Acabei de receber fotos, vídeos e relatos atualizados do interior. Se acessarem o meu blog Thomaz Rural (www.thomazrural.com.br), verão a triste realidade da estrada ANORI/CODAJÁS. São apenas 70 km de distância, mas fundamentais para o escoamento da produção de açaí. No entanto, as condições precárias dessa via tornam a vida do produtor rural amazonense um verdadeiro desafio. Como ele pode abastecer a capital e competir com o restante do país se, antes mesmo de vender sua produção, já enfrenta um grande obstáculo para retirá-la do campo?
Ano após ano, governo após governo, promessas são feitas e nada acontece. Foi exatamente isso que o presidente da FAEA, Muni Lourenço, sugeriu ao governador Wilson Lima no recente encontro na FIEAM: infraestrutura para que o pequeno produtor possa trabalhar com dignidade. Eu faço a seguinte pergunta: Mas onde estão as emendas parlamentares para essa finalidade?
Enquanto isso, em Parintins, há uma verdadeira “chuva” de emendas para revitalizar a frente da ilha. Os valores são tão altos que, ironicamente, de tanta “chuva”, o muro de arrimo já desabou pela segunda vez.
Ao mesmo tempo, há quem ainda defenda obras bilionárias sem planejamento adequado, como a ponte construída no lugar errado e a Arena da Amazônia, um projeto caríssimo em um estado que sequer possui futebol competitivo. Aliás, já que falamos de futebol, vale a pena os órgãos de controle ficarem atentos às movimentações políticas em torno de certos times locais. Curiosamente, surgiu uma paixão repentina pelo futebol no Amazonas…
Enquanto isso, o caboclo que madruga para colher açaí e sustentar sua família continua atolado, não só na lama da estrada, mas também no descaso dos governantes.
Já li várias vezes na imprensa que o estado tem dificuldade para manter a conservação da Arena da Amazônia. Quanto à ponte, seu traçado ideal seria ligando a BR-319, no Encontro das Águas. Não me venham dizer que não havia tecnologia para realizar essa obra sobre os rios Negro e Solimões. No fundo, a decisão pelo local atual teve mais a ver com prazo político (concluir a obra durante o governo Lula) e com a dificuldade para obter a licença ambiental, que seria muito mais complexa se a ponte ligasse diretamente à BR-319. Respeito opiniões contrárias, mas essa é a minha visão dos fatos.
Por fim, é importante lembrar que todas as atividades econômicas – comércio, serviços, indústria – dependem do AGRO. Defender o setor agropecuário no Amazonas, com o respaldo da ciência da EMBRAPA, é mais do que um dever. Em tempos de crise, a primeira estratégia do inimigo é cortar o acesso aos alimentos. Precisamos urgentemente caminhar rumo à soberania e segurança alimentar, deixando de dar ouvidos a certas ONGs ambientalistas que só atrasam nosso desenvolvimento. No lugar da ponte, era só ter melhorado a travessia de balsa, com um serviço rápido e digno ao ser humano. Sem falar da importância ao turismo essa travessia. Não tenho dúvida que os moradores de Manacapuru, Iranduba, Novo Airão, entre outros, preferiam a BR-319 asfaltada para saírem do isolamento e conhecerem o Brasil.
11.02.2025
Thomaz Meirelles, administrador, servidor público federal, especialista na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected] ou [email protected]