18 de outubro de 2024

Há distância da integração

Lamentável e incompreensível, quando se trata dos Estados do Amazonas e Roraima dessa imensa Região Norte na integração nacional, o sentimento que todos amazonenses sentem com tamanha discriminação, mais longe e distante se fica no trato oficial de integração, motivos políticos, imprensa de pena paga parcial (que o diga o Economista e Escritor Osíris Silva que sofreu tamanha indignidade pela Revista VEJA e repórter Eduardo Gonçalves), poderosos lobbys e interesses escusos com esta imensa e riquíssima região.

Antigo Projeto de Integração Nacional, a BR-319 foi aberta e construída entre os anos de 1968 e 1973, tendo seu asfaltamento concluído às pressas, em virtude dos períodos de chuva amazônica, sendo sua inauguração em 27 de março de 1976, no governo militar do Presidente Gal. Ernesto Geisel, sendo que essa rodovia exerceu seu fundamental papel de integração territorial intra regional após 1973, com fluxo contínuo de trafegabilidade de veículos e cargas, entre o norte e sul.

Notadamente, de significativos movimentos de transportes de alimentos para os mercados de Manaus e Boa Vista e cargas para o Polo Industrial de Manaus (PIM), até o início da década de 1990. A estrada dá acesso ao restante do país e ao litoral sul do Peru, no Oceano Pacífico, pela BR-317, no Acre. O trecho com problemas sérios está no meio da rodovia e tem 400 quilômetros. A rodovia funcionou muito bem até 1988.

Muitos dizem que não houve manutenção e ela se acabou. Mas, quem mora ao longo da BR tem outra história para contar, chegando a afirmar que a estrada foi destruída por dinamites. E, houve moradores, na época, que denunciaram que “gente muito poderosa” foi vista destruindo a estrada por dinamite e com tratores. Para muitos amazonenses houve sabotagem de toda ordem com essa rodovia de integração do Amazonas, por motivos escusos e secretos que não foram investigados pelo Ministério Público Federal.

O discurso que viralizou por décadas nessas paragens foi quase um mantra para nossos ouvidos. “Se de um lado a recuperação da BR-319 entre Manaus e Porto Velho é vista como redenção por parte de seus defensores, em especial a classe empresarial do PIM e classe política do Amazonas, ao tirar a “metrópole da Amazônia” do isolamento rodoviário com o restante do país, por outro lado, a obra é apontada por ambientalistas e cientistas como uma das mais graves ameaças para a preservação da maior floresta tropical do mundo”.

Ademais, outros contrários apontam que a estrada é como fosse um risco para a sobrevivência de dezenas de comunidades indígenas que têm suas terras no entorno, caso venha acontecer a dita repavimentação o qual tenderá acelerar o avanço do “arco do desmatamento” das porções sul e leste da Amazônia para a central e norte. E, para corroborar com falácias sobre a necessidade de recuperação para o almejado tráfego da BR-319 para o AMAZONAS, está o que defende a Rede Brasileira de Especialistas em Ecologia de Transportes (REET) que relata que “a falta de garantias da adoção de mecanismos que assegurem a preservação da floresta no entorno, pretende o governo federal executar obras que tendem a causar ainda mais impactos ao meio ambiente, quando acusa que o projeto de recuperação e asfaltamento da rodovia pretende à execução das obras prevê o aterramento de cursos d’ água ao longo da rodovia, ao invés da construção de pontes.

Sendo que o aterramento aconteceria por meio de terraplanagem e colocação de bueiros nas Áreas de Proteção localizadas no trecho do meio – ou “meião” – que fica entre os Km 250 e Km 655,7, hoje a parte mais precária da BR-319”. Para os habitantes dos Estados do Amazonas e Roraima as únicas alternativas de integração de transportes de cargas e alimentos são os modais aéreo e o rodo-fluvial via Belém-Brasília (BR-010) ou por Santarém-Cuiabá (BR-163), o que encarece todos os fretes e o preço de tudo que se consome nesses Estados.

Pois a BR-319 é de fundamental interesse ao Desenvolvimento Regional, com viabilidade de escoamento de produtos agropecuários desse região e acesso aos mercados à produção industrial do Polo Industrial de Manaus (PIM) e, aos transportes de passageiros ao restante do Brasil. E, para destacar esse perverso isolamento, nessa no auge da crise pandêmica, o Prefeito de Manaus, Sr. David Almeida declarou que ““Este povo que preserva a floresta e que vive no isolamento é punido por preservar. A punição foi tão grande que pagamos com mortes, disse ao criticar a não-pavimentação da BR-319.

Nilson Pimentel

Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

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