Transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, a dengue é considerada a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, ganhando destaque no território brasileiro, de acordo com o Ministério da Saúde. Neste início de ano, o aumento do número de casos chamou a atenção do poder público, após parte da população ser diagnosticada pela patologia.
Cíntia Maria Dourado Mendes tinha 42 anos quando faleceu, na última semana, após apresentar sintomas de dengue, no Distrito Federal. Segundo o marido da vítima, os primeiros sintomas foram identificados no último dia 7, porém, levou três dias para que a mulher procurasse ajuda na tenda de acolhimento para pacientes com dengue, em Brazlândia. No domingo, após sentir uma piora em seu estado, Cíntia pediu para ser atendida em uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento), onde foi orientada a se acostumar com os sintomas, pois a situação era normal para quem estava com dengue.
O marido da paciente argumentou que a situação da companheira não era normal, e mesmo com Cíntia desmaiando durante o atendimento, a mulher foi liberada para retornar à sua residência. No dia seguinte, ao procurar, novamente, atendimento na UPA, a equipe da unidade acabou derrubando a paciente da cadeira de rodas, fazendo com que a mulher batesse a nuca no meio-fio. Em estado grave, os médicos informaram aos familiares que Cíntia estava com suspeita de trombose pulmonar, além de ter sofrido uma parada respiratória, levando ao seu falecimento.
A família da vítima registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia que investigará a possível negligência na assistência hospitalar. Como argumento, o marido da vítima apontou que “nada disso teria acontecido se ela tivesse sido internada desde a primeira vez que buscou atendimento”. O falecimento de Cíntia se junta às 75 mortes confirmadas pela doença, via Ministério da Saúde, onde outras 217 estão sendo investigadas.
Ainda segundo a pasta, até o dia 12 de fevereiro, o país atingiu 512 mil casos de dengue, ou seja, quatro vezes a mais do que foi registrado no mesmo período, em 2023. Minas Gerais, Acre, Paraná, Goiás, Espírito Santo e Rio de Janeiro são os Estados que lideram o índice, além do Distrito Federal. A projeção do Ministério aponta que o Brasil poderá chegar aos 4,2 milhões de casos.
Como resposta, o governo federal iniciou, na última semana, a vacinação contra a dengue para crianças de 10 a 11 anos. O Ministério pretende cobrir 500 cidades, equivalente a 10% do volume total de municípios brasileiros.
O governo projetou que, até o fim de 2024, o Brasil receberá uma quantidade de vacina capaz de imunizar 3,2 milhões de brasileiros de 10 a 14 anos com duas doses necessárias para o ciclo completo, respeitando o intervalo de três meses entre elas.
Mas, diante da alta de casos, é preciso reunir esforços para priorizar a segurança do povo brasileiro e manter nossas famílias imunes aos sintomas da doença que avança no país. Desta forma, apresentei a Indicação nº14/24 para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para a oferta da imunização pelo Sistema Único de Saúde, de toda população brasileira contra a doença, até dezembro deste ano.
Diante da gravidade que se apresenta a situação, a experiência trágica do Amazonas com a Covid-19 e os desdobramentos negativos para toda a população brasileira, precisamos de ações executivas concretas, para conter o avanço dos casos de dengue. Por isso, a proposta é que o Ministério da Saúde ofereça a imunização pelo SUS, para toda a população brasileira contra a doença da Dengue, até o fim de 2024.
Em Manaus, o cenário epidemiológico da dengue coloca a cidade em situação de alerta, conforme comunicado da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa), divulgado recentemente. Os casos da doença mais que dobraram na capital na última semana. Em outras cidades brasileiras, o cenário não é diferente, precisamos agir com urgência para preservar a vida das pessoas e é isso que estou fazendo através da indicação ao Ministério da Saúde.
*é deputado federal eleito pelo Amazonas, pela 2ª vez