Não reconheci o presidente Bolsonaro na Reunião da Cúpula do Clima coordenada pelo presidente norte-americano Biden. Suas palavras destoam com a prática de seu governo desde 2019.
Talvez, se o vice-presidente Mourão falasse em seu lugar, na qualidade de presidente do Conselho da Amazônia, em função do apoio das Forças Armadas nas atividades de combate aos ilícitos ambientais na região amazônica, houvesse alguma/maior credibilidade.
Ainda bem que os militares já abandonaram o Governo Bolsonaro.
Seriam/Serão cobrados pelo desgoverno e pelo descaso com a causa pública, seja na saúde, seja no controle ambiental… Espera-se justiça às famílias brasileiras dos mais de 400 mil falecidos na pandemia, muitos – não nos esquecemos do letal janeiro manauara -, por falta de oxigênio. No contraponto, a justiça norte-americana mostrou aquilo que se espera do nosso Legislativo e Judiciário: a aplicação da Lei e devida punição aos culpados, quando se analisa o direito universal de respirar.
Os compromissos assumidos pelo Brasil na Cúpula do Clima não serão atingidos, pois, estamos em uma corrida onde o nosso carro está em marcha ré desde 2019, com combustível adulterado e pneus murchos. Nosso piloto é muito, muito ruim, seu engenheiro mecânico no MMA (Ministério do Meio Ambiente) serve às causas do mal, e com um Congresso Nacional passivo e subserviente ao presidencialismo de coalisão do Centrão, não poderemos substituí-lo antes de janeiro de 2023.
Cada dia desse desgoverno faz/fará falta no planejamento estratégico para se alcançar quaisquer objetivos e indicadores a que o Brasil se propõe nos desafios das mudanças climáticas, na desejada pegada ambiental necessária.
Vamos a alguns fatos: dias anteriores ao discurso em defesa do meio ambiente, o presidente Bolsonaro afiançou a substituição do superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Dr. Alexandre Saraiva, pelo “crime” dele exercer suas funções no combate às milícias grileiras, revestidas na pele de “empresários madeireiros”, e por protocolar queixa-crime contra o ministro Ricardo Salles, que se comportou como lobista ao advogar contra os atos da Polícia Federal; ato contínuo, o orçamento aprovado para as ações do MMA em 2021, no dia seguinte a Cúpula, com cortes superiores a R$240 milhões, demonstra hipocrisia na prática e no discurso.
O conluio, nestes casos mencionados, entre a Presidência da República e o Ministério de Meio Ambiente, com a omissão nefasta da Procuradoria Geral da República, inspira e dá luz à credibilidade do Brasil para o Planeta, em atingir indicadores negativos ao desmatamento ilegal em nosso território. Nenhuma… tornamo-nos um “Brasil Pátria Amada” de irresponsáveis, mentirosos e criminosos.
Na Aleam, um discurso oportunista
Soou oportunista o discurso do deputado estadual Tony Medeiros no plenário da Assembleia Legislativa no último dia 14 de abril. Ao credenciar o Projeto de Lei de sua autoria que se propunha a acabar com a burocracia da liberação de licenças ambientais, em determinado momento, vaticinou o político suplente que recém assumiu a vaga do deputado Josué Neto, atual Conselheiro do TCE-AM: “os Órgãos Ambientais de nosso Estado vendem dificuldades para colher facilidades”.
Sua fala foi infeliz, descuidada e leviana. Talvez tenha faltado boa leitura ao deputado Medeiros, ou, tido alguma ansiedade parlamentar em função da sua recente ascensão profissional.
Temos dedicado, há algumas semanas, artigos neste Jornal do Commercio do Amazonas demonstrando nossa angústia profissional vivenciada no trabalho diuturno das atividades de controle ambiental no Amazonas. Sugiro, deputado Medeiros, a leitura do artigo publicado no último final de semana, intitulado “qual a política ambiental que queremos? (Parte Final)” (https://www.jcam.com.br/noticias/qual-a-politica-ambiental-que-queremos-parte-final/ ).
Quem sabe o Senhor nos ajuda a responder à pergunta que deu nome ao artigo, visitando o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) e conversando com os Servidores Públicos, aqueles acusados em seu discurso de “vender dificuldades para colher facilidades”? Poderás reconhecer a realidade do apagão ambiental que vive o Estado do Amazonas, há anos…
Para seu conhecimento, senhor deputado estadual Tony Medeiros, no dia 1º de maio de 2021, próximo sábado, os mesmos servidores públicos do Ipaam comemorarão sete anos sem data-base, os reajustes previstos em Lei.
Há uma proposta de “comemoração”: confeccionar um bolo e caminhar até a Assembleia Legislativa para repartir os pedaços entre nossos representantes políticos. Quem sabe o nosso gesto carinhoso possa reverberar até ao governador Lima, pelo descaso com que a Casa Legislativa e o Governo têm pautado a causa ambiental no Amazonas.
Já estamos exaustos de discursos políticos. Que bom que 2022 é um ano de renovação democrática.
“Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele”.
Martin Luther King Jr.