22 de novembro de 2024

Fundo para alavancar o Amazonas só aplica 1,1 % e avança pouco em 30 anos

Por Juarez Baldoino da Costa(*)

Mais de R$ 9,6 bilhões foram arrecadados pelo FTI entre 2011 e 2021, mas apenas R$ 105 milhões (1,1%) foram aplicados.

O Fundo de Fomento ao Turismo, Infra-Estrutura, Serviço e Interiorização do Desenvolvimento do Estado do Amazonas, seu nome, não tem tido projetos aprovados que demonstrem a viabilidade de investimentos e continua deixando o interior em situação econômica precária. Além disto, várias mudanças de sua destinação foram promovidas pela ALE – Assembléia Legislativa do Amazonas, desvirtuando a finalidade para a qual fora criado.  

Os dados sobre a aplicação e a arrecadação são do estudo elaborado pela equipe do Observatório de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas-Observatur—UEA, conduzido pela coordenadora Dra. Márcia Raquel Cavalcante Guimarães.

Sem obter os resultados previstos, o FTI ainda onera desnecessariamente o custo dos produtos fabricados no PIM – Polo Industrial de Manaus, que poderiam oferecer preços menores e por consequência quantidades maiores ao mercado se o Fundo não existisse, gerando mais empregos.

O Fundo foi criado há mais de 30 anos para fomentar a economia do interior, hoje regulado pela lei 2826/03, e é sustentado pelas atividades da ZFM – Zona Franca de Manaus, mas o dinheiro está parado.

A inexpressiva aplicação reflete o enorme caminho a ser percorrido pela gestão do estado para, primeiro, identificar as causas da inapetência crônica das várias regiões para receberem investimentos e depois, encontrar meios de vencer estas barreiras de décadas, apesar de todos os esforços já empreendidos pelos governos, porém com pouco sucesso.

Entre as causas prováveis da inapetência podem haver fatores culturais dos amazônidas residentes nestas localidades, situações geográficas, aspectos climáticas e questões do relevo e infraestrutura das regiões, ou até ainda a dedicação insuficiente dos responsáveis pela tarefa em razão dos cuidados e da atenção exigidos para administrar a ZFM, ficando o interior em segundo plano.

O Observatur – UEA, com sua competência, prestaria um importante serviço ao Amazonas se pudesse empreender estudo investigativo nesta direção.  

Em mais 3 anos o FTI deverá acumular mais de R$ 15 bilhões em arrecadação, e vai continuar rendendo juros ao sistema financeiro e sofrendo destinação inapropriada se não forem encontrados os canais para os investimentos.

O Observatur é do estado, o FTI é do estado, o interior é do estado e a ALE é do estado, a “casa do povo”. Tudo é do povo, mas o povo ainda continua aguardando dentro de sua própria casa.

(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

Juarez Baldoino da Costa

Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós- Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

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