Carlos Silva
Segunda-feira, 3 de outubro de 2022. Um dia qualquer. Mas, não. Não foi um dia rotineiro. Bem cedo, saí para caminhar na esteira da academia do prédio. Chovia, e muito. Normal para a época, mas, anormal para o dia. O domingo havia sido ensolarado. Mas, o que aconteceu com Manaus? Ou melhor, o que havia ocorrido com as pessoas de Manaus? Saí do prédio e fui caminhar nas redondezas. Vi, como sempre, comerciantes limpando seus estabelecimentos, o pessoal da Prefeitura fazendo o trabalho de assepsia das ruas, crianças aqui e ali, com os pais, indo para a escola. E, muita chuva. Mas, o ensurdecedor barulho do silêncio nas ruas em surpreendeu. Na verdade, era quase um clima de velório. Ninguém conversava, com ninguém. Nada. No café regional, um absoluto silêncio e todas as mesas lotadas. Custei a acreditar no que eu via, em plena Praça do Caranguejo, um “point” histórico e tradicional de Manaus, onde se irradia alegria e movimento. Mas, o que houve? E a chuva caía a cântaros. E, sempre havia movimento ali, mesmo com chuva. Mas, não naquela manhã de 3 de outubro. Faltava vida ! De repente, me veio uma ideia: o resultado das Eleições no dia anterior! Mas, será que isso foi motivo para a mudança brusca do estilo de comportamento do nosso povo? Fui para o trabalho e foi a mesma sensação: silêncio sepulcral. E muita chuva. Fui para a minha sala, ocupei a minha mesa e liguei as máquinas (Computador e Nobreak). Acessei os sistemas e a vida seguiu. Ninguém, absolutamente ninguém comentou os resultados do 1º turno das eleições. E eu estava querendo saber, pois não havia visto e nem ouvido nada a respeito. Não sou alienado, mas tenho mais o que fazer do que ficar pregado na frente de uma TV, ou pendurado em um smartphone. E, no domingo, após votar, fiquei cuidando das minhas coisas e o tempo foi passando. Mas, após o almoço do dia 3 de outubro, pelo menos no meu trabalho, as pessoas voltaram ao mundo real e reiniciaram a convivência social. Os temas eram orbitais à política, mas, as conversas eram controladas e me pareceu que cada um media as palavras, para evitar brigas. Essa situação eu já havia identificado anteriormente: ninguém “torcia” pelo candidato A, B, C, D ou E, nas ruas. A não ser o pessoal militante. Mas, o pessoal evitava abordar preferências políticas nos bares e nos locais públicos. Se isso fosse fruto da boa educação, apenas, seria motivo de júbilo. Mas, apesar de ser uma atitude louvável, essa “paz” era puro fruto do medo de briga. Bem, o fim justifica os meios. Então, evitar briga é um sinal de sensibilidade adequada ao momento. E é uma excelente opção social. E a chuva continuou, todo o dia 3 de outubro. Que bom !