Estamos no século 21 e mesmo assim ainda muito longe de resolver a situação de empregabilidade. A complexidade sobre o número de empregos necessários versus perfis existentes para resolver o problema social em nosso país ainda é muito grande. Isto pelo que tudo indica é e continuará sendo o mal do século. Se analisarmos então a estabilidade e instabilidade, essa última ganha em disparada. Ter um emprego não é mais sinônimo de vida estável. Cada dia o risco de perder o emprego é uma realidade. A instabilidade se alojou nas organizações como uma normalidade e o pretexto escolhido é a livre concorrência seguida de alguns contratos verbais e escritos que dependendo do momento são rejeitados ou não. Parece estarmos esquecendo de que as organizações são compostas por pessoas.
A instabilidade no emprego faz com que capital e trabalho se desentendam ainda mais. Isto começa a comprometer a fidelidade do funcionário com a empresa e do patrão com os empregados. São promessas não cumpridas pelas partes envolvidas onde sempre quem perde são os dois envolvidos, ocasionando prejuízos para as partes e transformando o momento vivido como um tempo turbulento, prejudicial a todos. Como mal do século deveria ser tratado de modo estritamente estratégico e não operacional ocasionando assim o tratamento das consequências e nunca das causas. Sendo assim os contratos formais são utilizados como armas ao invés de serem tratados como formalização de direitos e deveres. Chego a ver contratos informais que deveriam ser tratados como especiais e quase sempre são desfeitos após a empresa reorganizar processos que grande parte dos participantes não sabiam que iriam acontecer.
Há o esquecimento de que no processo estão as pessoas e com isto, muitas vezes, são tratadas como peça e apenas recursos humanos no processo descaracterizando toda a administração que deveria ser utilizada corretamente. Busca-se a justificativa de dizer que todo ocorrido é para se adequar ao mercado competitivo e esqueceu-se que para possuir pessoas envolvidas com a organização (comprometidas/engajadas) não deveria existir a sensação de perda e sim de estabilidade. A instabilidade cria uma condição de dúvida e medo que pode dificultar para as pessoas todo o modo de agir e criar condições favoráveis para a busca de um equilíbrio satisfatório. Não podemos cobrar de nossos colaboradores grandes desafios se não estamos conseguindo criar o ambiente propício para a elaboração do trabalho ideal. Continuaremos nos enganando caso não realizarmos sempre uma nova administração voltada a pessoas e processos e não só somente os processos. Precisamos lembrar sempre que nossas organizações somente possuem resultados positivos se as pessoas envolvidas/engajadas se sentem partes integrantes do todo e que as partes sempre devem viver em busca do equilíbrio e da harmonia.
Certamente podemos e devemos resolver este mal que se alastra. Precisamos pensar que administramos primeiramente pessoas e somente após, os processos e qualquer diferença de posicionamento poderá comprometer o resultado final. Podemos resolver a infidelidade do colaborador a partir do momento que ele sinta a diferença no seu tratamento e respeito em relação aos seus limites. Respeitar o prometido faz parte da ética que deve ser revista e reanalisada por todos nós. Podemos dizer que a instabilidade no emprego foi transformada em um mal necessário, todavia, a sensação de estabilidade e de justiça para com os colaboradores poderá resolver grande parte dos problemas internos e até externos das organizações e o correto é sermos atuais e agirmos proativamente, sendo entusiasmados e com resiliência para evitar o pior.
Vamos refletir sobre isto?
Flávio Guimarães é Mestre em Engenharia de Processos pela UFPA, Diretor da Guimarães Consultoria e Treinamento Empresarial Ltda., Diretor de Educação da ABRH, Administrador de Empresas, Especialista em Empresas Públicas e Privadas, Pós Graduado em Gestão Estratégica de Negócios, Consultor Empresarial, Pós Graduado MBA Gestão e Docência do Ensino Superior, Professor Universitário (Estácio Amazonas), articulista do Jornal do Commercio e da Amazon Play TV digital e Coordenador de MBA Executivo e dos Cursos de Logística, Qualidade e Recursos Humanos e do LPG – Laboratório de Práticas em Gestão da Faculdade Estácio do Amazonas.
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Jornal do Commercio de 17.10.2023.