23 de novembro de 2024

Foram ao PERU, mas não foram no MINDU

O Fantástico da Rede GLOBO foi até o PERU, acompanhado de membro da Fundação Amazônia Sustentável – FAS, ver a nascente do Rio Amazonas. Foram longe, foram até o PERU, mas não foram ver o Igarapé do MINDU, que fica na capital, Manaus, completamente poluído. Quem faz exercício, caminhada e corrida nessa área sabe o que estou falando, sabe a inaceitável poluição que existe nesse igarapé que já foi um dos melhores balneários de Manaus. Penso que esse igarapé passa por trás da ONG que teve o superintendente visitando o distante Cordilheira dos Andes. Na França, em Paris, já despoluíram o Rio Sena para provas da Olimpíada. É muito “teatro” ambiental com 65.6% do povo que preserva a floresta passando fome. Por falar em França, seu presidente passou por aqui, ou melhor, pelo Pará, esquecendo o Amazonas preservado, aumentando ainda mais o “teatro” ambiental com sorrisos largos da ministra Marina Silva. E tem mais, nessa pauta do Pará, o AGRO ficou de fora, o combate à fome ficou de fora, assim como o saneamento básico da cidade de Belém (que Manaus sofre a mesma coisa). Os bilhões anunciados vão para as ONGs ambientais para fazer o que a França quer, fazer mais do mesmo, e não para o que os habitantes da Amazônia realmente precisam (energia solar, internet, mudas, sementes, poço artesiano e assistência técnica). Nem sequer tocaram em aumentar o Bolsa Floresta de miséria que é pago por aqui por serviços ambientais. Valor que considero imoral e só para poucos. Nada para asfaltar a BR-319, nem para o Zoneamento Econômico Ecológico, o esquecido ZEE.

Nesses encontros de presidentes, continuam omitindo quem esquentou o planeta, coincidentemente os mesmos apoiadores do Fundo Amazônia. Já mostrei no blog Thomaz Rural o gráfico de quem vem esquentando, poluindo o planeta desde 1850. Nem aparece o Brasil, mas são nossos caboclos que estão pagando a conta, tendo apenas 50/100 reais de bolsa miséria. Só para bem poucos! Acorda AMAZONAS!

O que mais me impressiona é o silêncio dos vinte e quatro deputados estaduais, dos vereadores da capital, das comissões de meio ambiente, desenvolvimento rural e de economia da assembleia que não chamam seus membros para debater o caminho desses recursos internacionais. A aplicação desses bilhões também deve ser pauta dos conselhos CEAPO, CEDRS, CONEPA, CADAAM e dos Fóruns dos Agrotóxicos e das Indicações Geográficas. Esses ambientes sabem o que o Amazonas precisa, mas são ignorados e, com isso, os recursos continuam sendo desperdiçados e a pobreza aumentando. Até a ciência da EMBRAPA é ignorada. O Estado mais preservado não tem o Zoneamento Econômico Ecológico que é uma política nacional de meio ambiente. Isso é um absurdo! Não acham estranho? Eu acho!

Se não tivéssemos o Igarapé do Mindu poluído não seria contra a ida até a nascente do Rio Amazonas, mas tendo esse dever de casa a ser feito penso que todo esforço deve ser para termos uma capital mais limpa e o povo comendo melhor. A matéria do Fantástico também foi notícia na mídia do ex-governador, atual senador Eduardo Braga. O ex-secretário de meio ambiente do governo Eduardo Braga, que deixou a secretaria para assumir a FAS, com aporte inicial de 20 milhões, foi quem acompanhou o Fantástico. Até hoje, não entendi a ausência dos ex-governadores do Amazonas, hoje senadores da república, ausentes da CPI das ONGs seja para defender ou fazer críticas construtivas. Afinal, bilhões entraram em nosso estado e só a pobreza aumentou. Penso que algum debate poderia ter acontecido, mas só o senador Plínio Valério participou. Foram no Peru, mas não foram no MINDU. Continua o teatro com a família da canoa sem rumo, sem esperança e com fome.

02.04.2024Thomaz Antônio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]

Thomaz Meirelles

Servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]

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