A imprensa local está divulgando o evento “força-tarefa pelo clima”, mas deveria ser “força-tarefa contra a fome” da metade da população do Amazonas que não tem o que comer no interior e na capital. Essa a “força-tarefa” mais urgente. Existe, no meu ponto de vista, uma proposital confusão entre AMAZÔNIA e AMAZONAS quando se fala em desmatamento e queimadas. A matéria do Jornal fala em “debate sobre problemáticas e soluções para as mudanças climáticas e o desmatamento em Estados e Províncias de florestas tropicais“. Esse encontro deveria estar sendo realizado em estado ou província com alto nível de desmatamento e queimadas, e não no Amazonas (falei Amazonas, e não Amazônia) que está, segundo o próprio secretário de meio ambiente, com “…98% de área natural do Estado do Amazonas está conservada…”. Trazer esse tema de clima, desmatamento e queimada para o AmazONAS é querer confundir o Brasil e o mundo. É querer passar para o Brasil e o mundo que aqui existe muito desmatamento e queimadas, pois confundem AmazÔNIA com AmazONAS. Fui gestor, sei que existe desconhecimento até em Brasília, imagino em outros países, até já confundiram Maranhão com Amazonas, e já me mandaram eu ir de carro para São Gabriel da Cachoeira.
Já estamos no último ano do mandato do governador mais próximo, disparadamente, do setor primário se compararmos com os do passado, e o atual titular da SEMA (Secretaria de Meio Ambiente), cuja origem vem de uma Fundação bem conhecida no estado e no mundo, portanto, ciente dos problemas de geração de renda, de fome, há bastante tempo, não conseguiu fazer o ZEE (determinado pelo governador Wilson), não conseguiu que o crédito de carbono chegasse no bolso do caboclo da floresta, nenhuma concessão florestal foi efetivada (mesmo estando sob comando da ADS, mas poderia atuar), nem o manejo florestal avançou. O verdadeiro defensor da floresta não viu a cor desse dinheiro no estado “…com a maior porção de floresta tropical contínua do mundo...”.
Depois de três anos, li na matéria que “…estamos com 12 estudos de precificação nessas áreas..“. Quando vai acabar com esse estudo no estado com 98% preservado, mas com 48% da população passando fome. É estudo, estudo, estudo e mais estudo, demos seminários, congressos e simpósios para avaliar esses estudos.
Falam em criar novas políticas públicas é brincadeira, pois já existem várias que não andam, e já cito a PGPMBio que, desde 2009, nem ligam, mesmo tendo o manejador do pirarucu recebendo preço abaixo do custo de produção. Esses dados estão disponíveis no meu blog Thomaz Rural.
A matéria cita que o encontro não vai mais fazer “carta declaratória”, mas “planejamento estratégico”. De novo “planejamento estratégico” Isso é brincar com o povo que está passando fome no estado mais preservado e com a valiosa floresta em pé.
Tenho certeza que o governador Wilson Lima, caso participe do encontro, vai tocar e cobrar em melhores condições de vida ao cidadão que manteve a floresta em pé, e que vive no estado com 98% preservado.
Tenho certeza, porque o conheço pessoalmente, e sei de sua sensibilidade, que mais uma vez vai cobrar o ZEE, o RED+, crédito do carbono e que as concessões saiam dos gabinetes, das promessas e dos lindos discursos para o bolso do verdadeiro defensor da FLORESTA.
É um grave erro trazer esse encontro para o AMAZONAS, penso que erro estratégico que envolveram o governador, porque com os nomes semelhantes (AMAZÔNIA e AMAZONAS) debatendo desmatamento e queimadas jamais vão pensar que estão no estado 98% preservado, e que não é produtor rural do Amazonas quem desmata.
Se fosse assessor do governador Wilson Lima jamais realizaria esse evento sobre desmatamento e queimadas no AmazONAS, mas em outro estado da AMAZÔNIA.
Ao final, a imagem que vão passar ao mundo é que temos 98% da floresta pegando fogo e apenas 2% preservado.