O que há de mais feliz na vida do trabalhador do que poder tirar uns dias de férias? Parafraseando Nosso Senhor Jesus Cristo, eu digo: “Nem só de trabalho vive o homem”.
Segundo o dicionário Aurélio (2014, p.336), férias significa “O período de descanso a que têm direito empregados, servidores públicos, estudantes etc., depois de passado um ano ou um semestre de trabalho ou de atividades”.
Pois bem, sou professor e estou de férias! Mas você sabe dizer o que faz um(a) professor(a) de férias? Não? Então eu vou lhe contar. Um(a) professor(a) de férias continua fazendo exatamente aquilo que ele(a) faz durante todo o ano: cuidando de pessoas. Ser professor(a) é isso, amar à vida, amar a educação, gostar de gente, ser ético, gentil, esperançoso, corajoso, destemido…
Não tem como fugir, como escapar. Ser professor(a) é ser um observador atento da realidade, da boa ou da má educação. Dessa forma, o professor(a) não tira férias da educação. Ele(a) sai de férias da escola, do ambiente de trabalho, mas continua educando. Por isso, um(a) professor(a) ao se deparar com a falta de educação, com um comportamento indesejado, seja lá de quem for, na escola ou fora dela, não pensará duas vezes em intervir, corrigir, educar. Faz parte de sua profissão.
Da mesma forma como um profissional de saúde (médico ou enfermeiro) não pode deixar de prestar os primeiros socorros a um acidentado, um(a) professor(a) não pode deixar de corrigir uma criança ou um adolesceste quando este faz um mal feito. A educação de um(a) professor(a) é de tempo integral, em todo tempo e lugar, nunca tira férias!
Outrossim, isso não é um peso para o(a) professor(a). Ele(a) recebe formação para isso. Naturalmente, nem todos são ou pensam dessa maneira. E isso é muito bom. Imagina se fossemos todos iguais, seria um horror, não? Para mim, à diversidade e a pluralidade de ideias são sempre sinônimos de inteligência.
Por outro lado, não podemos negar, existem sim professores(as), assim como em toda profissão, que acham que ao tirar férias, tiram também férias da educação. E aí, nesse campo, à jurisprudência é enorme. Existem muitos causos a serem contados. Mas para não ser muito cumprido este artigo, até porque ninguém gosta de texto muito longo, vou ficar apenas no causo do eminente professor, daqui de Manaus, que foi passar suas férias em Fortaleza.
Pelo bom trabalho que vinha desempenhando junto à comunidade escolar, junto aos seus colegas professores, ao alunado, e por ser filho de um político tradicional da cidade, ele era cotadíssimo para assumir a Secretaria Municipal de Educação. Mas lá chegando, depois de “tomar todas” com os amigos na praia de Iracema, e já muito bêbado, cometeu o pior dos desatinos há um aspirante à Secretário de Educação: baixou a sunga que vestia e mostrou à bunda para uns turistas que passavam pela praia.
Quando uma criança que acompanhava o grupo disse, toda inocente, “- Mãe, olha aquele homem mostrando a bunda branca” -, todos riram às gargalhadas. Um outro adolescente, que também fazia parte do grupo, fez o registro fotográfico.
Ao chegar em casa, postou essa foto em suas redes sociais. Em questão de horas, já tinha milhares de curtidas. A impressa local sabendo da “importância” do caso, deu voz e vez ao adolescente fotógrafo.
Enquanto isso em Manaus, os familiares do professor estavam em pavorosos, tentando “apagar fogo com gasolina”. Mesmo a família sendo de “gente importante” na cidade, não conseguiram, à desgraça estava feita. A ruína do professor e futuro Secretário de Educação de Manaus estava só começando…
Esse professor era casado. Digo era porque depois do episódio a sua esposa pediu-lhe à separação. Entre os seus adversários políticos, foi ridicularizado, recebeu a alcunha de “O homem da bunda branca”. Ele perdeu tudo: o trabalho como professor, a carreira política, a autoestima, ficou na miséria.
Hoje não se sabe por onde ele anda, nem se está vivo ou morto, nunca mais se ouviu falar dele na cidade. Por isso que eu digo, o(a) professor(a) sai de férias, mas à educação nunca sai de férias, ou pelo mesmo não deveria sair. Fica à dica!