A sala de aula, no sentido lato da palavra, sempre foi um lugar ao qual dediquei especial valor. Quer pelo irrestrito respeito ao ofício do magistério, quer pela importante e natural trajetória que deve permear a vida de nossas crianças, que um dia também tivemos o prazer de vivenciar.
É principalmente nessa fase embrionária do ser que a escola exerce um primordial papel na construção da cidadania. Amizade, respeito, atenção, conhecimento, educação, tudo isso caminha lado a lado visando a elaboração de projetos de vida, a realização dos sonhos da humanidade.
Tudo começa e passa por lá. Todos os princípios que favorecem e propiciam a gênesis para a formação do alicerce de um caráter idiossincrático têm, necessariamente, alguma ligação com a escola, com a sala de aula, com o ensino fundamental.
Considerando-se indeléveis essas premissas, ocorre que todo o conjunto físico e humano que compõem os espaços públicos delimitados como escola não deve destoar no processo imperativo de construir o novo para as transformações sociais necessárias.
A escola deve primar pela boa conduta, deve sobremaneira se dedicar a exemplificar um mundo adverso à corrupção, à ilegalidade e à violência, aos descaminhos que não constroem para a humanidade, deve utilizar estratégias de ações que efetivamente representem passos decisivos na ampliação e incremento da gestão participativa e democrática como, por exemplo, mudar a concepção de gestão escolar, onde a figura do diretor ultrapasse a fronteira de um mero administrador e passe a atuar eficazmente como educador, apontando caminhos a seguir em busca de uma educação de qualidade.
A sala de aula tem, inevitavelmente, característica polisperma, e isso deve ser utilizado para desencadear as abordagens que fomentem a inclusão e discussão de temas que não estão contemplados nos currículos do ensino fundamental.
Diane disso, a qualificação técnica de um gestor escolar deverá garantir o exercício de atividades que valorizem o ser humano e promova conhecimento, que incite ao respeito às leis e, acima de tudo, que tenha compromisso com a formação contínua de verdadeiros cidadãos.
Tudo nos leva a acreditar que muitas mudanças virão, mudanças que podem ser traduzidas tanto como contraceptivo de repugnantes anomalias educacionais, quanto um placebo de inábil valor, se essas medidas não forem devidamente acompanhadas de caráter compromissado com a verdadeira vontade de mudar, de dotar nossas pequenas criaturas de princípios norteadores para a vida próspera em sociedade.
O primeiro e importante passo poderia ser dado, como já aconteceu eventualmente no passado: conferir impessoalidade, objetividade, competência acadêmica e controle democrático na escolha de diretores nas escolas públicas poderia fazer acreditar que a sala de aula poderia ser outra.