Depois que elas morrem, não há mais nada que você possa fazer por elas. 

Todos nós, um dia, cedo ou tarde, haveremos de morrer. Este é um fato incontestável. Rico ou pobre, doutor ou analfabeto, crente ou ateu, todos, um dia deixaremos de existir. Não importa a cor da pele, a classe social, o quanto de dinheiro você tenha, diante da morte, todos nós somos iguais. 

Por isso, de nada valerá sua arrogância, seu orgulho ou sua avareza. Quando a morte chegar, tudo isso findará. Não deixe para dizer para a pessoa que convive com você que a ama muito somente quando a morte chegar. Aí vai ser tarde demais. Depois da morte, segue-se o juízo final. 

A morte não é o fim de tudo, mas um novo começo. Com efeito, Mário Sérgio Cortella, filósofo brasileiro, no seu livro “Viver em paz para morrer em paz”, é categórico ao afirmar: “Há pessoas que morrem mesmo estando vivas, pois são banais, fúteis e inúteis, não fazendo falta”. 

No entanto, para este mesmo filósofo, “Só há um jeito de fazer falta: sendo importante, mas não no sentido de ser famoso. Tem muita gente que é importante, e não tem a menor fama, enquanto há gente famosa que não possui a menor importância”. 

Ainda segundo Mário Sérgio Cortella, “A pessoa importante é aquela que faz falta, por exemplo, no presente momento tem uma auxiliar de enfermagem num hospital da prefeitura de um estado auxiliando alguém que está em coma há três meses – essa profissional é absolutamente importante”

Antes que a morte venha lhe buscar, ame, perdoe, seja humilde, faça o bem, esteja presente na vida das pessoas, seja feliz; viva de maneira saudável e altruísta, pratique a justiça, invista nos seus sonhos. Mas acima de tudo: pense na vida após a morte. Ela existe. “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso?” (João 11:25).

Quem ama não morre. O amor edifica, “constrói pontes indestrutíveis” como cantou Charlie Brown Jr. Certamente se assim o fizermos, o mundo será um lugar lindo, harmonioso. Quem tem amor no coração não morre jamais; é lembrado por todos e torna-se uma pessoa inesquecível.

É como eu sempre digo. Martin Luther King Jr tinha todo o direito de ser amargo, egoísta e preconceituoso. Na época em que ele viveu, até o seu assassinato em 1968, os Estados Unidos vivia um terrível problema de segregação racial e ele sofreu na pele todas as dores do mundo. Não obstante a tudo isso, ele escolheu o caminho do amor, do perdão, da esperança, e respondeu assim aos seus acusadores: “Eu decidi ficar com o amor. O ódio é um fardo muito grande para carregar”. 

É isso mesmo. O amor é a única saída para todos os problemas do mundo. E o amor não é teoria, é feito de gestos concretos. Você já experimentou amar hoje? Já disse para a pessoa que está ao seu lado que o ama muito? Por fim, quem ama de verdade, não adianta disfarçar, é um careta incorrigível. E eu, Luís Lemos, sou, de vocação, um careta.

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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