Cinco de Setembro, emancipação do Amazonas em relação ao Pará. Sete de Setembro, a independência do Brasil. Duas datas, dois feriados: um nacional e outro estadual. Também no dia 05 se comemora o Dia da Amazônia. Não é pouca coisa, aqui entre nós, este início do mês de setembro. Mas muitas pessoas que desfrutam dessa folga, se esquecem de seu significado. As datas cívicas em nosso país parecem ter perdido certo brilho. No entanto, é sempre bom voltar no tempo e observar que os fatos do passado servem para nos referenciar o presente e o futuro, por meio de sua compreensão e valorização. Nesse sentido me proponho fazer uma brevíssima contextualização de um dos nossos maiores personagens históricos, o chamado Patriarca da Independência.
Como descendente direto de José Bonifácio de Andrada e Silva, por parte de mãe, desde criança ouvi as histórias do Patriarca. Estas histórias incluem seu fabuloso itinerário científico e cultural e político.. Ele foi sem dúvida, um grande articulador e organizador das forças políticas que se uniram em torno de Dom Pedro I no processo que tornou o Brasil independente de Portugal. Mas apesar de todo seu empenho e dedicação, acabou sendo exilado do país por conta de seus ideais e princípios voltados para o bem comum e contra a corrupção. Mesmo quando chamado de volta pelo Imperador, para ser o tutor do menino Pedro, seu filho, futuro Dom Pedro II, José Bonifácio voltou a ser perseguido implacavelmente pelas forças do atraso, do corporativismo, do latifúndio escravista e do enriquecimento ilícito à custa do Estado. Terminou seus dias numa casa modesta em Paquetá, Rio de Janeiro, abandonado pelos círculos do poder, como um exilado em seu próprio país. Hoje em dia poucos se lembram dele como o Patriarca da Independência do Brasil, como também de outros personagens fundamentais da nossa História.
José Bonifácio foi um homem excepcional. Um poliglota e um cientista de renome internacional, desde quando se formou e atuou como geólogo e pesquisador na Europa. Descobriu diversos minérios, como a “andradita”, um mineral que foi incorporado no acervo científico com seu sobrenome. Em 1807, quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, Dom João VI e toda a família real, acompanhados de um séquito de cerca de 10.000 portugueses nobres e fidalgos fugiram para o Brasil. Mas José Bonifácio se recusou a fugir. Ficou em Portugal e lutou contra os invasores e comandou um batalhão de valentes soldados lusitanos. Esta sempre foi uma característica dele e de seus irmãos, Antônio Carlos e Martim Francisco: não buscavam privilégios e primavam pelo senso de dever cívico de lutar contra as injustiças. Os chamados Irmãos Andrada são conhecidos pelos estudiosos como homens comprometidos e corajosos, que nunca renunciaram a seus princípios.
Poucos sabem, mas José Bonifácio se colocou abertamente contra a escravidão. Ele denunciou suas mazelas e antecipou os legados negativos desta horrível forma de exploração, desumana e cruel, dos homens negros. Este seu posicionamento certamente lhe valeu o ódio dos proprietários de escravos, especialmente os fazendeiros dos latifúndios da cana de açúcar e também do café. Nosso Patriarca e seus irmãos combateram a corrupção e os favorecimentos espúrios de apaniguados do poder. Defendiam direitos e não privilégios. Por outro lado, José Bonifácio era um homem de grande visão de estadista e de amor ao Brasil. Foi o primeiro a propor a mudança da capital do Rio de Janeiro para o Centro Oeste. Algo que somente se tornou realidade mais de cem anos após a sua morte, sob a presidência do saudoso Juscelino Kubistchek. Ele também propunha o bom uso e a proteção das florestas e rios, numa época em que os políticos passavam longe de defender a conservação da natureza.
José Bonifácio foi um grande personagem da nossa História. Quem se lembra dele, de seu valor e de seu signific Um país que não valoriza seus grandes homens, nem reconhece a importância de todos os cidadãos que lutaram no passado por uma Pátria justa e livre, não pode ser chamado de uma Verdadeira Nação.