Lei de meia entrada ou meia tigela

Em: 1 de março de 2022

Os deputados do Alagoas aprovaram uma lei que institui a o direito a meia entrada para os advogados do estado. Vejam o placar: 20 a favor e três contra. Por este placar só podemos pensar que os deputados não têm nada melhor para fazer.  A Assembleia Legislativa do estado do Rio Grande do Norte havia acabado de dar um exemplo de trabalho sério, na CPI do Consórcio Nordeste e do Alagoas dá esse vexame ao Brasil. O povo alagoano aprova mais esse disparate de seus políticos? Sem dúvida, Stanislaw Ponte Preta deve estar se revirando no túmulo por não ter previsto em seu livro FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País) essa pérola tão rica, mas, infelizmente, não muito rara.

A medida favorece ao advogado, devidamente inscrito na OAB e sua família, para entrada em cinemas, teatros, casas de shows, circos etc. Pela justificativa, os advogados precisam aculturar-se permanentemente. Para “atualizarem na cultura” os advogados precisam de dinheiro dos empresários? Será que existem tantos advogados sem dinheiro para pagar sua diversão e a “aquisição da cultura”? Espera-se que a OAB corrija isso, pedindo dos seus associados que jamais façam uso de uma lei que é imoral. Afinal, estaria confessando que a profissão de advogado é um fracasso. 

 Jocosidade à parte, o que se constata é que é muito fácil fazer proselitismo com o dinheiro alheio. Os empresários do setor que vêm a dois anos sofrendo restrições do governo, agora teriam de pagar pelos privilégios dos advogados? Alguém pode estimar quantos trabalhadores perderam seus postos de trabalho porque as casas onde trabalharam não puderam funcionar? No momento em que o Governo Federal diminui os impostos (para desespero da Zona Franca de Manaus), legisladores nada sérios e insensíveis tentam criar mais um imposto.

Ainda bem que não está acontecendo isso em São Paulo, porque é costume que medidas boas ou idiotas, oriundas de São Paulo, se alastrarem por este Brasil como fogo de pólvora. Nas últimas décadas, Alagoas deu contribuições negativas para o Brasil, se olharmos para as repetidas eleições de Fernando Collor e Renan Calheiros. Por este exemplo dos nobres deputados, podemos concluir que o criatório dos maus políticos daquele estado é a Assembleia Legislativa?

Outra coisa: os privilégios e benesses não são justificáveis num país onde a maioria tem uma renda muito baixa. Causa espanto ver iniciativa como que favorecem políticos e magistrados respingarem para os profissionais liberais. Sempre quem banca estes favoritismos são justamente os desfavorecidos. No caso, aqueles que foram atingidos em cheio pela pandemia e pelas restrições impostas. Temos de parar de brincar com imposições para “ver no que vai dar”. Se a economia como um todo serviu de laboratório durante a pandemia, o setor de entretenimento foi o próprio tubo de ensaio. 

Mas tudo isso só atesta uma coisa: o mau preparo dos legisladores. Se uma medida dessas não for vetada, qual será a próxima? Provavelmente será a de favorecer alguma classe com o preço da carne pela metade. Ah, isto seria inconstitucional. A meia entrada, proposta por políticos de meia tigela, não seria? Afinal, a nutrição é mais importante que a manifestação da cultura. 

As eleições vêm aí. Que tudo isso nos ensine a eleger bons representantes.

Luiz Lauschner

é empresário
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