Coração de mãe, está sempre à frente da própria razão. A razão (o cérebro), já assegurava Schopenhauer, “é uma maneira de expressão da vontade do mundo. Mais aberto ou utilitarismo, ao tecnicismo e às ciências”. Já o coração digo eu, é a vontade como expressão do transcendente. Transpira pelos poros da alma sentimentos generosos, impetuosos e dignificantes. Trilogia de adjetivos imprescindíveis para definir o intimo do ser humano. O perigo são os egos inflados. É o ego cheio de si, o assassino da razão. Em sua cegueira, não percebe a diferença entre os vocábulos, utilidade e útil. O primeiro o utilitarismo, significa o usar de outros por certo tempo sendo descartável a qualquer momento. Já o útil, são as coisas que servem e que perduram e entram na história. Como o coração das mães que passo a relatar. Em plena crise econômica no Brasil muitos são os que vão se arriscar no exterior a procura de melhorias de vida. No entanto existem os que entram ilegalmente no E.U.A. Pensam que lá é um país “com direito a felicidade” como reza a constituição estadunidense. E para lá vão brasileiros ilusionados para serem garçonetes, manicures, babás e outros ofícios “ditos” como de menor status. Dizem. “Lá ganha-se em dólares. E muito mais que essa miséria do Brasil”… Não sabem elas que lá atualmente grassa a SINDROME HERODIANA – TRUMP. Tal qual Herodes, separa mãe e filho – a fim de forçar o retorno imediato para o Brasil. Prendem com algemas a mãe frente aos filhos e separa-os. Ela para a prisão (imigrante ilegal) e a criança por ser menor para um abrigo. Sinta esse drama: Aliás comtemplem esse ato dramático, pois em teologia contemplação é quedar-se no lugar do outro e com a força da imaginação sentir tim-tim por tim-tim, a situação das lâminas afiadas Trump que dilaceram os sonhos. O coração de mãe sangra. O do filho chora… E nós, que hospitaleiros, abrimos portas a venezuelanos e à haitianos! Temos o espírito de partilha e da mão estendida. Não essa mão de Trump estendida ao mandatário coreano Kim Jong-un tendo em vista ser indicado como prêmio Nobel da Paz. Nós que vimos mãe e filho brasileiros dialogando pela televisão ficamos imobilizados. E como diz o Papa Francisco é a “Globalização da Indiferença, da crueldade e do silencio” os omissos do 3º milênio. A outra história de mães é o caso é sobre a Santa Padroeira de um pequeno município á margem do rio Parnaíba, Nossa Senhora das Dores. Era chegada a Semana Santa. O comércio local com antecedência de um ano sempre encomendava o bacalhau, para a época. O navio atravessava o oceano – vinha de Portugal – e em Parnaíba apanhava “gaiolas” a distribuir a mercadoria. No entanto, naquele ano, ocorreu um terrível atraso nos navios e o bacalhau chegou logo depois da Semana Santa. Ninguém mais tinha motivo para comprá-lo. O comércio de alimentos ameaçado de falência e conseqüentemente a derrocada da economia local. O prefeito procurou em comitiva de empresários, o vigário, para evitar a quebra e tragédia econômica. Levaram, por escrito, um pedido à Virgem das Dores que como madrinha, tinha a obrigação de zelar pelos seus protegidos. Que se fizesse uma nova Semana Santa! Os comerciantes salvaram-se. O povo rezou por mais sete dias. E a padroeira N. S. das Dores percorreu novamente o trajeto da procissão, com os setes punhais cravados no coração em prol daquela gente confiante em seu intimo de mãe. Assim mesmo, é o coração de milhões de mães espalhados pelo mundo. Muitas vezes nem percebem que são usadas (mero utilitarismo, pós-modernista), para o alcance de ambições ás vezes inconfessáveis). Coração de mãe é assim mesmo. Pedido de filho, mesmo adulto, fica no mesmo patamar do horário infalível, da mamadeira. Caso contrário, o choro. Pedido de filho – seja qual idade – é dever de honra. Afinal coração de mãe, não é sólido. É liquefeito. Como o milagre de sangue de Cristo de São Genaro em Lanciano. É efervescente. Com as alegrias ou raivas do rebento. Coração de mãe, não se move de modo científico, em sístole e diástole. Nem em ritmo matemático. Coração de mãe apenas vibra, e pulsa e canta e em tudo crê. Mesmo contra todas as desmemorias e todas as incompreensões. A Virgem das Dores do Parnaíba que o diga.
CARMEN NOVOA SILVA, é Teóloga e membro da Academia Amazonens de Letras e da Academia Marial do Santuário Nacional de Aparecida-SP